E = MCruzeiro²


Existem certas coisas que não são contadas nos livros de história, mas a gente tem certeza que elas existiram. A verdade, por exemplo, de como Albert Einstein se deu conta de que precisava publicar algo sobre sua teoria mais famosa. Deve ter acordado no meio da noite, depois de um sonho maluco com três letrinhas  e o número “2” rodando em círculos pelo teto, tentando mordê-lo. 

Sentou-se na cabeceira da cama, virou um copinho com água e foi até a janela tomar um pouco de ar. Viu um festival de constelações naquela madrugada de 1905 e se concentrou, pensante, naquele conglomerado de cinco pontinhos brilhantes que insistiam em tomar seus olhos. Hipnotizado pela imponência daquelas estrelas, tomou um susto quando o nome daquilo que acabara de sonhar viera à sua mente: inspirado pelo Cruzeiro do Sul, que insiste em nos apontar o norte, chamaria a nova regra de “Teoria da Relatividade”.

Cento e cinco anos depois dessa noite mágica, nada poderia ser mais atual do que a aclamada teoria da relatividade, que nada mais é que a soma da relatividade restrita com a relatividade geral. Trocando em miúdos na frase mais famosa do mundo: tudo é relativo.

Jogar longe da gente, desse calor humano que aquece o Gigante toda vez que os guerreiros entram em campo para suar em bicas de sangue, é relativo. Serão poucos os anjos que, presencialmente, empurrarão nosso time para a vitória, mas o mundo inteiro respira o Cruzeiro e tudo o que ele traz de certo às teorias: é vencedor, é aguerrido, é campeão. É enérgico. É fatal. É relativo que estejamos, então, em número menor, porque, na verdade, em número menor nunca estaremos. Somos milhões de pontos brilhantes de inspiração, e nossos guerreiros sabem disso.

Ter uma vantagem em solo inimigo, hoje, é relativo. De que adianta ter vantagem se não apresentarmos o que temos de melhor? A batalha começa com onze de cada lado, e tudo pode acontecer. O melhor, o pior, o inválido, o inexorável. Poder perder por um gol de diferença é totalmente relativo se entrarmos em campo com a ideia de que podemos ganhar por um, dois, três gols a mais. Newton já dizia, em umas de suas três leis, que forças iguais, em sentidos opostos, se anulam. Que toda ação gera uma reação. A nossa reação a tudo de ruim que querem nos impetrar, através de falácias inimigas, é mostrar que a nossa força não se anula, pois pode – e deve – ser muito superior àquela que vem a nosso contrário. A nossa reação tem que ser a vitória.

E o tempo? Esse não poderia ser mais relativo. Como falaria Pato Fu, “sobre o tempo”, “ainda falta um pouco pra você correr macio”. Hoje, um minuto parece uma hora, e horas parecem décadas. Dias e noites passam à frente dos nossos olhos sem o céu mudar de cor, até porque azul é sua cor magna, e todos sabemos por quê. Ficou clichê falar que nesses dias o tempo teima em não passar, apesar de o mundo estar girando exatamente da mesma forma. Aí está a beleza da relatividade irrestrita (que Albert, ainda, não conhecia): nada muda, por fora, em dia de jogo do Cruzeiro; mas tudo muda dentro da gente quando esse evento acontece.

Me dizem que as leis da física é o que explicam o andamento de todas as coisas do mundo, e eu acredito. Nada poderia ser tão exato e relativo, ao mesmo tempo, quanto os números. Quanto as fórmulas. Que hoje nosso técnico não se inspire num professor de história em quadrinhos, e sim no maior dos professores, para criar a fórmula que nos fará conquistar mais um número. Um número que não é só um número. Um “3” que significa tanta coisa que, por um instante, a sua importância é tudo que não parece relativa no mundo. É exata. Indiscutível.

A historinha do primeiro parágrafo é tão verdade que a fórmula mais famosa de Einstein é E = mc2, sendo e = energia, m = massa e c = velocidade da luz no vácuo. C = velocidade na luz no vácuo?! Pura invencionice. C = Cruzeiro. A energia do mundo, portanto, depende do Cruzeiro e de sua massa, de sua torcida. A energia do mundo, hoje, depende da gente. Uma lei que vários físicos começaram e que eu pretendo terminar é do “por que o mundo gira”. O mundo gira para ver o Cruzeiro campeão. O mundo gira para ser alimentado pelo nosso amor, capaz de mover montanhas e fazer adversários mudarem de estádio. Essa é a maior certeza que essa quarta-feira de céu azul pode nos prover. O resto é, amarga e lindamente, relativo.

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Parabéns pra você
nessa data querida
muitas felicidades
muitos anos de vida
PARABÉNS, SORÍN!! E que a tua estrela nos ilumine para a sorte.