Vale a pena fazer o crime?


Marcelo Moreno é um atacante incrivelmente adaptado ao Cruzeiro. Já tive a oportunidade de conviver com ele e posso afirmar seguramente que ele ama o clube, ao contrário de outros jogadores muito falados e idolatrados sem razão. Moreno tem gratidão pelo Cruzeiro ter lhe lançado para o mundo como um grande atacante em 2008 e ter feito isso novamente em 2014. Só que dessa vez, ele foi mais efetivo e ajudou nosso clube a conquistar dois títulos importantes, sendo artilheiro do time tanto no Campeonato Mineiro quanto no Brasileirão. Daí vem a pergunta inevitável: vale a pena fazer o crime de pagar os tais 5 milhões de euros que o Grêmio pede?

Claro que não vale. Posso enumerar alguns, mas vou me fixar em dois motivos básicos. Marcelo Moreno não é tecnicamente o mais brilhante dos atacantes. Tem um espírito de luta sem igual, corre muito, é disponível, quer jogar sempre e marca muitos gols. Mas as vezes, acaba pecando naquela jogada coletiva, aquele passe que poderia fazer, aquela finalização que poderia ser mais caprichada…

O outro aspecto a se analisar é a pedida dos gaúchos com relação ao tempo de contrato. O atual vínculo do boliviano com o Grêmio se encerra em dezembro de 2015. Ou seja, a partir de julho, o jogador já poderia fechar um pré-contrato com o Maior de Minas e retornaria somente com o custo salarial para 2016. Me parece uma solução muito viável, especialmente porque Moreno ainda é um jogador jovem e com bons anos de futebol pela frente. Pagar 5 milhões de euros em qualquer jogador hoje é um luxo que o Cruzeiro não vai fazer.

Para o nível brasileiro, é um excelente jogador.  Se dependesse de mim, ficaria no Cruzeiro até aposentar. Mas a exigência de título na Libertadores é muito alta e não acho que ele seja o jogador em que devemos apostar todas as fichas. Nomes como Fred (também no último ano de contrato) e Lucas Pratto também me soam como investimentos muito altos e com retorno incerto. Nem vale a pena comentar a possível vinda de Leandro Damião, que a pelo menos dois anos mostra um futebol abaixo da crítica. Nomes como Hugo Ragelli e Léo Bonatini estão na base pedindo uma oportunidade, talvez o Mineiro seja o momento ideal para testá-los. Mas dar a eles a camisa 9 para disputa de uma Libertadores é uma prova de fogo dura demais.

A realidade é que o Cruzeiro hoje tem vaga para dois camisas 9. Um titular absoluto e um outro para ser opção. De todos os nomes já ventilados, o que mais me agrada é Douglas Coutinho, do Atlético-PR. Jovem, com bom porte físico e muita coisa para provar. Mas também muito inexperiente para ser “o artilheiro”. Será esse o grande desafio de Alexandre Mattos nessa parte final de seu contrato na Toca da Raposa. Achar o novo matador é a (última) missão.

Por: Emerson Araujo