Uma nova e necessária filosofia


Desde o “boom” no ano passado, com as saídas de membros da diretoria executiva do Cruzeiro, estamos presenciando uma verdadeira revolução na gerência do futebol do Maior de Minas. Pensamentos modernos e ambições renovadas fizeram bem ao clube no final de 2015 e esperamos que também façam em 2016 e nos próximos anos, com a implantação de uma filosofia vencedora e sustentável. Pelo menos é o que mais é dito pelos novos profissionais da nossa diretoria.

Essa nova filosofia passa por uma nova estrutura de gerenciamento do produto final do Cruzeiro. O futebol.

Neste inicio de ano já podemos observar que as contratações são mais estudadas e fundamentadas que em épocas anteriores. A se confirmar a contratação de Cuellar, o clube estrelado contará com 6 (seis) novos jogadores em seu elenco principal e a tendência é que pare por aí, a não ser que surja um negócio de ocasião imperdível.

Este número já é o menor dos últimos anos, à exceção de 2014, quando tínhamos uma base campeã nacional já montada. Isso nos dá esperança de que não aconteçam aquelas contratações descabidas como as do ano passado onde, a certa altura do Campeonato Brasileiro, contávamos com 5 laterais esquerdos no elenco, por exemplo. A expectativa é a redução da margem de erro. Com contratações reduzidas e mais certeiras (esperamos), abre-se um maior espaço para jogadores formados na Toca I.

Temos uma base muito forte. Uma das melhores, se não a melhor do Brasil atualmente. Reflexo disso é que estamos nas quartas de final da Copa São Paulo sub 20, colecionando novos títulos em categorias inferiores e revelando grandes nomes para o futebol. O belo trabalho na base está sendo feito com a implantação do DNA cruzeirense nos atletas desde pequenos. Jogo ofensivo e de posse de bola é o que nos diferencia dos demais.

Vejo projetos com os jovens atletas, como os treinamentos onde os jogadores fazem a atividade na rua, descalços, em espaços irregulares para melhorar o domínio e controle de bola e me vem a esperança de que novos grandes craques apareçam na nossa base, onde o porte físico não é mais o principal requisito para o ingresso de um atleta no clube.

O Cruzeiro hoje é um sistema que funciona uniformemente. O estilo de jogo é o mesmo, desde a categoria mais inferior, até os profissionais. Isso facilita bastante a adaptação do jogador formado na Toca I ao elenco principal.

Investimento em base é pequeno, em comparação com as contratações para o profissional. O retorno é maior e mais garantido, quando o trabalho é bem feito. Em tempos de cortes de gastos e refinanciamento das dívidas pelo PROFUT, a base é a grande saída para os clubes (inexplicavelmente) menos favorecidos pelas cotas de TV. Parece que o Cruzeiro enxergou essa oportunidade antes dos demais, pois já estamos colhendo os frutos do investimento na base da nossa estrutura, que nos deixa sólidos até a última ponta.

O trabalho é longo e árduo. Reestruturar um clube do tamanho do Cruzeiro é tarefa das mais difíceis, mas temos a confiança de que está sendo feita por grandes profissionais. Cada um trabalhando com o que lhes compete me deixa esperançoso para os próximos anos e na luta incansável contra as disparidades financeiras do eixo.

Precisamos ter calma neste momento de transição, pois ele é importantíssimo para o futuro do Cruzeiro a médio e longo prazo. Temos cruzeirenses de verdade cuidando do Cruzeiro. Pessoas que querem o bem do clube tanto quanto nós, torcedores “comuns”.

Eu diria que, após a fundação, este é o momento mais importante da história do Cruzeiro. Um divisor de águas. E nossa atitude como torcedores, pode ajudar ou atrapalhar os planos futuros. E eu escolhi ajudar.

Por: Luciano Silva