Um domingo sem Cruzeiro


O Cruzeiro jogou na última quinta-feira e atropelou o Botafogo no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. Mesmo jogando no Rio de Janeiro, o escrete celeste enfiou um impiedoso 5 a 2, colocando um pé e meio na próxima fase do maior mata-mata nacional, aquele torneio que já somos tetracampeões. Mas outro aspecto precisa ser lembrado no momento, que é a tristeza genuína que cada um de nós, cruzeirenses, sentimos por não ter jogo do estrelado neste domingão. Será uma eternidade até que a bola role na próxima quinta-feira, quando temos pela frente o clássico contra o América, no Independência.

Poucos indicadores são um termômetro mais preciso sobre a fase de um time sobre o quanto esperamos pelo próximo jogo. Neste momento em que os comandados de Mano Menezes estão com a faca entre os dentes para consolidar nossa reação na temporada, na torcida o sentimento é o mesmo. Que venha logo o próximo embate, que apareça logo o adversário – desavisado e petulante – que a rodada impõe. E assim como sabemos das limitações que o time tem, temos consciência de que com algum entrosamento e embalo, é difícil parar o Cruzeiro.

Prova maior disso é a história que temos escrito recentemente nos Campeonatos Brasileiros. De 14 edições no formato de pontos corridos, trouxemos a taça em três oportunidades, sempre de maneira incontestável. E nas três ocasiões supracitadas, emplacamos sequências de bons resultados que minaram qualquer chance dos oponentes. Sempre que você disputa um título e tem um antagonista claro (como tivemos Santos, Botafogo e São Paulo, nas três conquistas), obrigatoriamente você assiste dois jogos. Torce pelo seu time e seca descaradamente o inimigo. E o tropeço de um representa ganhos incalculáveis para o outro. Na tabela, na confiança, no moral e na inflamabilidade da torcida.

Em 2016, não temos um antagonista. Pelo péssimo início de percurso, vivemos um campeonato diferente, com pequenos objetivos a alcançar. O primeiro grande desafio é sair de perto da zona de rebaixamento. Por isso, vale a pena secar todo mundo que está perto na tabela e, imediatamente, já se preparar para mostrar quem manda no “Ginásio do Horto” sendo esmagadora maioria no clássico de quinta. Cada capítulo assume contorno de decisão e um triunfo pode nos fazer saltar mais três posições na classificação. Assim como um insucesso pode nos custar quatro postos…

Gosto sempre de salientar o quanto uma sequência de vitórias muda totalmente o astral de um time e inverte sua realidade no sempre equilibrado Brasileirão. Seis jogos sem perder já nos fazem olhar para o alto com alguma esperança, especialmente quando lembramos que estamos a apenas 11 pontos do último integrante do G4. Pensando jogo a jogo, com a frieza e o calculismo peculiares aos times de Mano Menezes e contando com a efervescência do apoio da maior torcida de Minas nos estádios, é difícil duvidar de algo. Difícil, porque impossível mesmo, só descrever o tamanho da tristeza de um domingo sem Cruzeiro.

Por: Emerson Araujo

Foto: Pedro Vilela / Agencia i7