15 fev O Independência “por baixo dos panos”
O novo estádio nem foi inaugurado, e já existe polêmica sobre a administração dos ingressos. Antes de ser ilegal, esta manobra é uma verdadeira falta de ética e de justiça. Peço uma breve licença aos cruzeirenses que me acompanham aqui no Guerreiro dos Gramados. O Independência não é do Cruzeiro, ainda não foi reinaugurado, e já está envolvido em novos problemas.
Por isto o foco desta coluna foge um pouco do meu normal.
Alguns jornais e revistas de Minas Gerais anunciaram um contrato envolvendo o Atlético-MG e a empresa BWA, referente à administração do Independência. Em linhas gerais, o time alvinegro não precisaria pagar nada nas partidas com seu mando de campo. Nas partidas de outros times – inclusive o Cruzeiro – seria cobrado um preço pelo aluguel do espaço.
Dito isto, pesquisei na internet e achei o Edital da licitação, bem como o modelo de Contrato que seria assinado pela empresa vencedora.
Como nem todo mundo entende o “juridiquês”, vou falar de uma forma bem clara: realmente, segundo o Edital, não poderá participar da licitação qualquer empresa que tenha, como administrador ou sócio, alguém envolvido com o futebol, como por exemplo o cargo de dirigente ou de conselho deliberativo. Isto está na cláusula 5.7.6 (clique aqui para ter acesso ao documento).
Entretanto, existe uma “brecha” neste texto. Não podem participar da licitação administradores ou sócios envolvidos com futebol, mas, na época em que ocorreu o processo da licitação, provavelmente a BWA participou sozinha, ou associada com outra empresa, mas sem parceria com o Atlético-MG.
Esse clube e aquela empresa de ingressos assinaram seu contrato somente depois da licitação e, neste contrato, o Atlético-MG não deve ser “o administrador ou o sócio” da BWA, e vice-versa. Um não seria nada do outro, apenas “parceiros”.
Então estaria tudo certo?
Não, meus caros. DE JEITO NENHUM.
Primeiro, como o próprio título da coluna diz, é uma negociação feita no melhor estilo “por debaixo dos panos”. Somente agora, nas vésperas da inauguração do estádio, aparece a verdade dos fatos. Ou vocês acham mesmo que as conversas entre o clube e a empresa de ingressos começou apenas em dezembro? Claro que não, isto já devia estar sendo negociado antes.
Além disto, segundo um dos jornais de Minas Gerais, o presidente do Atlético-MG declarou que “não se lembra” do assunto, mas o contrato tem sua assinatura. Discurso típico de político, que assina as coisas e depois alega que esqueceu. Apenas lembrando, segundo a lei, assinar um contrato significa “leio, entendo e concordo com tudo o que está escrito”.
Vejamos também o lado prático da negociação. O preço do “aluguel do estádio para outros times” será fixado pelo clube e a empresa de ingressos. Ora, mas o Atlético-MG é “o maior rival do Cruzeiro”. E vocês acham mesmo que eles vão cobrar “um preço justo e razoável” para todos os que quiserem alugar o estádio? Quem acredita nisto deve acreditar em duendes, em Papai Noel ou em Coelhinho da Páscoa.
O que vai acontecer é totalmente diferente: conhecendo bem o “jeito de ser” do Alexandre Kalil, ele vai é fazer de tudo para dificultar o acesso do Cruzeiro ao Independência. Vai colocar o preço que quiser, vai tirar vantagem com a imprensa e com a sua torcida – únicas coisas que ele sabe fazer como presidente de clube.
Ele vai continuar fazendo de tudo para prejudicar o nosso time, nas áreas onde ele pensa que consegue algum resultado. Afinal, ele não consegue montar um time que seja campeão de verdade, e na única chance que ele teve de rebaixar o Cruzeiro para a Segunda Divisão, tomou um sacode de 6×1 – e não adianta falar que “foi comprado”, porque se foi mesmo, só piora as coisas, mostra que o Atlético-MG aceitou dinheiro para perder e se envergonhar.
Não estou nem aí com os negócios do Atlético-MG. Se eles quiserem fazer contratos com o Papa Bento XVI, com a Presidente Dilma Rousseff, com o Taleban ou quem quer que seja, pode ir.
Mas negociar a administração e a utilização de um estádio em Belo Horizonte, bem como os preços a serem cobrados, com uma empresa que venceu uma licitação, da forma como está sendo feita, é um dos maiores absurdos do ponto de vista da ética e da justiça que já vi na história recente.
Apenas para demonstrar minha linha de raciocínio, lembro um detalhe importante, para todos pensarem: se o Cruzeiro estivesse procurando o Atlético-MG para disputar partidas em um estádio que fosse do próprio time alvinegro, claro que eles poderiam cobrar o preço que quisessem. O estádio seria deles, ora bolas!!!
O contrário também seria verdade – se eles procurassem o Cruzeiro querendo jogar em um campo nosso, a gente cobraria qualquer preço, porque quem comanda o preço é o dono, e ponto final.
Espero que o departamento jurídico do Cruzeiro tome as medidas cabíveis contra o caso – mesmo que isto provoque a paralisação – mais uma – da inauguração do estádio.
Está aberta a discussão.
Abraços a todos.
Nota final: o destaque mais positivo da vitória de 3×0 sobre o Tupi, no domingo, foi a saída – mais do que justa e merecida – do Dimas Fonseca do cargo de Diretor de Futebol. Ao longo de sua “gestão” ele mostrou que não entende nada, mas nada mesmo, do mundo da bola, tanto no gerenciamento de um grupo de jogadores, quanto na montagem do elenco, cometendo erros em cima de erros.
Dimas Fonseca, não estou nem aí se você foi demitido, ou se foi você quem pediu pra sair. Também não conheço nada sobre sua vida pessoal, a não ser o fato de você ser um “apadrinhado” do Zezé Perrella que caiu de paraquedas no Cruzeiro. O fato é que você foi um verdadeiro desastre, do início ao fim, de cabo a rabo, da raiz do cabelo até a sola do pé.
A sua saída é a primeira boa notícia para a torcida em 2012. E que os bons ventos voltem a soprar para os lados a Toca da Raposa, com a saída, mesmo que aos poucos, das pessoas negativas que infestavam o Cruzeiro.