08 abr “Bem feito”!
(Esse texto é uma resposta ao escrito no Jornal de Uberada de 6 de abril *).
O Brasil é um país onde a educação, que deveria ser direito básico de todo brasileiro, é cobrada. E sai caro. E não é para todos. Sou uma dessas cidadãs brasileiras que pode se considerar parte da “nata”: formei no ensino fundamental e médio, tenho diploma de ensino superior e agora faço uma pós-graduação. Numa gama de 180 milhões de pessoas, isso – que é o mínimo que eu deveria fazer para conquistar um lugar ao sol – é considerado “luxo”.
E, apesar de ter só 23 anos, experiência ínfima perante aqueles que viveram anos e anos de carreira jornalística, sei reconhecer um lixo quando o vejo. Independente de ser escrito por alguém que acabou de entrar na faculdade ou alguém que tem séculos de redação, de correria, de deadline, etc. E falo com convicção que o texto do “jornalista” Walter Farnesi é um lixo.
A imprensa mineira me decepciona muito, em vários aspectos, em várias áreas. Sinto que somos todos amordaçados por uma “força estranha”, maior do que a profissão, andando no lado errado, da contramão, da censura, e que não se fazem, nesse estado, jornalistas como antigamente. Mas o que mais me decepciona é saber que faço parte da menor fatia do bolo, que paguei caro para ser jornalista, e ver uma pessoa como esta se intitulando jornalista e, pior, sendo editor-chefe do Jornal de Uberaba.
Com todo respeito ao povo mineiro e aguerrido do Triângulo Mineiro, mas vocês estão se contentando com muito pouco. Esse senhor Walter Farnesi é, para mim, uma vergonha sem tamanho dentro da minha profissão. Nunca li outros artigos desse “editor-chefe”, mas, pelo único que tive o desprazer de ler, posso sentir que se trata de alguém que não sabe usar um veículo de comunicação como deveria.
Porque, é claro, além de falar pelos cotovelos sobre coisas que ele nem sequer tem noção do que é acerca do time do Cruzeiro – nossa competência, vontade e garra – ainda escreve um tanto de asneiras sem citar fonte ou provas concretas. Isso é ludibriar o leitor. O “jornalista” desfiou denúncias infundadas (pode me provar o contrário, se houver provas) sobre diretores, esquemas de favorecimento a Cruzeiro e Atlético-MG com a Federação Mineira de Futebol, envolvendo arbitragem e formação de tabela, e ainda teve a capacidade de enfiar no meio desse samba do crioulo doido a Rede Globo. Anos e anos de jornalismo e ele não aprendeu que ele não é ninguém diante da “toda poderosa”? Menos, Batista.
O título da “coluna” dele é “Bem Feito”. Ironicamente, foram as duas únicas palavras no texto inteiro que ele empregou de forma correta. Bem Feito, senhor Walter Farnesi, por ser o senhor mesmo vítima do próprio veneno, da própria incompetência. Novamente, com o devido respeito ao veículo “Jornal de Uberaba”, se estiverem precisando de pessoas dignas de serem chamadas jornalistas, de ostentarem o registro da profissão, e que vão honrar não só a sanidade do jornal, como também o reconhecimento público e, principalmente, a integridade moral do veículo, tenho várias ótimas pessoas a indicar.
É triste, para nós, da classe jornalística, relembrar a história da profissão e ver que tantos foram calados, torturados, censurados durante anos a fio nesse país para que, anos mais tarde, cagadas como essa fossem feitas. É ridículo pensar que a imprensa brasileira advém desse tipo de pessoa, que fala o que quer só para fazer uma pose bonita na era digital. Cabe a nós, mineiros, cruzeirenses, atleticanos, americanos ou torcedores do Zebu, entendermos a importância de uma imprensa séria, comprometida com a verdade e com o serviço ao povo. Nós temos o direito supremo de não precisar agüentar palavras soltas em um pedaço de papel que não daria nem para enrolar cocô de cachorro.
Como diria Machado de Assis, “as coisas valem pelas ideias que sugerem”. Pois as suas ideias, senhor Walter Farnesi, não valem nada. Bem feito.
* Link da materia publicada no Jornal de Uberada de 6 de abril: http://www.jornaldeuberaba.com.br/?MENU=CadernoA&SUBMENU=Opiniao&CODIGO=36111