Aos poucos, o trabalho traz os resultados


Foram duas vitórias seguidas, pela diferença mínima de gols com um futebol que ainda não convence. O importante, agora, é que os resultados estão aparecendo na era Celso Roth. Tomara que continue assim, para o bem do Cruzeiro.

Antes de entrar no assunto principal da coluna, peço licença aos leitores para contar um “causo” que aconteceu comigo ontem.

Estava em casa, vendo o jogo do Cruzeiro contra o Sport, reunião de família em final de domingo. Por causa das “conversas paralelas”, só na metade do segundo tempo percebo que o narrador no “pay-per-view” é aquele Marcos Leandro.

Dizem por aí que ele é torcedor do “maior time de segunda divisão de Minas Gerais”. Tenho minha opinião formada – se ele é torcedor “de carteirinha”, não sei, mas ele comemora muito mais os gols cor de rosa do que os gols do Cruzeiro. Fato.

Pois bem, assim que “percebi” coloquei a TV no “mute” e passei a apenas assistir os lances da partida.

Pode ser coincidência, superstição, mandinga, não importa. Certo é que, logo depois do “mute”, apareceram dois lances seguidos de perigo a nosso favor e, na sequência, o pênalti.

Claro que o Cruzeiro não venceu o jogo porque eu – e talvez alguns dos leitores – preferem o silêncio da TV ao invés de ouvir a voz daquele narrador.

Isto é uma análise muito “simplista” – assim como seria incoerente afirmar que “as vitórias contra Botafogo no Engenhão e Sport em Varginha só aconteceram graças a dois pênaltis bem convertidos por Wellington Paulista”.

Muito além disto, e de forma mais destacada nas duas últimas partidas, estou percebendo uma maior organização tática do Cruzeiro, em vários setores. Não estamos perfeitos – aliás, longe disto, tem muita coisa para consertar – mas os torcedores podem ver nitidamente, jogadas de ultrapassagem dos laterais ou dos volantes, atuando em conjunto com os meias, abrindo espaços.

Até na defesa isto tem facilitado, porque as roubadas de bola e os rebotes estão encontrando, com mais facilidade, jogadores que já podem fazer a ligação rápida entre o meio e o ataque. Em vários lances o Sport foi induzido ao erro e a bola sempre parava nos pés de alguém iniciando o contra-ataque.

Em resumo, não existe mais aquele “amontoado” de jogadores que era evidente na época de Vágner Mancini. Nada contra a pessoa dele, tenho amigos pessoais que conheceram Vágner Mancini enquanto ele esteve em Belo Horizonte. Segundo estes meus amigos, o cara é gente fina, uma boa pessoa no mundo do futebol, mas o fato é que ele não fez um bom trabalho dentro de campo, infelizmente.

O Cruzeiro, pelo menos por enquanto, ainda não é aquele time avassalador, temido e respeitado, envolvente com toque de bola refinado e grande futebol, que a torcida já viu em vários anos de nossa história.

Entretanto, aos poucos, estamos voltando a ser competitivos e organizados, que são os primeiros passos rumo a dias melhores. Na última coluna, havia dito que toda a torcida deve se unir, contra tudo de negativo que está acontecendo, e esperar que o trabalho seja bem feito, para nos recolocar no nosso lugar de direito.

E, neste sentido, confesso que me deu um grande orgulho e alívio ver que o Cruzeiro está atualmente em 5º lugar no Campeonato Brasileiro, mesmo que com poucas rodadas disputadas.

Vamos seguir adiante e, principalmente, vamos abraçar o Cruzeiro no próximo sábado, no Independência, finalmente o nosso time de volta à nossa casa, na busca por um lugar no G-4. Afinal, tem gente naquela parte da tabela que é igual “jabuti na árvore” – está no alto, mas ali não é o lugar certo dele, todo mundo sabe disto, e daqui a pouco vai cair, porque o lugar de verdade deles é lá embaixo.

Abraços a todos.

Nota final: por falar em última coluna, deixo aqui uma lembrança especial ao leitor Marcelo Lopes, de Rondônia, que fez um comentário sensacional e emocionante, sobre ele e o seu filho, que mesmo de muito longe acompanham o Cruzeiro. Recomendo aos demais torcedores ler o comentário dele. Grande abraço a você e ao seu filho, companheiro Marcelo, é por leitores como você que compensa escrever sobre o nosso time.