
05 set Mineirão e Cruzeiro: duas histórias que se confundem
Salve China Azul!
No dia 05 de setembro de 1965, em uma partida entre Seleção Mineira e River Plate, era inaugurado o grandioso Estádio Governador Magalhães Pinto, conhecido popularmente como Mineirão. Ao longo desses 50 anos, foram construídas inúmeras histórias; dentre todas elas, uma se sobrepuja. É aqui, às margens da Lagoa da Pampulha, onde a imagem do Cruzeiro resplandeceu (e continua a resplandecer) para o mundo.
A construção do Gigante da Pampulha foi o divisor de águas, aquele fato que marca uma separação entre duas eras. O Cruzeiro, outrora Palestra Itália, deixou de ser o time das minorias, passando a ser um time popular em todas as classes. Já no primeiro campeonato oficial no estádio, o primeiro título: o Campeonato Mineiro de 1965. Mas o fato que marcaria para sempre a história celeste viria no ano seguinte.
Pouco mais de um ano após a inauguração, mas especificamente em 30 de novembro de 1966, o Cruzeiro entrava em clube com a tarefa de derrotar um dos maiores times da história do futebol: o Santos de Pelé. Com uma legião de jovens jogadores, um time praticamente desconhecido no cenário nacional faria o inimaginável. Só o primeiro tempo acabou com 5×0 a favor da equipe celeste; parecia um sonho, tanto para torcedores, quanto para quem estava em campo. No final, uma goleada indiscutível. A vitória por 6×2 só confirmou a tendência de crescimento da, até então, terceira força futebolística de Minas.
Aos poucos, a supremacia na denominada “Era Mineirão”, começou a dar as caras. Os primeiros cinco estaduais disputados no estádio foram vencidos pelo emergente Cruzeiro. Mas faltava um passo ainda maior: a conquista da América. E ela veio, com sobras, com méritos e muita consistência. Infelizmente, o jogo decisivo da Taça Libertadores de 1976 não foi no Mineirão, mas este mesmo estádio presenciou uma das maiores partidas da história do torneio. Trata-se do duelo entre o campeão e o vice do Brasileiro de 1975: Internacional contra Cruzeiro. Uma vitória maiúscula da equipe celeste; 5×4, eternizado, igualmente, na memória dos presentes.
No final do ano de 1976, Cruzeiro e Bayern se enfrentavam pela final do Mundial Interclubes. Contra a base da Alemanha, campeã do mundo de 1974, paramos nas mãos de Sepp Maier. O placar não saiu do zero, e como em Munique os alemães venceram, o título não veio. No meio de tantas glórias, uma pedra no caminho.
E não foi uma única pedra… A década de 80 chegou e, com ela, uma grave crise financeira. Um período de poucos títulos e de poucas boas memórias. Quem não se lembra, ou nunca ouviu falar, dos jogos nestes anos, em que a equipe já era vaiada no aquecimento? Se foi um período difícil, foi necessário. A nossa grandeza, mais uma vez, foi colocada à prova. E não falhamos.
Uma década de crise não nos abateu. Voltamos, nos anos 90, mais fortes do que antes. Quantos jogos memoráveis! Na Supercopa de 1991, precisávamos de três gols de diferença contra o River Plate para levantarmos mais uma importante taça. Dito e feito. A primeira Copa do Brasil, em 1993. Como não se lembrar da final da Libertadores de 1997? Foram 15 anos seguidos onde, pelo menos, uma taça era levantada dentro do Gigante da Pampulha.
Quem não tem uma boa história pra contar em uma partida em que esteve presente? Particularmente, a minha história se passou no dia 09 de julho do ano de 2000, quando Cruzeiro e São Paulo decidiam a Copa do Brasil. O que senti naquele momento é algo que tange o inexplicável. Da descrença, no gol de Marcelinho Paraíba, passando pela esperança, no gol de Fábio Júnior, até a euforia, naquela falta cobrada por Geovanni. Gol do título. Gol para a história.
Ah, 2003… O Mineirão foi o palco de mais um esquadrão que dominou o futebol brasileiro. Tríplice Coroa, feito único e, mais uma vez, gigante. Não se ia ao estádio para saber se o Cruzeiro venceria, mas sim, de quanto venceria. Nunca, uma equipe conquistou um Campeonato Brasileiro de forma tão dominante. Nunca, até 2013/2014.
Em um Mineirão de cara nova, tratamos de deixar a nossa marca logo no ano da reinauguração. Mais uma vez dominante, mais uma vez imbatível, mais uma vez imponente, mais uma vez campeão. Em 2014, repetimos a dose, exatamente da mesma forma. Foram temporadas de recordes quebrados e de um futebol de fazer brilhar os olhos, até mesmo daquele sujeito que viu o esquadrão de 1966.
O Cruzeiro e o Mineirão têm suas histórias intimamente entrelaçadas. Foi com ele e por meio dele que nasceu a tão temida La Bestia Negra, foi nele onde vivemos as nossas maiores glórias. Do anonimato em Minas Gerais ao protagonismo nacional. E hoje, passados 50 anos, somos gigantes. Graças ao Gigante.
O teu verdadeiro dono te saúda. Parabéns, Mineirão.
Por: Pedro Henrique Paraíso