Acessibilidade, já!


Um torcedor procurou o Guerreiro dos Gramados após o jogo entre Cruzeiro e Guarani, no último domingo, dia 3, para apontar o que para muito de nós passa despercebido. Talvez não seja por egoísmo nosso – embora em alguns casos, poucos, acredito que seja -, mas por não ser uma realidade vivenciada de perto por todos. Por esse e para esse torcedor, quero discorrer hoje sobre acessibilidade.

Acessibilidade, já!Antes de escrever qualquer palavra acerca do meu ponto de vista, decidi procurar o vereador Leonardo Mattos, que é o único parlamentar cadeirante da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Certamente um dos poucos do Estado. É claro que não o procurei apenas como o bom político que é, mas, principalmente, para ouvir dele e ver de perto sua reação sobre o lamento que recebemos. Precedentemente, preciso deixar claro o que aconteceu. Ou melhor, da forma que chegou à nós. O torcedor foi a Arena do Jacaré com o pai, que não é cadeirante, mas foi vítima de um AVC que comprometeu os seus movimentos do lado direito. Ao chegar no estádio encontrou muita dificuldade para chegar às arquibancadas. Depois de muito sacrifício, chegou. Infelizmente, antes, teve que superar obstáculos inesperados, como subir degraus e mais degraus. Impressionante! Quer dizer, então, que se ele fosse cadeirante teria que dar meia volta e retorar para a casa sem assistir a partida de futebol que tanto esperava? No mínimo, desrespeitoso.

Léo, nome pelo qual vou me dirigir ao vereador, legisla na capital, mas considerou estranha a falta de estrutura do estádio, uma vez que o mesmo foi indicado pelo governo para substituir o Mineirão, durante sua reforma. Ou seja, os times são completamente induzidos a sediarem os jogos lá. Falta opção. Quem sofre é parte da tocida que precisa de um olhar especial. O vereador me disse, entretanto, que ainda não animou em ir a Sete Lagoas para acompanhar seu time do coração e que torcedores cadeirantes, “viciados” em jogos, até o momento, não reclamaram ou foram até ele para denunciar. Por isso não era de seu conhecimento o assunto.Léo não é parlamentar daquela cidade, o que não o impede de sugerir uma ação em conjunto com os deputados, caso seja comprovado. Por quê não?

Independente de o acesso para os portadores de deficiência física, tanto na na Arena do Jacaré quanto em outros estádios, ser restrito, ou não, provavelmente o espaço que lhes é garantido é limitado, assim como a visão do jogo que eles tem. O que causa desconforto para quem gostaria de torcer livremente e não pode. Não ésomente isso.Léo, durante nossa conversa, levantou uma questão interessante e que também precisa ser discutida. Geralmente um cadeirante não vai sozinho ao campo de futebol. Ele precisa de um acompanhante. Em algumas situações, de vários. Acabam que todos ficam sem lugar. Querem ficar juntos, mas as condições oferecidas não permite. Isso pode ser, inclusive, constrangedor. São detalhes que soam de forma preconceituosa para quem não pode escolher onde ficar. A lei é implacável e deve preservar o direito de todos, principalmente dos que são a minoria. Vale refletir.

Mariana Borges (@mariana_borgess), é cruzeirense apaixonada, jornalista, assessora de imprensa na Câmara Municipal de Belo Horizonte, repórter da TV Guerreiro dos Gramados e pós-graduanda em Produção de Mídias Digitais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Siga o GDG no twitter: @gdosgramados.