
07 dez Os deuses devem estar loucos: Parte 2009
Nelson Rodrigues, tricolor (carioca) de coração, costumava falar em suas crônicas de um tal Sobrenatural de Almeida, entidade que ia ao campo para avacalhar (ou ajudar, dependendo do ponto de vista) os times brasileiros. 2009 mostrou que estamos longe de conhecer a cara do encapuzado fantasma , mas já sabemos do que ele é capaz. Para mim, este ano sagrou Rodrigues como o profeta das quatro linhas.
Sobrenatural de Almeida é mesmo um danadinho. Brincou com a cara de muita gente. E os deuses do futebol?! Ficaram LOUCOS este ano! Devem estar todos descansando em um spa agora, porque zoar com a nossa cara deve ter cansado a beleza deles. Para começar: Atlético Mineiro liderando o Campeonato Brasileiro com chance de vaga na Libertadores e PIOR: chance de título. Desde quando?! A última vez que essa chance aconteceu tão clara foi em 2006 com um título iminente e bastante merecedor para galera do outro lado. Foi a primeira zoação do Sobre e dos deuses amigos do cara.
Depois, me vem Cruzeiro máquina, ganhando tudo e dando show, perder no último jogo da Libertadores por causa de macumba de recalcado. Nada me convence do contrário. A única explicação é tão essa que pudemos ver na última rodada que os deuses do futebol se redimiram perante a zica forte que os outros jogaram na gente, e decidiram, eles próprios, nos dar a segunda chance para o tri das Américas.
Flamengo, que figurava lindo na zona de rebaixamento no primeiro turno, foi campeão por competência e merecimento. Inter, bravo, lutou até o fim, apesar dos tropeços. São Paulo ficou em terceiro – e chegou a esse lugar, novamente, mais por incompetência dos demais do que por consistência da própria equipe. E nosso Cruzeiro, cuja imagem resplandece nos quatro cantos desse mundo e no nosso hino nacional brasileiro, surgiu heroico, querido e guerreiro no lugar que é seu de direito: a zona da Libertadores.
E como se fosse pouco, os deuses do futebol pediram para Almeidinha entrar na Vila Belmiro e injetar ar ao último suspiro de desespero da nossa apaixonada torcida, antes que pudéssemos conhecer a redenção. Redenção essa que, por destino, obstinação, sorte ou simplesmente acaso, veio dos pés daquele por quem mais brigamos, depois com quem mais brigamos, e agora com quem estamos prestes a selar a paz tal almejada pelos dois lados: Kleber, tirando o Palmeiras da competição continental. É hora de, definitivamente, pedirmos desculpas a ele, e aceitarmos o perdão que um dia (discretamente) ele pediu. Estando entre dois amores, ele nos escolheu. O gol salvador foi a prova de que os erros ficaram no passado.
E o próximo ano é de luta, consagração. Os deuses nos deram a segunda chance. Não vamos desperdiça-la! Vamos atrás daquilo que é nosso, vamos fazer as cinco estrelas do nosso peito brilharem ainda mais por um único motivo óbvio: NÓS MERECEMOS. No fim, os atleticanos, plagiando Nelson Rodrigues, até estavam certos: toda arrogância foi castigada. Kalil e companhia, estão me ouvindo?
Terminado o ano, só tenho que agradecer a todo o plantel, ao técnico, equipe técnica, funcionários da Toca e a essa nossa imensa torcida LINDA, que merece cada sorriso que venha a estampar nosso rosto orgulhoso. Como diz aquela música do Zeca Pagodinho, “eu não teria chegado sozinho a lugar nenhum se não fosse você”. Se o Cruzeiro fosse uma pessoa, seria isso que nos diria agora.
Vamos com o pé direito para 2010, o ano em que os deuses do futebol devem ficar mais loucos ainda por causa da Copa. Mas, dessa vez, sem peripécias do Sobrenatural de Almeida. Nelson Rodrigues sorri feliz pelo seu Fluminense, onde quer que esteja. O dever de seu personagem foi cumprido. Do seu time, em meio a milagres, idem. Vamos sorrir felizes porque, graças ao encapuzado fantasma, o fantasma de Vanderlei Luxemburgo, finalmente, e na hora certa, desapareceu das nossas vidas.
E para não passar em branco: alô, torcida do Flamengo! AQUELE ABRAÇO!
Vamos torcer sempre com muita paz e esportiva. O Brasil é nosso, independente da cor da nossa camisa. Parabéns aos Libertinos e, àqueles que caíram, fica o ensinamento do grande Raul: “não digam que a canção está perdida. Tenham fé em Deus, tenham fé na vida. Tentem outra vez!”. Bora para o ano que vem com muita paz, amor e futebol.
Que assim seja. Amém!