
05 nov O grande repúdio dos mineiros
Sou uma jornalista mineira que, a partir de hoje, não compra e não lê mais o jornal Estado de Minas. Esse veículo, que se intitula “o grande jornal dos mineiros”, para mim, a partir de hoje, não passa de um jornaleco que de mineiro não tem nada.
Mineiro contesta. Mineiro argumenta com inteligência. Mineiro reconhece grandes feitos, e mineiro reconhece também quando erra.
Não sei se alguém aqui concorda comigo, mas nenhuma dessas afirmativas é sustentada pelo Estado de Minas. Aliás, por favor, mudem de nome. Que vergonha é ter a palavra “Minas” como um símbolo tão dispensável.
Muito se falou sobre a cobertura do jogo de despedida do Sorín, onde o único veículo que se sobressaiu foi a Rede Globo, que fez até um hotsite para a festa. Mas é o dia seguinte que está me matando.
Enquanto Alex Escobar mostrou os gols como fechamento das notícias de esporte do Bom Dia, Brasil, em rede nacional, enaltecendo a festa da torcida cruzeirense, o “grande” jornal dos “mineiros” deu uma notinha com uma foto que, dá licença, não fazia parte do contexto. O texto, completamente sem emoção, me deu vergonha. Quem cair de Marte agora na Terra e ler o EM de hoje não vai pensar que foi um jogo de despedida; nas linhas desse jornal, muito parece um joguinho de terceira divisão onde dois jogadores marcaram dois gols imprecisos. É muita falta de competência.
Como se o desapontamento já não fosse o ponto alto, o fiasco continua. Mude a página (se tiver comprado esse lixo) e veja uma página inteira com entrevista e perfil de Diego Tardelli, ao lado de outra página inteira (de praxe para os dois times) de notícias do Atlético-MG. Na semana passada, Carini foi o dono de uma página inteira, falando sempre mais do mesmo. Jogador do Cruzeiro? Bobagem.
Eu não tenho absolutamente nada contra a pessoa do Diego Tardelli, não torço por seu insucesso e nem o desejo nada de ruim. Para mim, ele não fede nem cheira. Mas que baita falta de respeito, hein, EM? Diego é artilheiro do campeonato brasileiro, é ídolo dos rivais, mas tem tantas outras semanas pra falar sobre o que ele bem entender! Por que não dar este espaço e perfilar o ídolo Sorín, que não é mais jogador de futebol, a partir de hoje?
Façam um caderno especial sobre o Atlético-MG, um encarte diário. Não me importo. Mas vocês perderam todo o respeito que ainda restava da massa azul ao apagar Sorín dessa forma. Meus queridos jornalistinhas, deixem titia explicar a grandeza da noite de ontem: Juan Pablo Sorín é um nome tatuado na história do Cruzeiro há nove anos, e não há nove rodadas. É um ídolo de gerações, e não de situações de títulos. Como ficou bem claro, ele não precisa fazer nada dentro de campo (ou fora dele) para que continue sendo ídolo. Tem o amor e o respeito da torcida. É uma pena que não tenha esse respeito da imprensa mineira que, ironicamente, o próprio Sorín tanto prestigiou.
A partir de hoje, não compro e não leio mais o Estado de Minas e sugiro que, quem quiser, faça o mesmo. Isso não é ciuminho bobo, isso é fato, e contra fatos não existem argumentos. É uma vergonha ser jornalista por diploma em um estado com uma imprensa tão suja e tão vendida. E depois alguém ainda contesta o “padrão Globo de qualidade”.
Se acharem algum exemplar na rua, no entanto, levem pra casa. A época das muitas chuvas está batendo à nossa porta e ter jornal pra botar no chão molhado sempre ajuda. Enfim, pra alguma coisa, essa síntese de besteiras deve servir.