Um Cruzeiro que nos permite sonhar


Saudações, China Azul!

Antes de começar a discorrer sobre a atuação da equipe celeste contra o Goiás, permitam-me propor uma seguinte reflexão: alguém acreditaria, há dois meses atrás, depois de todas as trapalhadas da diretoria e do ex-treinador, que estaríamos celebrando tamanha evolução da equipe, chegando a sonhar com a vaga na Taça Libertadores de 2016?

Pois então, estamos na briga!

Ontem, contra o Goiás, a equipe celeste venceu mais uma vez, ampliando a sequência invicta para oito partidas. Embora o futebol apresentado não tenha sido tão convincente, principalmente no aspecto defensivo, o importante em uma partida de futebol é botar mais bolas na rede que o adversário. O tento de Arrascaeta e, principalmente, as defesas de Fábio, foram fundamentais, se é que temos alguma pretensão a mais neste campeonato.

O Cruzeiro, na teoria, iniciou a partida com o mesmo padrão tático das últimas partidas. Todavia, a mudança de Allano por Marcos Vinícius causou um certo desequilíbrio pelo lado esquerdo da defesa. Isso facilitou as subidas do Goiás que, com muita velocidade pelas pontas, fez com que Fabrício ficasse a ver navios. Não fossem as intervenções de Fábio, o placar seria aberto pelo adversário logo nos primeiros minutos. Mesmo com o problema de recomposição, o time atacava bem, criava chances, mas pecava no passe final ou nas finalizações.

O gol saiu logo aos cinco minutos da segunda etapa, após Arrascaeta aproveitar o rebote do goleiro Renan, em um chutaço de Willian. O técnico Mano Menezes, de forma sábia, fixou Ariel Cabral no auxílio da marcação pelo lado esquerdo, liberando Marcos Vinícius das suas tarefas de recomposição. Embora tal atitude tenha exposto o meio-campo celeste, as chances no contra-ataque apareceram, mas a ineficiência voltou a operar. O controle de jogo celeste, que passa pelo alto índice de acerto de passes, ficou prejudicado, já que os principais passadores não estavam em um dia muito inspirado.  Fábio continuava operando milagres, na sua melhor atuação na temporada; Bruno Rodrigo estava impecável nos desarmes e preciso nos cortes. A pressão final do adversário seria totalmente plausível, devido à situação desesperadora em que se encontram. Ao final, a honra a quem concluiu o objetivo do esporte.

O G-4 ainda está distante. Mas, diferentemente do Cruzeiro de dois meses atrás, este nos permite sonhar. Não apenas pela sequência de jogos sem derrota, mas porque hoje o time tem um padrão tático eficiente, jogadores recuperando o bom momento que ainda não havia aparecido em 2015 e um treinador atento às nuances de cada partida, não se limitando a comentar a “normalidade” dos fatos.

Em um campeonato tão equilibrado como é o Brasileirão, é normal que as equipes de cima tenham dificuldades mesmo se enfrentam equipes da parte inferior da tabela. Eles podem tropeçar, nós não. Se não havia permissão ao erro enquanto a briga era contra o Z-4, com pretensões maiores esta exigência ainda é maior. Abro mão do bom futebol, neste momento; quero vitórias. Apenas os três pontos a cada rodada podem colocar o Cruzeiro em condições de lutar para entrar no grupo dos quatro primeiros.

Para um ano que estava totalmente fadado ao fracasso, a temporada de 2015 vai terminando nos dando um gostinho do que pode vir por aí em 2016. Os pés estão fixos no chão, mas a cabeça vai nas alturas. Sim, é permitido sonhar.

Por: Pedro Henrique Paraíso