19 jan Amar despenteia
Uma vez vi uma propaganda de xampu que dizia que “amar despenteia”, e isso é bem verdade. Principalmente quando a paixão é assim avassaladora, daquelas de arrasar quarteirões inteiros, deixar cicatrizes profundas e também imensas alegrias memoráveis. Desse tipo de paixão que a gente tem por um time de futebol no país do futebol.
Quem não tem cabelo grande sente a emoção de se dedicar ao clube do coração de outra forma, mas vai por mim quando eu digo que para quem tem cabelão abre amanha (quarta-feira), 20 de janeiro de 2010, a temporada oficial do descabelamento. Todas as raivas, ansiedades, alegrias, tristezas e etc são descontadas nesses milhões de fiozinhos que teimam em não ficar quietos um só minuto dentro do estádio. Vai dizer que você nunca reparou no desfile de gominhas e presilhas que enfeitam a cabeça das meninas cruzeirenses quando o Gigante da Pampulha se enche pra mais uma festa…
Mas enfim, tudo isso para dizer que amar despenteia, ser feliz despenteia e até ter raiva despenteia; a única coisa que deixa nossos fios muito domados é a saudade. Saudade de adentrar o portão 6 do Magalhães Pinto e ver lá dentro um povo muito fera fazendo a maior festa… Saudade do foguetório quando o time entra em campo, saudade do bandeirão da Máfia Azul, saudade de ser cruzeirense presente. De saber a dor e a alegria de fazer parte dessa nação tão linda por 190 minutos ininterruptos (a não ser quando a ADEMG esquece de pagar o mês para Cemig).
Saudades que (já dizia um grupo de pagode dos anos 90) existem para quem sabe ter. E que vão se esvair todas nessa quarta-feira, quando alegremente receberemos nossos guerreiros nos gramados e faremos a festa nas arquibancadas. E, quer saber? Prefiro o descabelamento louco de torcedora! Cansei de ter saudade, e um mês é muito tempo para quem é realmente apaixonado.
Se o Mineirão pudesse me ouvir, prometeria agora que, em 2010, nada vai nos separar. Vou estar lá toda semana, faça chuva ou faça sol, com chapinha ou sem chapinha, para, junto dele, ver as novas páginas heroicas imortais da nossa história. Não tenho necessidade nenhuma de torcer contra o vento, porque até o vento sopra a nosso favor. O universo inteiro se guia pela constelação do sul e se inspira no Cruzeiro para continuar sua rota rumo ao infinito. Minha camisa não fica do lado de fora em nenhuma tempestade, pois sempre está comigo, minha segunda pele. E, mesmo quando se faz necessária estender ao varal para estar sempre cheirosa (muito importante), ela não trava embate algum contra as forças da natureza. Ela voa com o vento para todos os lugares possíveis e imagináveis, pois o que aspira um Libertador é a liberdade.
A partir de quarta-feira, poderemos voltar a ter atenção integral àquela paixão que nos move dentre as outras. É ano de Copa do Mundo! De Campeonato Mineiro, Brasileiro, Libertadores da América. Temos uma rotina de 5×0 a cumprir, e um caminho a percorrer até a final das Américas. E, vamos combinar, ser o Libertador no 51 é uma boa ideia!
E a partir de quarta-feira, quem me encontrar no Mineirão vai me ver descabelada com orgulho! Nem ligo! E nenhuma descabelada deveria ligar, já que isso, quando é por amor, é até um charme. E, lembrando de outra propaganda pela real beleza, me lembro: a nossa real beleza não está nos fios revoltos; está estampada nas causas daquilo que mais acreditamos.
Cruzeirenses, se descabelem! MUITO! Porque 2010 anda prometendo mais fortes emoções que as novelas da Globo. É ano de mostrar ao mundo que a família Cruzeiro é feliz, é imensa e é DA PAZ. Nunca devemos nos esquecer que o objetivo principal da alegria é compartilha-la, mesmo que a cor da camisa dos outros não seja a mesma que a nossa. Afinal, talvez os outros não saibam o quanto é bom carregar cinco estrelas no peito – mas nós, fiéis escudeiros dessa flâmula, estaremos sempre em todos os lugares para lembrá-los que a Terra não é azul por mero acidente de percurso. Ter a alma azul e branca é ter a liberdade e a paz habitando num só coração. E, querendo os outros ou não, todos os corações do mundo pulsam humildemente por essas duas utopias.
Beijos e até quarta-feira no Portão 6 =)