Algumas doses de ceticismo para uma quarta-feira qualquer


Brado aos Guerreiros!

Sei que não somos tolos de nos enganar com a magra vitória na Boa Terra. Vencer o Bahia era nada além do que a obrigação. Soma-se a isso o segundo tempo sob pressão que tivemos.  Temi pelo pior, achei que sucumbiríamos. Apesar da atuação na conta do chá, ressalto a entrega do sistema defensivo que fez o que podia para evitar o empate.  Outra boa atuação de Thiago Carvalho, que mais do que nunca merece sequência agora.

Assim como muitos, aprovei a boa estreia no time titular do jovem Lucas Silva. Quem acompanha o Maior de Minas sempre ouviu coisas boas sobre o garoto. Ao saber que ele iria ser escalado, corri para o telefone e entrei em contato com uma fonte dos juniores que me garantiu mais uma vez: “É jogador para o futuro. De cabeça em pé é um dos melhores.” E assim foi. Com segurança e sem sentir o peso, Lucas atuou muito bem. Foi efetivo nos desarmes, chegou à frente no apoio e de fato, de cabeça em pé, distribuiu o jogo quando teve a bola nos pés. Um sopro de renovação na volância cruzeirense que anda bisonha, com opções que até agora não dizem a que vieram. Com o sentimento de parcimônia coletiva para não sermos ferozes e injustos aos erros que virão, continuemos a observá-lo e apoiá-lo agora que enverga o manto principal.

Memória Celeste: Cruzeiro 5 x 2 Fluminense – Brasileirão 2003

Só que a próxima parada é duríssima. Enfrentar o Fluminense com esse futebol que vem sendo apresentado não anima nem o maior dos otimistas, eu sei. Mas a tabela está aí, guerreiro não foge a luta. Sou a favor da manutenção das alterações do último jogo, com exceção das voltas de Wellington Paulista e Everton. Se por um tempo pensamos que estávamos livres do pseudo lateral/volante canhoto, ele ressurge para nos assombrar. Sem Marcelo Oliveira, nada mais natural que a volta de Diego Renan, mesmo vindo mal contra o Santos. Na frente, nem se fala. Wellington Paulista voltou, fez as faltas de sempre, perdeu as jogadas costumeiras no ataque e produziu algo próximo do nulo. É jogo para o Wallyson – que precisa estar verdadeiramente disposto e não esvaecendo como contra a Ponte Preta – entrar e explorar os espaços deixados pelos avanços dos laterais Wallace e Carlinhos, que apoiam bastante. O que ao mesmo tempo liga um sinal de alerta.

O Fluminense é um time com muito volume em campo, domina as ações e tem escapes constantes, puxados por Thiago Neves e Wagner na armação. Taticamente é muito bem postado por Abel Braga. A mesma entrega e compactação do setor defensivo celeste, mostrados na Bahia, se fazem ainda mais necessária. E caso Celso Roth leia essa humilde coluna, lhe imploro: Organize-se para não deixar espaços para o Fred! Sabemos como ninguém o quanto o jogador é definidor, na menor das brechas. É fundamental o acerto do miolo da zaga na atenção e redução do campo em relação ao ataque que virá ao Independência.

A partida vai ser difícil, o adversário sempre complica para o Cruzeiro e tem um time que briga pelo título. Nosso momento é irregular, em uma gangorra sem fim, que toma novos voos a cada rodada. Mesmo um tanto cético, penso que a vitória daria uma moral interessante aos próprios jogadores, que constantemente têm batido na tecla do péssimo futebol que apresentam. Sinto que os mesmos estão envergonhados e cientes do quanto estão devendo. Que bom, é assim que tem que ser a verdadeira autorreflexão.

Reage Cruzeiro! Luiz Guilherme de Almeida quer sair do Independência e ter motivos para rever os melhores momentos da partida, sem o amargor de uma derrota.

Foto: VipComm