Um choque de credibilidade!


Era dezembro de 2014, a torcida cruzeirense estava ainda comemorando o sensacional ano que teve, eternizado pela conquista do tetracampeonato brasileiro. Apesar da falta de jogos durante este tempo, assuntos e polêmicas envolvendo o futebol nunca deixam de existir. E, naqueles dias, a torcida ficou realmente chateada com a saída do diretor de futebol Alexandre Mattos, um dos responsáveis pelo sucesso em 2013 e 2014.

Alguns minimizaram, outros lamentaram profundamente. Afinal, sem Mattos, qual seria o comportamento da diretoria? Aquela que disse que traria um grande craque internacional pro clube e chegaria com Diego Árias? Ou manteríamos o nível trazendo jogadores experientes, talentosos e apostas certeiras?

A dúvida bateu, e podemos constatar, após estarmos na metade da temporada, que nem tanto o céu nem tanto a terra. A diretoria fez sim boas contratações – pasme! Sim, eu não concordo com a tese de que tudo que fizeram foi errado e nosso elenco é fraco. Tanto que especialistas gabaritados colocaram o Cruzeiro como um dos times capacitados a brigar pelo título. Mas também erraram muito. Riascos, Dourado e Saymour foram o retrato fiel de que o nível das contratações do clube tinha caído.

Não bastasse a falta de equilíbrio na hora de contratar – já estivemos com cinco laterais esquerdos, sabíamos, desde fevereiro, que precisávamos de dois ótimos jogadores para jogar no meio campo, um para melhorar saída de bola e outro para a criação. Eles não vieram e fomos seguindo na temporada acumulando decepções. Até demitiram aquele que certamente era o menos culpado: Marcelo Oliveira. Aquilo pra mim foi um enorme banho de água fria. Os dirigentes estavam abrindo mão de um dos melhores treinadores do Brasil para trazer Luxemburgo, que há anos acumula trabalhos medianos e muitos fracassos.

Foi a prova de que estavam fazendo tudo errado, estavam sem controle, não sabiam realmente o que era certo para o clube. A credibilidade da diretoria que já ia caindo muito chegou ao volume morto. Que sinal o clube dava aos investidores? A perspectiva era boa para os patrocinadores? Como a torcida, que banca o clube por meio do sócio torcedor, reagia ao que vinha sendo feito?

Precisamos agora urgentemente de um choque de credibilidade. Muito mais que ineficiência nas contratações, o maior problema do Cruzeiro em 2015 esteve no discurso. Se o Cruzeiro fosse uma empresa, a cada vez que Gilvan, Valdir Barbosa e Benecy abrissem a boca, as ações iam despencar.

Se essa falta de liderança positiva é ruim para o ambiente externo, entendo que os jogadores também tenham sido afetados com a falta de um bom gestor para contornar todas as suas demandas. Sabemos que Mattos fazia a interlocução com Gilvan para atender as necessidades dos atletas, o que contribuía para o bom ambiente do clube.

Reforços, a gente nem espera mais que venham. Aguardamos por um choque, uma mudança de comportamento, alguém para dar uma nova perspectiva de gestão, de projeto a longo prazo, de investimento pesado em marketing. A conta do futebol é alta, e se o Cruzeiro não se modernizar pode acabar se tornando mais um: um time que precisa se endividar pra poder vencer.

Por: Thalvanes Guimarães