Passado aponta caminho para reconquistar títulos


O primeiro mandato do hoje senador Zezé Perrella à frente do Cruzeiro teve início em 1995. O ano anterior foi terrível para a raposa. Já sem o fenômeno – naquela época ele era o único, e por isso, para mim, verdadeiro Ronaldinho , o resto é invenção  – que foi negociado após a Copa do Mundo  , o time Celeste fez uma das piores campanhas do clube na historia do Campeonato Brasileiro. Escapamos do rebaixamento na última rodada, ganhando do União São João de Araras (menores de 25 já ouviram falar desse time?), no interior paulista, por três a dois, com gol de uma franga, ídolo da massa de manobra, Toninho Cerezo!

Em 1994 o Cruzeiro teve a capacidade de perder para o Remo três vezes!!! E não parou por aí não. Perdeu para quase todos os times que enfrentou, a exceção é o próprio time de Araras. Nesta lista ainda tem Náutico, Criciúma, Bragantino, Bahia e Guarani/SP. Naquele elenco que quase rebaixou o Cruzeiro, além do ídolo da massa de manobra, tinha Dida, Zelão, Ademir, Macalé e Roberto Gaúcho.

Com o fracasso do ano anterior o senador, que de bobo não tem nada, sabia que para ter tranquilidade na sua gestão deveria reformular o elenco e buscar títulos. Mas seu antecessor, Cesar Masci, não deixou o clube tão bem como ele desejava. Nada que o impedisse de planejar um projeto e buscar alternativas para implanta-lo. Perrella numa ótima negociação com Flamengo trocou o meia Cleison por dois jogadores do time carioca, o volante Fabinho e o zagueiro Gelson. Vieram também o lateral Paulo Roberto , Paulinho McLaren e o ídolo Marcelo Ramos. E mesmo com todos os reforços o ano não foi tão tranquilo.

Em 1995 o Cruzeiro foi treinado por Antônio Lopes por oito jogos. Sob seu comando foram três vitórias, dois empates e três derrotas, de 22 de janeiro a 25 de fevereiro. Depois assumiu Carlos Alberto Silva, que ficou no cargo de 3 de março a 24 de maio somando dez vitórias, seis empates e três derrotas, conquistando o título de Campeão da Copa Máster da Supercopa de 1995. Em 31 de maio o saudoso Ênio Andrade, técnico que tinha a cara do Cruzeiro, estreou e permaneceu no cargo até 15 de novembro com 14 vitórias, seis empates e nove derrotas. Com ele o time Celeste conquistou o título da Copa Ouro. Depois veio Jair Pereira que ficou no clube de 19 de novembro a 10 de dezembro, sendo substituído por Levir Culpi na temporada de 1996. Jair comandou o Cruzeiro em oito jogos em 1995 que resultaram em três vitórias, dois empates e três derrotas. O Cruzeiro naquele ano ficou em terceiro lugar no Campeonato Mineiro e quarto no Brasileiro. Foi eliminado na Super Copa nas Semifinais e também na Copa do Brasil pelo Flamengo.

Porém em 1996 os resultados do inicio do trabalho do novo presidente celeste começaram a aparecer. Com a base montada no ano anterior o Maior de Minas conquistou a Copa do Brasil numa disputa emocionante contra o Palmeiras, dentro da casa do adversário. E em 1997 veio a Copa Libertadores da América, ainda que no Campeonato Brasileiro daquele ano tivesse passado outro sufoco para permanecer na elite do país.

Esse resumo sobre o recente passado do Cruzeiro é para comparar com o atual momento do time. Tudo muito parecido. Acredito que a única diferença entre os dois inícios de trabalho foi o começo da reformulação. Neste ano Gilvan perdeu seus primeiros cinco meses de trabalho mantendo Mancini e Dimas Fonseca. O que Alexandre Mattos faz hoje, dispensando quem não deveria ter sido contrato, e tentando qualificar o elenco, está atrasado. Celso Roth não é um excelente técnico, mas chegou ao clube uma semana antes da competição nacional. Tudo feito agora é na base da experiência e qualidade técnica de cada um, porque para ter o mínimo de entrosamento entre os jogadores, leva tempo.

Particularmente, não gosto do estilo do atual time do Cruzeiro, tão pouco acho que temos um ótimo grupo, sobra massa muscular e falta cérebro. Também tem muito jogador ruim que deve fazer as malas, deixar o clube, e encher a boca para falar com amigos e familiares que jogou num grande clube. Mas não é por isso que acho que o Cruzeiro brigará novamente para não cair. Penso que o time é para meio de tabela, mas torcerei, muito, para esse grupo conseguir uma vaga na Libertadores.

O certo é que com time bem ou mal eu e a equipe do Guerreiro dos Gramados sempre apoiaremos o Cruzeiro. Mas não confundam apoio com omissão. As cornetas não vão parar de tocar neste espaço quando vermos algo de errado. E ao jogador que não aguenta a pressão, digo: pede pra sair!!!