08 mar Dia 8 de março: liberdade é pouco!
O dia 8 de março, para muitos, é uma data de reflexão sobre movimentos sociais, feminismo e feminilidade. Para outras pessoas, é um marco “inútil”, pois o dia das mulheres são todos os dias (e nós adoramos ouvir isso!). A verdade é que, como disse outro dia um cara, “o tempo da história é o sempre”, e esse dia 8 existe para nos lembrar, sempre , que ainda há muita coisa a ser feita para mudar o mundo.
A cada ano que passa, a história fica ainda melhor. Não está completa (e talvez nunca esteja), mas a situação vai ficando favorável, e isso não é por mero acaso. É porque existimos e vamos à luta; não no intuito de ser melhor ou pior que alguém, mas porque aprendemos, através dos tempos, a procurar nosso espaço e ocupa-lo de forma consciente, competente e graciosa.
Hoje de madrugada, por exemplo, Kathryn Bigelow foi a primeira mulher a conquistar um Oscar na categoria de “Melhor Diretor” da festa do cinema. Poderia ficar aqui desfiando conquistas femininas tão importantes quanto essa, sócio, econômico e culturalmente. Mas vou dar uma olhada básica para nós mesmas, as meninas das arquibancadas, e para aquilo que conquistamos de mais precioso: o direito de sermos quem quisermos ser.
Não vamos longe, vamos na nossa própria geração. Há quinze, vinte anos atrás, mulher não ia ao estádio, porque lá era “lugar de homem”. Mulher não assistia futebol, não comentava, não opinava e muito menos trabalhava com isso, ou por isso. O esporte sempre teve sua graça, sua beleza. Mas nós, detentoras absolutas e naturais da graça e beleza, tínhamos que passar longe da bola e das quatro linhas.
O futebol nunca foi um esporte “masculino”, mas sempre um esporte machista. E, um dia, alguém acordou do lado certo da cama e resolveu enfrentar a realidade, dar a cara à tapa e invadir um espaço também nosso, por direito e democracia. Não sei quem foi (ou quem foram) essa pessoa, mas sou eternamente grata a ela por isso. Se, dentro das quatro linhas, ainda há muita restrição e preconceito, falta boa vontade e infra-estrutura, fora delas, nas arenas, a gente domina.
E, apesar de haver ainda muito a ser feito por nós e para nós, mulheres, nesse universo que continua machista, temos muito o que comemorar. Em troca de poder entrar nos estádios, poder conversar sobre o assunto em pé de igualdade com qualquer marmanjo e ser fanática por um time de futebol, damos a esse esporte a nossa sensibilidade e entusiasmo, que – com todo respeito a vocês, meninos – nenhum homem jamais seria capaz de passar. Desafio qualquer pessoa a dizer que o mundo era bem melhor quando as mulheres falavam só de novelas e receitas. Hoje, falamos de tudo – e falamos do que entendemos. A democracia chegou na grama, e a do vizinho já não é tão mais verde do que a nossa.
Nesse dia 8 de março dê um abraço especial naquela mulher guerreira que faz do dia a dia sua luta incansável por tudo em que ela acredita. Hoje deixo um especial abraço para aquelas que, vestindo ou não a mesma cor de manto que eu, andam junto comigo nessa estrada, acreditando que nossas palavras e atitudes possam mudar o mundo e colocar-nos no panteão dos deuses do futebol.
Além do agradecimento eterno à Marta e suas companheiras de seleção brasileira, e boleiras de todos os cantos desse país e do mundo, também gostaria de agradecer às mulheres que representam muito bem o “gênero” no mundo “oficial” do esporte, como Dimara Oliveira e Kellen Cristina. Meu agradecimento especial, porém, vai para as gurias que fazem ecoar nas ondas da Internet o seu grito de liberdade: Fernanda Arruda, Marília Faria, Nathália Mendes (Cruzeiro), Yule Bisetto (Corinthians), Vanessa Lima, Elen Campos (Atlético-MG), Thais Paradella (São Paulo) e as pratas da casa: Helena di Filippis, Débora Helena, Josiane Botelho, Larissa Reis e Viviane Fontes.
Meninas, nossa geração está na vanguarda de um movimento que é apenas um bebê nas linhas do tempo e da história. Nosso papel é abrir o caminho para aquelas que virão, e nos divertir um bocado no percurso. E peço humildemente que, juntas, não desistamos da luta, porque ela vale a pena.
E, para encerrar, cito Clarice Lispector em sua frase que mais representa o orgulho, a gana e a felicidade de ser mulher: “Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome”.
Vamos desejar tudo; pois tudo é o que conseguiremos.
Feliz 8 de março para todas as mulheres dos tantos mundos que criamos para viver. O meu é uma bola! :p
PS: espero todas vocês para comemorarmos o Dia da Mulher Cruzeirense hoje, no bar da Devassa (Av. Getúlio Vargas, 809), a partir de 18:30. Para mais informações contatem, via twitter, @lilamenini, @LigiaLolli ou @nandaarruda.
ATENÇÃO: “Promoção: Dia da Mulher Cruzeirense” foi prorrogada até 31/03/2010. PARTICIPE!!!