Nivelado por baixo


Enquanto muitos torcedores vão ao delírio com as piadinhas após o clássico, para isso o Atlético serve muito bem, apenas me deparo com a triste realidade do Maior de Minas. Afinal, aquele jogo não tinha nenhum valor, além dos três pontos, já que o time estava classificado para a segunda fase do Ruralito. E mesmo se tivesse perdido, o que valerá são os jogos das semifinais e finais. A vantagem? Não pode ser ignorada, mas também não garante título. Em 2007 a vantagem conquistada pela raposa na primeira fase foi por água abaixo com a derrota por 4 x 0 no primeiro jogo.

Não vou nem falar do técnico Vágner Mancini, porque acho que ele não é treinador para time grande, se bem que nesse jogo especificamente tenho que cumprimentá-lo por ser coerente com o que vem mostrando até agora, colocando o time em campo com os três atacantes.

O que me deixa preocupada para as demais competições que temos durante o ano, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, são as poucas opções no elenco celeste. Vejo muita cobrança em cima da zaga, mas não há zagueiro que jogue bem com laterais ruins e um meio de campo fraco, com volantes que sabem apenas fazer falta e tomar bola, sem qualidade no passe, o que atrapalha também o desempenho do craque da equipe.

Quando Roger joga, e temos que contar com sua boa vontade, já que nunca sabemos com qual espírito ele entrará, são criadas mais oportunidades de gol. Por isso acho que além de laterais o grupo precisa de mais um meia-armador ou um volante com qualidade no passe.

Sobre a atuação de Roger no clássico, já que ele foi o assunto do jogo, penso que está certo quando diz que o jogo não é jogado apenas dentro das quatro linhas, existe o jogo falado, o da catimba, que poucas pessoas conhecem e quem sabe tirar proveito dele, se sai bem. Nessa seara os argentinos e uruguaios dão aula. Mas alguns jogadores brazucas sabiam fazer isso com maestria, como Renato Gaúcho, Romário e Eder Aleixo. Ponto para Roger!

Mas não posso concordar com a agressão ao Danilinho! Principalmente quando é praticada por um jogar de qualidade acima da média que normalmente é caçado em campo. Nesse caso acho que a punição, antes de vir do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), deve partir da diretoria do clube. E não venham dizer que o jogador adversário agrediu Montillo no início do jogo e deveria ter sido expulso, porque um erro não justifica a outro. Não tem defesa.

Voltando ao clássico e o que ele representa. Penso que não serve de parâmetro para a evolução do Cruzeiro. Inclusive acho que a decadência celeste, e a escassez de títulos importantes há quase dez anos, é pela falta de concorrência e adversários em Minas Gerais. Empatar com o Atlético, um time limitadíssimo, que tem como ídolos Danilinho e Berola, apenas mostra a fragilidade cruzeirense.

Sempre admirei a minha torcida pela sua lucidez, mas nos últimos anos essa falta de referência de bom futebol em nosso estado e a valorização exagerada de vitórias em clássicos, na ausência de conquistas, vem trasformando o cruzeirense em um torcedor acomodado, para não dizer outra coisa, e o time em uma equipe comum.

Quero ver se o Cruzeiro disputará a decisão do Rural. Aí sim, não aceitarei nada além de vitórias! E podem me chamar de exigente. Sou mesmo, quero sempre ver um bom futebol apresentado em campo.

Fotos: Bruno Cantini/Reprodução SporTV