Vamos remar pro mesmo lado?


A questão é muito simples. Como esse período de pré-temporada não tem muito assunto, as discussões nas redes (anti)sociais são muito pautadas na qualidade dos jogadores, na possível formação do time e em quem “presta” para o Cruzeiro. Um dos debates mais ferrenhos tem sido em quem deve ser o comandante de ataque da equipe, Rafael Sóbis ou Ramón Ábila. Um lado defende que Sóbis tem mais técnica, habilidade e pode fazer o time jogar melhor. A outra face da história ressalta o poder finalizador de Ábila, que é um 9 clássico, acostumado a fazer gols.

No jogo treino da última quinta-feira, contra o Águia, presenciei pessoas falando que o treinador Mano Menezes odeia o atacante argentino e “vai ter que engolir” sua presença, devido aos três gols anotados. Outros, comentando que o time celeste nem deveria pagar o valor restante ao Huracán, pois Ábila não seria merecedor de jogar no Cruzeiro, porquê é ruim de bola. Minha pergunta é, vocês já pararam pra ouvir o tanto de besteira dita?

Um time de futebol não pode ser refém de um atleta. Muito menos de uma forma de jogar. E todo técnico sempre vai querer um bom elenco, com opções para cada partida, se adaptando a cada adversário. Lembram do time do Cruzeiro de 2013/14? Quantas vezes um dos atacantes titulares não era o Luan? Sabe, o Luan? Aquele grandalhão, canhoto, meio grosso até. Mas que ajudava na recomposição que era uma beleza. Cobria mais o Egídio na defesa do que o próprio camisa 6. Era útil.

Praticamente todo jogador tem utilidade. Se nosso elenco tem 30 nomes, podem ter certeza que em algum momento, eles vão jogar. São 11 titulares e 12 elementos no banco, alguns não serão relacionados. Mas nós jogaremos, na pior das hipóteses, sem avançar em nenhum mata-mata, 51 partidas na temporada. Entenderam a situação? É importante ter opções diversas no elenco e gostar de Ábila não significa não gostar de Sóbis. Os jogadores tem consciência disso, a época em que se definia 11 titulares já passou. E nós precisamos nos adequar.

Portanto, tenham certeza que além destes dois, o Raniel vai jogar, o Judivan vai jogar (tomara que esteja logo a disposição), alguém pode ser contratado e também vai jogar… E a forma do time jogar vai mudar diversas vezes, inclusive durante os jogos. Não deixemos que a dicotomia que tem marcado a discussão política influencie também nossas opiniões futebolísticas. Estamos todos no mesmo barco, time, torcida, diretoria… E a sinergia entre todos os setores foi vital para as conquistas em 2013 e 2014. E aí, vamos todos buscar novos títulos ou é mais importante ser a voz que fala mais alto numa canoa furada?

Por: Emerson Araujo