
01 fev Bebeu água? Tá com sede?
Domingo de muito sol, de estreias e surpresas no Campeonato Mineiro 2011. A torcida se mobiliza, sai de casa, alguns de outracidade, viaja quilômetros e mais quilômetros para ver o seu time do coração jogar. Os “guerreiros das arquibancadas”, que estavam morrendo de saudades do movimentado calendário do futebol brasileiro, além do cansaço iminente de um domingo, de filas para comprar ingressos e, também, nos bares e banheiros dos estádios, ainda enfrenta um calor de mais de 30 graus só pra ver os seus ídolos no esporte. E, é claro que, passando por toda essa “prova de fogo”, em algum momento, todos irão sentir sede. Muita sede.
É nessa hora que todo mundo procura pelo líquido insípido (sem sabor), inodoro (sem cheiro) e incolor (claro, sem cor) mais conhecido como água, H2O (bem gelada), que vai ajudar a refrescar a garganta, o corpo e, também, minimizar os fortes efeitos de um sol “escaldante”.
E é sobre água que iremos falar no texto de hoje. Mais especificamente, do comércio desse produto nos arredores e dentro do Estádio Joaquim Henrique Nogueira, também conhecido como Arena do Jacaré,em Sete Lagoas.
Nas proximidades do referido estádio é possível encontrar vendedores ambulantes comercializando a unidade da garrafa de 500ml de água por R$ 2 (Dois Reais). E, se a pessoa for um pouco esperta e negociar, até consegue levar três garrafinhas, dos mesmos 500ml, e pagar R$ 5. Um preço bem razoável e que pode, sem problema algum, ser praticado pelos trabalhadores informais da cidade. O problema maior é quando a sede do torcedor aperta e o mesmo já está dentro da arena do futebol. Isso foi o que chamou a atenção da equipe do site Guerreiro dos Gramados, por ser um problema sério enfrentado pelos torcedores. Essa questão é que será detalhada a partir de agora.
Sentimos na pele, ou melhor, na garganta, no dia do jogo entre Cruzeiro e Caldense, a”dificuldade” que é para se beber água dentro do estádio. Nenhum bar da Arena do Jacaré comercializa o produto. E, para piorar, não existiam bebedouros para atender ao público presente. Quando a sede apertava, os torcedorestinham somente a opção de procurar os “carregadores de isopor”, ou seja, os ambulantes que trabalhavam na área interna do estádio, que, absurdamente cobravam R$ 3,00 (Três Reais) por cada “copinho” de 300ml do líquido mais precioso do mundo. Para beber água era preciso pagar um preço impressionante, abusivo. Totalmente incompatível com a realidade. O que se ouvia por todo o canto era a reclamação e “chiadeira” do torcedor, que questionava (com toda a razão) o preço que era praticado pelos vendedores. A reclamação, também, não tinha idade. Vinha de idosos, crianças, jovens e adultos, que sofriam debaixo do sol muito forte, que esquentava a querida Sete Lagoas, terra do nosso amigo,jornalista Chico Maia.
Quando questionei um dos ambulantes, recebi a seguinte resposta: “Reclama na Rádio Itatiaia para ver se o patrão diminui o preço, amigo“. Impressionante. É de ficar boquiaberto! Tenso! Como o espaço do site Guerreiro dos Gramados é aberto e está aqui para auxiliar os torcedores e brigar (no bom sentido, claro) pelo direito dos cruzeirenses que vão aos campos de futebol (nesse caso, a nossa luta também valerá para atleticanos, americanos e todos os outros torcedores que forem à Arena do Jacaré, já que ninguém, independente do time que torça, precisa se sujeitar a pagar um preço abusivo no copo de água).
Para o torcedor ter uma noção do tamanho do abuso que acontece na Arena do Jacaré, o site Guerreiro dos Gramados fez um “pequeno” orçamento, em uma loja especializada em venda de água. Simulamos uma compra de 1000 unidades de garrafas de água mineral da marca INGÁ, de 330ml. (quantidade maior do que comercializada dentro da Arena do Jacaré).
Por exemplo, se o torcedor quiser comprar 1000 garrafasde água mineral da marca mencionada irá pagar, pela unidade, R$ 0,83 (Oitenta e Três Centavos). A loja que fizemos o orçamento vende o fardo (caixa), com 12 embalagens por R$ 10,00 (Dez Reais). (Divida R$10,00 por 12 – quantidade – que você chegará ao valor mencionado – R$ 0,83) Quanto maior a quantidade comprada, menor será o preço por unidade. Por isso, vale ressaltar o seguinte: imaginemos que a quantidade adquirida pelo permissionário (aquele que tem o direito de vender água mineral dentro da Arena do Jacaré) seja muito maior do que 1000. Com certeza, ele paga muito menos por cada unidade do copo de água e, consequentemente, tem um lucro exorbitante, astronômico, em cima do torcedor. Não estou pregando qualquer tipo de socialismo barato ou sendo contra o lucro, pelo contrário. Todo mundo que trabalha no comércio e em outros segmentos da sociedade vive do lucro, mas nem todos usam e abusam do direito de “extorquir”, em mais de 200%, o seu cliente. Não acham? Aí não dá, né?
Como o site Guerreiro dos Gramados realiza, também, um trabalho de utilidade pública, questionamos à Administração de Estádios de Minas Gerais (ADEMG), responsável por licitar o credenciamento de permissionários (responsáveis pela venda de produtos nos estádios) sobre a polêmica venda de água na Arena do Jacaré.
De acordo com a ADEMG, para se comercializar qualquer produto na Arena do Jacaré – desde bares a ambulantes – é feito um processo de licitação, para que sejam escolhidos os permissionários. A instituição governamental disse também que, a venda de água mineral foi alvo de licitação para o “comércio ambulante”, ou seja, para ser feita por vendedores que se deslocam até o torcedor e não pelos bares. Por isso, o torcedorsomente encontrava água com esses profissionais. A ADEMG disse, ainda, que não realiza qualquer tabelamento de preços ou obtém lucros na venda de produtos comercializados no estádio e que isso é definido pelos próprios permissionários. Falou que, para o caso do abuso na cobrança do preço da água mineral, já notificou liminarmente o permissionário para que reduzisse o preço do produto.
“A Ademg está trabalhando para que o valor cobrado pelo permissionário de venda da água mineral reduza o preço do produto em todas as partidas realizadas no estádio da Arena do Jacaré“, afirmou.
E isso aí, ADEMG. Não é por que a água é insípida, que o preço dela tem que ser SALGADO. Continuamos de olho. E, se as práticas abusivas continuarem, colocaremos esse assunto novamente em nossa pauta.
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Guilherme Guimarães (@guilhermepiu), é jornalista formado pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Natural de Belo Horizonte, realiza trabalhos na área do esporte desde 2005, quando começou a escrever sobre futebol amador no Jornal “O Tempo Contagem”. Já trabalhou no Jornal Super Notícia, na assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e teve matérias e fotografias publicadas em grandes jornais e revistas de Minas Gerais, como O Tempo, Hoje em Dia, Jornal da Cidade e Revista HIT. É colaborador do Guerreiro dos Gramados desde 2009. Siga o GDG no twitter: @gdosgramados. |