Não é futebol


Estamos aqui para falar de futebol, em especial do Cruzeiro, e tudo que o cerca. Mas hoje o Guerreiro dos Gramados abre uma exceção e também comenta o fatídico jogo entre San José x Corinthians. Por quê? Porque quem gosta de futebol, vai ao campo, viaja com o time, pode um dia ser a vítima, como aconteceu ontem com Kevin Douglas Beltrán Espada, um torcedor apaixonado do time boliviano, que viajou com a família para se divertir e vai voltar em um caixão. Triste!

A discussão hoje nas redes sociais e nos veículos de comunicação é sobre as possíveis punições que pode sofrer o time paulista, entre elas a exclusão da competição. Alguns defendem que o clube nada tem a ver com o comportamento da “Fiel torcida” e que o problema deve ser tratado no âmbito criminal, de acordo com a legislação boliviana. Outra ala defende sim a punição máxima ao Timão.

Recentemente a entidade criou o Código Disciplinar da competição, onde os clubes podem ser punidos pelo comportamento das torcidas, dentre essas possíveis punições estão: proibição de jogar em um estádio ou país, perda de pontos, exclusão da competição (atual ou futura), entre outras. Diante de tudo isso, acredito que se a Conmebol quer ganhar um pouco de credibilidade e respeito, já que a história mostra sua omissão diante de vários problemas nas competições organizadas por ela, essa é a hora.

Acho que os que acreditam que o clube nada tem a ver com o ocorrido devem refletir um pouco, afinal o Corinthians tem a segunda maior torcida do país e se beneficia, e muito, desse número. Beneficia-se também politicamente, quando facilita o acesso dos torcedores aos estádios, no Brasil ou fora do país, e nas dependências do clube, para conseguir apoio e votos nos assuntos do clube. Isso faz do Corinthians responsável também pelo fato. E se os dirigentes disponibilizarem advogados para defender seus torcedores, apenas evidencia ainda mais a relação com essas pessoas.

O bom seria a Conmebol seguir os exemplos da UEFA, que em 1985, diante do vandalismo causado por torcedores do Liverpool, time inglês, em uma final da Uefa Champions League contra a Juventus da Itália no Estádio do Heysol, na Bélgica, causando a morte de 38 torcedores italianos. Naquele episódio a punição foi a suspensão dos times ingleses de competições européias por cinco anos. A reação dos britânicos foi de total desaprovação do ato de vandalismo, causando inclusive a manifestação pública da rainha Elizabeth II.

Até quando nós ficaremos arrumando desculpas para começar um movimento de mudança de comportamento de acabar com as mazelas que praticamos? No último dia 16 um torcedor do Náutico foi baleado na cabeça e está em estado grave no hospital. Recentemente vimos torcedores do rival serem condenados à prisão pela morte de um torcedor cruzeirense, mas outros torcedores, dos dois lados, já morem e não tiverem seus algozes punidos. O problema não é apenas do torcedor corintiano, brasileiro, sul americano ou europeu. A violência existe e o que devemos fazer é combatê-la, precisamos acabar com a impunidade.

Para mim o futebol é sinônimo de alegria, de encontrar os amigos para festejar, e como disse ontem o comandante do time alvinegro “o futebol não se vence a qualquer custo, o esporte tem outro sentido”.

Foto: g1.globo.com