Visitando 2014, para inspirar 2017


“Não tem mais para onde correr. Os 19 adversários do Campeonato Brasileiro agora se resignam em olhar para o Cruzeiro e admitir que efetivamente, esses mineiros que vestem azul representam o melhor time do país. Pelo segundo ano consecutivo, campeões incontestáveis, jogando o melhor futebol e apresentando nomes que seguramente farão história no esporte bretão pela próxima década. Quando não deu na técnica, foi na raça. Quando o brilhantismo não resolvia, veio a força, a disposição, os gritos da torcida e finalmente, a coroação.

Campeão com um coração gigante, com pulmões de aço e pernas que contrariam a lógica. O Cruzeiro tem jogado demais em todos os aspectos imagináveis. Aplicando o futebol intenso de movimentação ofensiva, pressão na defesa adversária e domínio da posse de bola, era natural que houvesse alguma oscilação na temporada. Ela aconteceu, mas a verdade é que no momento mais instável, o Cruzeiro se igualou aos outros times. Deixou de apresentar a incrível superioridade do primeiro turno e fez um ou outro jogo medíocre. Sabe o que é o melhor nisso tudo? Se tornou apenas estatística. Nem nos dias menos inspirados, o Cruzeiro deixou de ser um time com DNA de campeão. E hoje, efetivamente, o é. Tetra do Brasileiro, sem choro nem vela.

Na verdade, até houve algum choro sim. De alegria, obviamente. Velas também, como parte do agradecimento. O torcedor cruzeirense sabe bem o que passou nos últimos anos. Após o título de 2003, ficou uma década no ostracismo, sofrendo calado e tendo apenas a supremacia estadual para se vangloriar. Muito pouco para quem nasceu para vencer e mostrar o quão gigante é para todo o mundo. O elenco idealizado e montado por Marcelo Oliveira, Alexandre Mattos e Gilvan de Pinho Tavares trouxe dois nacionais e pode angariar mais uma Copa do Brasil nesse ano. É um dos mais vitoriosos e inesquecíveis Cruzeiro’s da história. E acho que ainda tem muito mais para conquistar.

Nesses momentos de comemoração a euforia toma conta e a chuva sem tréguas no domingo parece ter deixado uma mensagem clara para todos: ainda falta um jogo para o ano mais memorável de suas vidas. E toda a comemoração vem acompanhada por uma tensão extra, característica das vésperas de grandes decisões. Independentemente do que acontecer na quarta-feira, no nosso Mineirão, esse time já está na história e provou que honra a camisa como poucos. A Deus, toda glória. Aos cruzeirenses, toda a fé. Somos campeões, não se esqueça.”

É, cruzeirense. Este foi o meu texto publicado há exatamente dois anos, aqui mesmo neste site. Lamentavelmente, eu estava completamente enganado. Não pelos méritos dados ao time bicampeão, mas pelo que aconteceu depois disso, aquilo que eu projetava. O time foi desmanchado, os erros se amontoaram e vivemos dois anos tristes, à míngua. Em meio a toda esta melancolia, quis resgatar este texto. Para que todos nos lembremos da grandeza do Cruzeiro e de que um bom trabalho vai recolocar o Maior de Minas nos trilhos. Basta que diretoria e jogadores se empenhem para isso. Nós torcedores, sempre estaremos com eles. Voltaremos em breve a ser campeões. Nunca se esqueçam.

Por: Emerson Araujo