Os 10 acertos do Cruzeiro no Brasileirão 2010


Salve nação celeste! Semana passada apontamos aqui no site Guerreiro dos Gramados as 10 falhas do Cruzeiro que custaram o tricampeonato brasileiro ao clube. Detalhes que foram cruciais para que o título nacional escapasse  por nossos dedos.

Por outro lado, uma campanha que termina com um vice-campeonato e apenas 2 pontos de diferença para o campeão não pode ser realizada apenas com falhas não é mesmo? E reconhecendo isso é necessário apontar também o que deu certo no Cruzeiro no Brasileirão 2010.

O objetivo aqui é destacar os acertos do time celeste durante a disputa do Brasileirão e mostrar o que tem que ser mantido para que a temporada de 2011 possa ser ainda melhor do que essa e coroada com títulos que este ano nos escaparam pelos dedos.

1) Contratação de Cuca

José Pekerman, Tite, Felipão, Parreira… Vários técnicos foram cogitados e até mesmo contactados pela diretoria do Cruzeiro para treinar a equipe celeste logo após a queda do técnico Adílson Batista. O escolhido, porém, foi o técnico Cuca que nem de longe era a opção preferida da torcida cinco estrelas.

Cuca, no entanto, mostrou-se melhor do que se imaginava. Resgatou a ofensividade da equipe escalando dois meias na maior parte das partidas e acertou uma zaga que era o grande problema da equipe há anos.

Seu aproveitamento de pontos foi espetacular e, inclusive, superior ao do campeão Fluminense, mas os pontos perdidos no início do campeonato nos custaram o campeonato. Cuca, porém, provou ser uma escolha acertada e tem agora a missão de melhorar ainda mais a equipe em 2011.

2) Força contra os graúdos

Dos 10 primeiros colocados do Brasileirão o Cruzeiro só não venceu 3 deles (Grêmio, Santos e São Paulo). Por outro lado, 4 deles não conseguiram vencer o Cruzeiro nenhuma vez (Atlético-PR, Botafogo, Internacional e Palmeiras) e 2 sequer roubaram 1 pontinho do Cruzeiro (Internacional e Palmeiras).

Atuando em seus domínios o desempenho do time celeste contra as principais equipes do campeonato foi muito bom. Em 9 jogos foram 5 vitórias, 3 empates e apenas 1 derrota, desempenho superior ao contra os 10 últimos (6 vitórias, 2 empates e 2 derrotas).

O Cruzeiro não se intimidou enfrentando as melhores equipes do país e teve um desempenho satisfatório contra os principais concorrentes no campeonato. Poderia ter sido melhor, mas a arbitragem atrapalhou contra o Santos, Botafogo, Corinthians e Grêmio quando o Cruzeiro jogou fora de casa.

3) Contratação de Montillo

O Cruzeiro foi eliminado na Libertadores e a diretoria anunciou que vinha um grande reforço para o clube. A diretoria não mediu esforços para fechar com Riquelme que, nitidamente, usou o interesse azul para se valorizar junto ao Boca.

A negociação se arrastava e a diretoria revelou que poderíamos ter que nos contentar com um outro argentino. O meia Wálter Montillo autor de um gol de cobertura contra o Flamengo na Copa Libertadores.

Riquelme não fechou e quem acabou vindo foi mesmo Montillo. O camisa 10 celeste chegou cheio de desconfiança, mas logo na estreia contra o São Paulo mostrou que valia a pena.

Montillo arrebentava a cada rodada enquanto Riquelme morava no departamento médico do Boca. Nosso argentino até caiu de produção durante o campeonato, mas recuperou o ritmo na reta final e foi crucial nas últimas vitórias que valeram o vice-campeonato. E o aparente tiro no escuro da diretoria se transformou na principal arma e esperança do Cruzeiro para 2011.

4) A força da defesa

Nos últimos anos a torcida do Cruzeiro se acostumou com as fracas atuações da zaga celeste. A base do time sempre se mantinha, mas com exceção de Leonardo Silva a zaga era o palco principal de mudanças.

A situação parecia que iria piorar com a lesão de Leonardo Silva antes da Copa do Mundo. A diretoria celeste se mexeu e trouxe Léo. Caçapa, Gil e Edcarlos melhoraram suas atuações e o desempenho da defesa azul melhorou consideravelmente.

O Cruzeiro terminou o campeonato com 38 gols sofridos, média de apenas 1 gol por jogo, e com a 2ª melhor defesa do campeonato. Cuca finalmente conseguiu acertar o setor mais criticado da equipe nos campeonatos anteriores.

5) O paredão Fábio

O que não faltou no Brasileirão foi equipe reclamando do seu camisa 1. o Flamengo penou com Marcelo Lomba e o Atlético-MG sofreu com Fábio Costa, Aranha e até o xodó Renan Ribeiro engoliu seus frangos.

As falhas dos arqueiros, porém, atingiu também os primeiros colocados do Brasileirão. Júlio César entregou a rapadura contra o Goiás e tirou o vice-campeonato do Corinthians. O campeão Fluminense alterou Rafael e Fernando Henrique na frente até dar a camisa 1 para Ricardo Berna. Realmente, achar um goleiro de confiança não é tarefa fácil.

Deste problema o cruzeirense não tem direito de reclamar. Fábio foi soberano no brasileiro deste ano. Pegou pênaltis, garantiu vitórias, evitou goleadas… Fábio fez tudo que se espera de um goleiro e mais um pouco.

Os tantos prêmios recebidos por Fábio após a competição só reforçaram o que o cruzeirense se acostumou a ver quando necessário. A capacidade inquestionável do nosso goleiro. Só um certo Mano Menezes que ainda não percebeu…

6) Postura fora de casa

Um dos principais trunfos da boa campanha do Cruzeiro em 2010 foi a postura assumida pelo time celeste quando atuava fora de casa.

O Cruzeiro jamais se intimidou ao enfrentar os rivais no campo adversário. Nenhuma equipe conseguiu alcançar a marca de 9 vitórias como visitante atingida pelo Cruzeiro. E poderia ter sido bem mais não fossem as arbitragens caseiras em vários dos jogos que o Cruzeiro fez longe de Belo Horizonte.

7) União do Grupo

Nas últimas semanas circulou no Twitter uma foto do casamento do zagueiro Leonardo Silva. Nada menos do que 14 jogadores do elenco celeste carregavam Leonardo no colo em uma típica foto de amigos na celebração do casamento de alguém da turma. Até mesmo o tímido Montillo aparece sorridente na foto.

Foto combinada? Difícil, principalmente pensando que um casamento não é o lugar ideal para um clube impôr que seus jogadores simulem uma amizade. A união na imagem transborda e é possível ver a irmandade do grupo celeste naquele momento.

Para qualquer atividade em grupo a união é aspecto fundamental. Neste Brasileirão várias equipes se perderam por disputas de egos e nós nos acostumamos a ouvir a maior parte dos nossos reservas aceitar a situação. Mérito de Cuca que soube manter todos unidos e motivados a ponto de Sebastián Prediger, que sequer entrou em campo, dizer que deseja se reapresentar ao clube para a próxima temporada. Em um bom ambiente, todo mundo quer trabalhar.

8) O polivalente Thiago Ribeiro

Desde que surgiu no São Paulo Thiago Ribeiro era considerado um atacante para jogar pelas pontas. Tendo a habilidade como principal característica e sendo um jogador veloz, Thiago não precisaria marcar gols, mas apenas atrair a marcação e abrir espaço para o companheiro de ataque.

O ano de 2010, no entanto, mostrou um Thiago Ribeiro diferente. Thiago foi artilheiro da Libertadores e mostrou que poderia ser um homem gol. Ganhou confiança da torcida, mas seguiu não tendo a finalização como seu forte, apesar dos frequentes gols.

No Brasileirão Thiago Ribeiro diminuiu o número de gols. Apenas 8. O suficiente, entretanto, para ser o artilheiro da equipe. Thiago também foi um dos principais assistentes do campeonato e concorreu merecidamente ao prêmio de melhor atacante no “Craques do Brasileirão”.

Parte da torcida ainda chia com os gols perdidos por Thiago, mas é inegável que este ano ele correspondeu. Se algo no ataque celeste deu certo neste Brasileirão o mérito tem que ser dado a ele.

9) O trio de ferro

Quando Cuca assumiu o Cruzeiro a formação com 3 volantes dos tempos de Adílson foi progressivamente sendo abandonada. Henrique e Fabrício foram os escolhidos para seguir como titulares enquanto Marquinhos Paraná caiu para reserva.

As constantes lesões de Fabrício e as eventuais suspensões de Henrique, no entanto, permitiram que Paraná fosse frequentemente titular. E se Fabrício e Henrique foram impecáveis atuando juntos, Paraná jamais deixou cair o nível quando entrou no time.

O futebol brasileiro tem se especializado em revelar volantes de qualidade nos últimos anos, mas poucos times tem a solidez do meio-campo celeste. Méritos do trio de ferro que desde 2008 vem cumprindo um ótimo papel e, o que é melhor, sem enferrujar.

10) O caldeirão Arena

No ano que o Cruzeiro perdeu sua casa a busca por um novo lar foi uma verdadeira angústia para torcida celeste. A Arena do Jacaré não agradou no início e os resultados no Ipatingão foram horríveis. O Parque do Sabiá parecia ser a solução, mas a ausência da torcida cobrou seu preço na partida contra o São Paulo.

O Cruzeiro ficou sem novas opções e chegou o momento de verificar qual era a melhor das que existiam. A diretoria deu um novo voto de confiança à Arena do Jacaré. E acertou em cheio.

O time celeste fez seus dois últimos jogos na Arena e venceu. Contra o Vasco, os gritos da arquibancada sufocaram os cariocas e o Cruzeiro deu show. Contra o Palmeiras, a torcida empurrou o time para virada que fez com que a temporada terminasse em festa.

Ao todo foram apenas 5 jogos na Arena do Jacaré, sendo que 1 foi apenas com a torcida do Atlético-MG. O retrospecto de 4 vitórias e 1 empate, no entanto, é de fazer o Mineirão ficar com o inveja.

O Cruzeiro rodou, rodou, mas encontrou seu lugar. Tanto que trabalha para poder jogar a Libertadores em Sete Lagoas. A torcida e o estádio deram liga e a Arena se transformou em um verdadeiro caldeirão. Que siga assim em 2011!