Vai deixar pra última hora?


Lembra quando você era criança e sua mãe dizia, antes de viajar: “Já conferiu tudo? Arrumou as malas? Não deixe pra última hora senão você vai acabar esquecendo alguma coisa!”? Nossa diretoria parece não ter entendido muito bem o recado. Não me lembro de como era em tempos atrás, mas ultimamente nossos comandantes estão contando demais com o ovo no da 6alinha, e uma hora isso vai acabar mal.

A postura adotada nas renovações de contratos vem me incomodando um pouco. Jogadores com os quais temos a convicção do interesse mútuo na permanência estão no final da fila de prioridades, tornando um assunto fácil de resolver em uma novela. Aparecem sondagens de clubes importantes dos cenários nacional e internacional, dificultando a negociação.

Os últimos casos mais relevantes são do zagueiro Dedé e do lateral Mayke. Relevantes, pois tratam-se da contratação mais cara de nossa história e uma das maiores revelações da lateral direita brasileira dos últimos tempos, respectivamente. Ambos têm contrato se encerrando em poucos meses, o que possibilita a assinatura de um pré-contrato com qualquer equipe. Talvez não sejam unanimidade em nossa torcida, mas podem sair de graça sem que o Cruzeiro seja consultado.

Sobre o zagueiro, segundo o site Superesportes, “O Cruzeiro entende que, pelo tempo que Dedé ficou parado, poderia prolongar o vinculo automaticamente. O processo, no entanto, poderia ser discutido na justiça, e o clube celeste gostaria de evitar o embate até pelo que o zagueiro representa na Toca da Raposa II.”. Nossa diretoria, ultimamente, vem gostando bastante de se meter em confusão. Ao mesmo tempo em que têm a convicção de ser uma causa ganha na justiça, não querem chegar a este extremo. E o tempo vai passando.

O lateral vem se curando de uma lesão que o tirou dos gramados quase o ano inteiro e, no meu ponto de vista, tem sua renovação empurrada com a barriga pelo mesmo motivo do Dedé, citado acima. Um caso recente é o do goleiro Fábio, que teve sua prorrogação de contrato consumada aos 45 minutos do segundo tempo. Nossa prioridade na renovação é apenas um trato com aperto de mãos, não me parece que seja algo que possamos confiar.

A sensação que fica é de que o clube fica chorando miséria, tentando reduzir ao máximo a pedida salarial do atleta, mas o tiro pode acabar saindo pela culatra. A partir dos 6 (seis) últimos meses de contrato, o jogador pode assinar pré-contrato com qualquer clube, gerando concorrência e elevando os valores pedidos para a renovação. Jogador brasileiro não faz contrato por amor ao clube, ele joga onde recebe mais. E estão certos, errada está nossa diretoria em não evitar que este desgaste aconteça.

Esperamos que o amadorismo transmitido pelos nossos comandantes seja apenas impressão e que eles tenham a situação sob controle, pois vexames protagonizados por eles ultimamente tem sido rotina.

Por: Luciano Batista