Entre a consternação e a fé


Salve, China Azul!

Este texto não é um protesto, nem tampouco serve de incentivo. É um desabafo, no sentido mais real dessa palavra. Depois da derrota de ontem, depois das últimas derrotas, apenas me restam a consternação e a fé. Dois sentimentos muito distintos, que se misturam em meio à dificuldade de encontrar palavras que expliquem este momento.

Depois de mais uma fraca atuação, dessa vez com o time mesclado, ficou aquele clima pesado, aquela sensação de que parece que tudo vai desmoronar a qualquer momento. E não é por menos: o time está apático. Perder é algo natural do esporte, mas não lutar é inadmissível. Seja deficiência técnica, seja falta de motivação, seja má fase: nada consegue justificar o que tem acontecido com o Cruzeiro nesta temporada.

Os erros individuais se maximizaram, e a coletividade não é suficiente para cobri-los. Até a nossa postura tática, alvo dos elogios de todo o Brasil, tem sido ineficiente. O resultado de tudo isto é um time burocrático, sem criatividade e pouco inspirado. Os titulares estão mal, porém o time não muda; o esquema não funciona, porém o time não muda; não temos uma jogada trabalhada, porém o time não muda.

Não podemos isentar, é verdade, a falta de compromisso da diretoria com a torcida. Entendo a dificuldade em contratar, já que o mercado está bem complicado. Entretanto, a liberação da espinha dorsal da equipe, juntamente com a falta de evolução técnica visível no elenco, fizeram com que novas promessas de contratação fossem feitas. E nenhuma cumprida. A bronca não fica nem por esta ausência, mas pela criação da expectativa e consequente a frustração de todos nós, torcedores.

As nossas expectativas também subiram, é verdade. As duas últimas temporadas deixaram-nos mal acostumados. Não queremos apenas vencer, queremos ser os melhores em tudo. Além disso, nós, os torcedores celestes, temos o histórico de apoio ligado a um histórico de cobrança intenso. Claro que já passamos do ponto, mas sabem como é torcedor, não é?

Mas este mesmo torcedor que protesta, xinga e pede a cabeça até do massagista, estará no Mineirão na quarta, demonstrando todo o seu apoio. Não é questão de ‘apoio incondicional’, porque este papo é balela, é questão de amor mesmo. Eu posso odiar quem defende esta camisa, mas nunca vou deixar de amá-la. E quando o Cruzeiro estiver em campo contra o São Paulo, todos, desde aqueles que acreditam no título do Mundial de 2015, àqueles que acham que temos time apenas para brigar pela permanência na Série A, estarão unidos em uma só voz. Fazer o quê?

Precisamos de muito mais se quisermos sair com, pelo menos, um título nesta temporada. Entre consternação e fé, o amor fala acima de tudo. Entre a decepção do “não há evolução” e a expectativa do “se lembram de Geovanni, em 2000?”, estamos todos nós. Neste fogo cruzado, meu Cruzeiro, só me resta te apoiar até o apito final.

Por: Pedro Henrique Paraíso