Depois da tempestade, o sol


A chuva que caiu ontem no Gigante foi crucial, tanto para amenizar o calor que enche Belo Horizonte de preguiça quanto para lavar a alma de quase 14 mil guerreiros. Para primeiro jogo do ano, o Cruzeiro bem que surpreendeu. Em outros estaduais, muitos grandes clubes estão passando aperto contra times sem muita expressão , com placares magros e muito pouco ritmo de jogo. No nosso estadual, a história foi bem diferente.

O Cruzeiro passeou na estreia, e, depois de um cochilo após o pênalti perdido de Kleber, a concentração que caiu sobre o grupo foi exemplar. Bastaram alguns minutos para que Diego carimbasse a trave e Thiago Riberry finalmente acertasse um. Primeiro gol de 2010, depois de uma atuação elogiada nos amistosos. Prenúncio de briga na artilharia interna?

Kleber errar o pênalti, inclusive, foi um mero detalhe. Ali de onde eu estava (no portão 6), achei que ele tinha escorregado. Mas depois, pela TV, vi que não. Kleber bateu no canto certo, com consciência, mas foi traído pela paradinha. Pro bom filho que retornou, nada melhor que quebrar o gelo, com direito a pênalti perdido “a la” pegadinha do Faustão.

Só que nem mesmo os deuses do futebol parecem ser capazes de conter a garra klebiana, e, não muito depois de Riberry, o Gladiador marcou o seu. Na seqüência, já no segundo tempo, mais um. E mais um! Um pênalti e dois balaços – e que pena que não era domingo, senão ele escolheria música. Se escolhesse, seria alguma que falaria de paz, que finalmente foi selada entre as partes com um gesto muito humano do jogador. O Mineirão até pregou sua peça em Kleber, mas, depois de um desânimo repentino, ele encheu de orgulho sua definitiva casa. EE os adversários já vão chegando na briga em puríssima desvantagem.

E aí que já tinha virado festa e o clima tava mais para amistoso. Cheguei até a pensar que ocorreriam mais de três substituições. Mas como era jogo normal, titio AB mostrou que não está mais para ficar aguardando, e cumpriu o primeiro dever de casa com maestria. Pedro Ken chegou chegando, mostrando ser uma gratíssima surpresa. Joga simples, com objetividade e deu passes dignos de mostrar a que veio. Guerrón deu umas enroscadas esquisitinhas com a bola, mas mostrou que está em forma para correr como dinamite quando for necessário. E Paulisteroy dispensa comentários. Participação efetiva nos dois últimos gols da partida, e um passe preciso que por pouco não se converteu em grito da galera. Por pouco. Wellington Mineiro definitivamente vai estar lá quando precisarmos dele.

Caçapa fez o seu, Diego Renan idem. Não percam as contas: foram 6.Em um início de temporada em que vários grandes caem pelas beiradas, o Cruzeiro mostra que aqui não tem mimimi nenhum de início de temporada que ouse implicar desentrosamento ou atletas fora de forma. Estamos prontos para luta e vamos a ela.

Que esses seis lindos gols que abriram 2010 sirvam de inspiração na semana que vem, quando nossos guerreiros sobem rumo ao sol para mais uma batalha. Que voltem de lá com a vitória – pois, menos que isso, não é nada. A tormenta de 2009 já passou. Os guerreiros estão prontíssimos, como vimos ontem, a fazer de 2010 o ano em que chamarão o mundo de “nosso”.

Ponto forte: Tem tanta coisa… boa forma, entrosamento, o reflexo preciso de Fábio, quando foi necessário, mas o que chamou mais a atenção foi a velocidade no toque de bola, que deixou o meio de campo do Uberlândia consternado! O nome do jogo foi Kleber, que estava ainda meio desmotivadinho (imagina o estrago que fará motivado…).

Ponto fraco: o Cruzeiro ainda peca nas finalizações. Ta que exigir 10×0 logo de cara é até pecado, mas nosso time poderia ter feito esse placar com muita facilidade. Perder gol, dependendo do lugar em que se chuta, de quem está na frente e etc, é até discutível. Mas perder o tempo da bola sozinho e sem goleiro é para fazer qualquer um arrancar os cabelos na arquibancada.

No mais, para o alto e avante que nossa jornada ainda nem começou. Agora, só alegria. Que essa alegria perdure até dezembro. =)