
09 jul Choque de realidade, antes que seja tarde
Depois das quatro vitórias seguidas, duas derrotas contra adversários diretos na luta pelo título ou vaga no G-4, o sinal de alerta está aceso, e toda a torcida sabe onde ficam os pontos fracos do Cruzeiro nesta temporada. Na minha última coluna, já dizia – mesmo com a liderança provisória do Campeonato Brasileiro de 2012, a torcida do Cruzeiro deveria sempre pensar com os pés no chão, sem empolgar demais.
Nas duas partidas seguintes, duas derrotas, contra São Paulo e Internacional, que poderiam ser apenas uma coincidência, talvez uma “urucubaca” ou, como dizem alguns discursos manjados de comentaristas por aí, foram resultados normais entre times de ponta do futebol brasileiro. Entretanto, o que me parece mais sensato e verdadeiro, os últimos jogos são uma clara demonstração de que, se não houver melhora em alguns pontos cruciais do time, a torcida não deve mesmo esperar muita coisa do Cruzeiro este ano.
É evidente – e volto sempre a destacar este ponto – nosso time está MUITO mais organizado em campo, pelo menos do ponto de vista tático, do que estava desde a metade de 2011. Mas não dá para esperar muito, olhando o elenco que temos em comparação com os dois últimos adversários.
Enfrentamos um São Paulo que tinha, na sua linha ofensiva, um meia armador e dois atacantes de Seleção Brasileira (Jádson, Lucas e Luís Fabiano), que, não por acaso, fizeram os três gols do jogo. Depois, veio o Internacional, que do meio de campo pra frente, tem jogadores de Seleção Brasileira e Argentina (D´Alessandro, Bolatti, Oscar, Leandro Damião e Dagoberto), dois deles também balançaram as redes.
E o Cruzeiro? Tudo bem que Montillo é superior ou, no mínimo (bem mínimo mesmo), do mesmo nível dos jogadores adversários, mas não dá para tampar o sol com a peneira, Fabinho, Wellington Paulista, Anselmo Ramon e Wallyson, só pra ficar no ataque, são muito, mas MUITO inferiores aos demais. Isto para não falar do setor defensivo. Ainda dou um pouco de crédito a Everton, porque ele não é lateral de ofício, é um jogador de meio que está improvisado e, apesar de errar alguns lances, não está tão mal assim. Léo, que é nosso melhor zagueiro, foi jogado para a lateral, deixando o meio da defesa formado com o “beque da roça” Mateus, e Victorino, que pra mim já merece um banco urgente – lento, desatento, não passa segurança em nenhum lance.
A esperança da torcida é que os novos reforços do Cruzeiro venham para suprir a falta de qualidade em alguns setores essenciais. Ceará, estando em forma, assume a lateral direita, a defesa seria formada com Léo e mais um zagueiro (qualquer um menos Victorino, por favor…) e, na esquerda, Diego Renan poderia ter uma nova chance neste time mais organizado de Celso Roth.
Martinuccio, para mim, pode perfeitamente fazer a função de “segundo atacante” caindo pelos lados, ou vindo com a bola dominada pelo meio. Já mostrou talento no Peñarol, ficou no banco do Fluminense porque o elenco dos cariocas é cheio de opções iguais ou melhores. Sem contar que ele, definitivamente, não deve ser pior do que Fabinho e Wallyson. Borges tem que ser titular no comando do ataque do Cruzeiro. Wellington Paulista e Anselmo Ramon até estão cumprindo um papel razoável, mas não dá para deixar no banco um jogador que fez muitos gols em todos os times onde passou, foi artilheiro do Campeonato Brasileiro e tem uma técnica de finalização muito superior aos seus concorrentes de posição.
Os resultados recentes do Cruzeiro foram negativos, ninguém duvida, mas a torcida não pode deixar de acreditar. O horizonte, com estes reforços contratados, é relativamente positivo, e não podemos esquecer a diferença de pontos ainda é pequena. O que precisa ser feito é ajustar os erros pontuais em alguns setores do time, para a gente voltar rapidamente a disputar as primeiras posições
Abraços a todos.
Foto: Ricardo Rimoli/Agência Lance