Uma dose de sensatez, por favor


Um bom jogo. Dois times com propostas bem definidas: um a fim de vencer, o outro a fim de não perder. O Cruzeiro tratou de pressionar, de dominar as ações. Foi incisivo, buscou o gol a todo o instante. Méritos do adversário, que se fechou bem, e se aproveitou do único contra-ataque que teve em 90 minutos. Futebol, amigos. Por fim, ainda conseguimos um empate, na base do abafa, e este ponto faz toda a diferença ao fim da rodada, já que mantém a diferença para o segundo colocado em 7 pontos.

Oito rodadas do fim, liderança garantida por, no mínimo, duas rodadas em que tudo dê errado… Bom, não é mesmo? Não para a maioria dos pouco mais de 26 mil presentes no Mineirão (e para uma boa parte da torcida celeste).

Esta reta final do Brasileirão trouxe à tona, novamente, aquela velha mania de se achar que todo jogo pede espetáculo. Não sejamos ingênuos! Todo time vem ao Mineirão no intuito de tirar pontos da melhor equipe do campeonato e, para isto, se entregam como nunca. Hoje, por exemplo, víamos o centroavante da equipe adversária marcando o lateral-direito. Não é comum, é o efeito negativo que a liderança traz.

Claro, o Cruzeiro precisa melhorar sua eficiência para, talvez, tentar minimizar qualquer problema em decorrência da luta adversária; todavia, o incremento de nossos esforços não é garantia de vitória. Hoje vimos um Cruzeiro bastante incisivo, que conseguiu criar; contudo, hoje também vimos um Fernando Prass inspirado, e um sistema defensivo impecável da defesa mais vazada do campeonato – para vocês perceberem o quanto todo time cresce contra o melhor.

O problema maior não foi em campo, foi fora dele. Daquela boa parte que espera o espetáculo, e se recusa a apoiar quando a situação aperta. Não me sinto dizendo nenhuma injustiça nesta frase; basta ouvir as vaias que surgiram logo após o gol de Mouche. Isso mesmo, vaias. A liderança não é o suficiente? A vantagem não é suficiente? O pouco tempo para o fim do campeonato não é o suficiente? A partida satisfatória não é suficiente?

Os que deveriam abraçar o time, acabam trazendo mais nervosismo para dentro de campo.

A vaia tem o poder desagregador. Não podemos perder a sinergia entre torcida e time; o que foi um diferencial no ano passado, pode começar a pesar contra nós. Não podemos cair na onda de alguns que acham que está tudo errado. Se estivesse, não acredito que estaríamos vivos na disputa do Brasileiro e da Copa do Brasil, a esta altura da temporada.

Não sou adepto do tal “apoio incondicional”, pois creio que em certos momentos, a cobrança é justa. Não podemos abusar, nem em um ponto, nem em outro. Sensatez é a palavra chave.

O momento pede para que estejamos mais que fechados, blindados com o Cruzeiro. Proteger o time de qualquer movimento desestabilizador, não ser este movimento. Sabemos onde este elenco pode chegar; a confiança já foi colocada à prova algumas vezes, e não nos decepcionamos.

Custa confiar um pouquinho mais?

Por: Pedro Henrique Paraíso