26 dez Os Dez Jogos do Ano: 7º: Cruzeiro 3 X 0 Estudiantes (Libertadores 1ª rodada)
Salve nação celeste! Mais um dia de retrospectiva aqui no GDG. Pela primeira vez, lembraremos de uma partida da Libertadores que, com certeza, propiciou uma série de grandes emoções neste ano. E o primeiro jogo a entrar na lista é a estreia do Cruzeiro na competição contra o Estudiantes na primeira fase da competição.
Cruzeiro 3 X 0 Estudiantes (O cartão de visitas do Gladiador)
A estreia do Cruzeiro na Libertadores 2009 foi justamente contra o adversário que o clube voltaria a enfrentar em uma final, mas naquele instante, pouco se sabia sobre o Estudiantes. Desde que havia começado o ano, a única notícia relevante que circulava em Minas sobre o clube argentino era a do amistoso entre a equipe argentina e o Corinthians em São Paulo que terminou com uma goleada de 5 a 1 para os paulistas. A expectativa no Mineirão era que o Cruzeiro também encontrasse facilidade e saísse de campo com uma tranquila vitória.
Todavia, o jogo esteve longe de ser tranquilo, embora o placar possa até enganar. A tensão começou mesmo antes da partida, já que Ramires não poderia atuar, pois cumpriria suspensão da expulsão na partida contra o Boca pela Libertadores 2008. O camisa 8 celeste era até aquele momento o principal destaque do time na temporada e sua ausência poderia ser sentida pela equipe. Pelo menos, era este o pensamento daqueles menos empolgados que temiam que a partida não tivesse a facilidade que se esperava.
A expectativa de dificuldades de alguns torcedores foi justamente o que se manifestou logo depois do apito inicial. No primeiro lance da partida, Wágner fez falta dura no meio-campo e mostrou a tônica da primeira etapa. O juiz Carlos Amarilla teve que ser enérgico e distribuiu sete cartões amarelos ainda no primeiro tempo, sendo quatro para atletas celestes e até os 30 minutos pouco se viu de perigo efetivo a meta de qualquer uma das equipes.
O cenário começou a mudar quando Wellington Paulista quase marcou aos 33 minutos. No lance seguinte, foi a vez de Thiago Ribeiro ameaçar a meta de Andújar. A pressão seguiu, mas o placar insistiu em permanecer inalterado até o fim da primeira etapa.
Naquele momento, ninguém mais imaginava que a partida seria fácil. A torcida seguiu cantando no intervalo, mas todos transpareciam em seus rostos e falas a preocupação com a possibilidade do Cruzeiro não conseguir a vitória. Na volta das equipes para o segundo tempo, a festa das arquibancadas foi ainda mais intensa, mas quem tomou o controle da partida foram os argentinos.
Aos 4 minutos, Henrique salvou um gol de Boselli, mas aos 12 minutos um verdadeiro milagre de Fabrício impediu que Salgueiro abrisse o placar para o Estudiantes depois que o jogador já havia driblado Fábio e deixado o goleiro celeste para trás. Aos 14 minutos, no entanto, o lance que mudou a partida aconteceu. Kléber foi chamado do banco por Adílson Batista e entrou no lugar de Thiago Ribeiro para fazer sua estreia com a camisa celeste.
Logo após a substituição, Wellington Paulista recebeu lançamento de Fernandinho na área e foi derrubado pelo zagueiro Re. O árbitro assinalou o penalty e aos 17 minutos Fernandinho abria o placar para o Cruzeiro, deslocando o goleiro Andújar na cobrança.
Na saída de bola, Adílson fez nova mexida colocando Jancarlos no lugar de Henrique e deslocando Jonathan para o meio-campo. O gol e a substituição abriam caminho para que o Estudiantes buscasse o empate, mas também ajudaram a abrir espaços na zaga argentina. E aos 23 minutos, o resultado desta combinação se viu transformar no segundo gol do Cruzeiro na partida, quando Kléber recebeu na entrada da área, tocou para Wellington Paulista e invadiu o canto direito da área argentina, onde recebeu novamente a bola e fez 2 a 0 para o Cruzeiro.
O jogador saiu em comemoração com os demais jogadores celestes. Era o seu primeiro gol com a camisa cruzeirense e logo na sua partida de estreia pelo clube. O gol, por sua vez, enervou a equipe argentina e abriu ainda mais espaço para novos ataques azuis.
Apenas 4 minutos depois, o armador Verón errou passe bobo no meio-de-campo e tocou nos pés de Marquinhos Paraná. O volante lançou Wellington Paulista que acertou nova assistência para Kléber na entrada da área fazer o terceiro gol do Cruzeiro e o segundo dele na partida. A explosão da torcida com o atacante foi tanta que o jogador partiu em direção as arquibancadas tirando a camisa e terminou recebendo o cartão amarelo. Na saída de bola, Kléber ainda acertaria Verón e, com novo amarelo, seria expulso apenas 15 minutos depois da sua entrada.
O time, no entanto, já não precisava da presença de Kléber que já tinha feito sua parte. Agora era só impedir que os argentinos chegassem próximos a meta de Fábio e Adílson garantiu ainda mais estabilidade defensiva ao lançar Elicarlos no lugar do cansado Fabrício. Assim, a partida seguiu até o apito final e o Cruzeiro mostrava que não estava na Libertadores apenas para fazer figuração.
Ficha técnica: Cruzeiro 3 X 0 Estudiantes
Motivo: Libertadores 1ª rodada da 1ª fase
Árbitro: Carlos Amarilla (PAR)
Cruzeiro: Fábio; Jonathan, Leonardo Silva, Thiago Heleno e Fernandinho; Fabrício (Elicarlos), Henrique (Jancarlos), Marquinhos Paraná e Wagner; Thiago Ribeiro (Kléber) e Wellington Paulista. Téc: Adílson Batista.
Estudiantes: Andújar; Angeleri, Desábato, Cellay e Germán Re (Sanchez Prette), Perez (Fernandez), Braña, Verón e Benítez; Salgueiro e Boselli (Calderón). Téc: Leonardo Astrada.
Gols: Fernandinho aos 17 minutos e Kléber aos 23 e 27 do segundo tempo.
Razões para se lembrar da partida:
1º) A raça dos jogadores durante a partida. O time não se intimidou com as pancadas argentinas e muitas vezes pagou até na mesma moeda. A equipe se impôs e não permitiu que os argentinos em momento algum se sentissem a vontade no Mineirão, ao contrário do que aconteceria na final…
2º) A atuação de Kléber logo em sua primeira partida. O jogador correspondeu a expectativa e em 15 minutos já fazia a torcida ecoar nas arquibancadas um grito bastante comum neste ano. “Ô,Ô,Ô, Kléber Guerreiro! O Gladiador, artilheiro do Cruzeiro”.
3º) A parceria entre Wellington Paulista e Kléber esteve em uma de suas noites mais inspiradas. Se Kléber fez dois gols, Wellington também foi decisivo, sofrendo o pênalti que originou o primeiro gol e dando duas assistências para os gols de Kléber.