Até o Infinito


Ser torcedor de um clube de futebol demanda paixão, civilidade e paciência. Afinal, apesar de ser uma atividade lúdica, que era para ser APENAS divertida, o futebol também nos traz muito stress e nos deixa à beira de um ataque de nervos.

Hoje, por exemplo, deveria ser um dia mega tranqüilo para todo cruzeirense no mundo. Mas está tenso. Tenso porque fomos lá pra Venê fazer um rock da hora, mas esquecemos a alma em BH e não fizemos o dever de casa (no caso, o dever de fora de casa). E agora os três jogos que restam são todos, sem exceção, de vida ou morte.

E, para as últimas batalhas da primeira parte da guerra, peguemos o trinomio do início do texto (paixão, civilidade e paciência) e vamos estudar o nosso grau de vantagem. A paixão nós já temos de sobra, e ela serve de exemplo a toda América, Libertadora ou não, e faremos questão de mostrar isso hoje na Toca 3. Mas demonstrar amor pelas cores azul e branca nunca é demais e sentir aquele arrepio na espinha ao adentrar o Gigante é o mínimo dos sintomas desse vício chamado Cruzeiro. Para isso, não pode existir abstinência. E é por isso que hoje vamos invadir o campo contra o Deportivo Itália – serão apenas 11 pisando na grama, mas 8 milhões, dentro e fora da arena, empurrando os guerreiros para a vitória na linha de frente.

Civilidade é algo que ainda nos falta – não a nós, cruzeirenses, mas aos torcedores de um clube de futebol como um todo. O que diferencia os grandes clubes dos pequenos é que os grandes têm em campo uma verdadeira máquina; mas, como é sabido, nenhuma máquina funciona sem a coordenação humana. E a nossa forma de dirigir, nós mesmos, o nosso time ao caminho certo, é cantar, apoiar e nunca, jamais dar chilique por coisa pouca. É seguir os bons exemplos e ser um bom exemplo. Nós, brasileiros, temos certos problemas com essa questão de civilidade no futebol; mas se ninguém começar a ser modelo de boa conduta, a mudança jamais existirá.

Por fim, a paciência. Se para nós, reles mortais torcedores de um time imortal, esse jogo será quase um infarto do miocárdio, imagine para os nossos guerreiros. E ficar comparando ansiedade de torcedor e jogador (porque eles jamais amarão o clube como a gente) é ridículo! Ansiedade é ansiedade e pronto, e isso só tem uma saída favorável: apoio incondicional e irrestrito. Não estou falando que temos que passar a mão na cabeça de jogadores cabeça-de-bagre, MAS vaiar o time, o técnico, o presidente, o roupeiro ou a tia do café durante os minutos de jogo corrente é, no mínimo, improdutivo. Eu não entendo de psicologia inversa, reversa ou direta, mas pelo que eu sei nenhum jogador fica motivado a dar sangue em campo depois de ser xingado pela torcida. Portanto, se alguém desferir palavrões contra a gente, ou fizer corpo mole, fica aquela máxima da escolinha primária: vamos “pegá-lo” na saída. E manifestar depois. E xingar depois. Tudo sem violência, é claro. No campo, é paciência. Civilidade. Paixão.

Essa quarta-feira, 24 de março de 2010, é de sol brilhante em BH. O céu azul tem algumas nuvens brancas, sinal de que pode cair chuva para lavar a alma. O que interessa é que as cores do manto estão aqui, para onde quer que a gente olhe. Só a vitória interessa e é a ela, com ou sem pneus de chuva, que rumaremos hoje sob o olhar das estrelas.

E é quando a gente olha para esse céu que a gente se dá conta de que quem escreveu o hino brasileiro foi um gênio atemporal, pois, realmente: aqui ou em qualquer lugar, a imagem do Cruzeiro resplandece. Que os guerreiros façam a sua parte para merecer jogar nesse time, e que nós façamos a nossa para merecer torcer por ele. Com paixão, civilidade e paciência. Ad infinitum.