Vaias ao Montillo? Por quê?


Antes é preciso dizer que, no estádio, o torcedor tem liberdade para vaiar ou aplaudir. Você pode até não gostar dos que vaiam, chamá-los de cornetas quando o alvo é um jogador do próprio time ou de ingratos quando o repúdio direciona-se a um ex-jogador do clube.

Enfim, você pode reprovar os que se comportam dessa forma, mas o direito dos que optam por torcer assim está assegurado desde que o futebol se tornou espetáculo para plateias. Ponto.

O que não vale é jogar garrafa d’água, sapato, pilha, pedra ou moeda no adversário. Isso é agressão, covardia e falta de educação. Se nada disso te demove da ideia de jogar objetos no gramado, digo mais: a atitude prejudica o seu próprio time.

Portanto, à turminha que tem ameaçado jogar moedas no Montillo, um aviso: além de passar recibo de mal educado, você pode ser responsável pela perda de mando de campo do Cruzeiro. Entendeu?

 Quer vaiar? Vaie.

Particularmente, se eu fosse ao campo, não agiria assim por três motivos. Primeiro porque sempre achei que as vaias direcionadas têm efeito colateral. Muitas vezes elas exaltam o ânimo do jogador-alvo e o fazem render mais.

Segundo porque Montillo, enquanto vestiu a camisa do Cruzeiro, o fez com decência. Ele foi extremamente profissional em momentos críticos da própria vida pessoal. E mais: colaborou para que a Raposa não sentisse o amargo sabor da Série B, em 2011.

“Mas ele forçou a saída para o Santos”, dirão muitos. Sim, eu sei. E daí? Ele é jogador profissional, e não torcedor do Clube. Quem deve fidelidade é torcedor. Jogador só deve respeito. E não acho que ele faltou com respeito ao querer sair do Cruzeiro para ganhar mais. Até porque o clube estrelado recebeu, e bem, por isso.

Em terceiro lugar, não o vaiaria porque, se algum castigo ele deveria sofrer por ter preterido o Cruzeiro, esse castigo ele já sofreu. Aliás, tem sofrido. Afinal, o futebol que ele apresenta está muito aquém do que os santistas esperavam quando do alto investimento em sua contratação, no início do ano.

Para piorar o calvário do argentino, o Cruzeiro vai bem, obrigado. Isso é ou não um castigo?

Encerro dizendo o seguinte: nunca considerei Montillo um ídolo do Cruzeiro, como muitos o consideraram.

Meus ídolos na Raposa são outros, como Roberto Gaúcho, que jogou a final da Supercopa de 1992 com o dente da frente pendurado pelo nervo, após uma cotovelada e Piazza, que disputou o segundo tempo da última partida da Libertadores de 1976 com o risco de ficar aleijado, por conta da infiltração que teve de fazer. Esses, sim, são ídolos.

O argentino, na minha visão, é só mais um ídolo de barro construído na história recente do Clube. Agora, da mesma forma que não o considero ídolo, não o vejo como um alvo de vaias. Assim como não enxergo motivos para que se vaie Edu Dracena e Thiago Ribeiro.

E você, o que pensa sobre o assunto? Diga no espaço para comentários abaixo.