Torcida chata, quem te merece?


Torcida chata, ninguém te merece!

Venho percebendo, com os últimos acontecimentos, uma tendência na torcida cruzeirense: A necessidade de auto-afirmação. Essa necessidade acompanha a própria evolução (ou falta de) da sociedade como um todo. A internet é uma ferramenta fantástica, que nos possibilita enorme ganho de conhecimento, mas que vem sendo usada de forma bastante infrutífera pelos que a consomem.

Todos sabem que a torcida cruzeirense é exigente. A história nos fez assim. Porém, tal afirmativa é usada como trampolim para que as pessoas sejam babacas. Temos consciência de que nosso clube não passa por um bom momento, mas essa fase não nos dá o direito de agir, livremente, de forma imbecil.

marcelo

 

Nessa última semana vi e ouvi alguns relatos que me fizeram pensar bastante no rumo em que estamos. Soube que jornalistas portugueses estão cobrindo o trabalho do Paulo Bento por aqui, mas, por várias vezes, são ridicularizados por torcedores sem qualquer motivo aparente. É uma cobertura internacional, divulgando nossa marca, que pode ser interrompida a qualquer momento pelos que a fazem, com receio de serem alvos. Eles não precisam do Cruzeiro, mas essa cobertura pode nos ajudar.

Há uma semana apresentei a o “Guerreiros em Debate”, da Radio GDG, e me espantei com comentários de alguns torcedores, mas um me chamou a atenção. Um torcedor criticou o trabalho da nossa atual diretoria. Até aí tudo bem. Entretanto, logo em seguida, completou dizendo que eles não sofrem como nós, torcedores comuns, sofremos. Agora se coloque na pele de um dirigente, torcedor, que tem nas mãos a responsabilidade de gerir um clube do tamanho do Cruzeiro.

Eu, como torcedor “comum”, saio de casa todos os dias com a cabeça tranquila de que não serei assassinado por um louco que coloca o clube acima de tudo. Mas só tenho essa certeza, pois não tomo decisões que ditarão o futuro do meu clube de coração. Imagine a pressão de quem tem essa responsabilidade, sem receber qualquer remuneração para tal. É importante frisar que devemos sim cobrar resultados, mas isso pode ser feito de forma que ninguém tenha medo de sair de casa, ou que não afete a vida pessoal de quem estamos cobrando. Todos somos seres humanos.

Fui um torcedor meio extremista em um passado recente, mas o próprio amadurecimento nos faz enxergar as coisas, de forma que fique claro que posso conseguir algo sem precisar me comportar feito um homem das cavernas.

Acompanho bastante a opinião da nossa torcida através das redes sociais. Antes da contratação de Sóbis e Áblia, foi lançada no twitter a hashtag #OBoiVenceOMal, tirando sarro de uma frase muito usada pelo Bruno Vicintin, relacionando com sua atividade de cunho pessoal/profissional, mas que não tem nenhuma relação com o Cruzeiro. O próprio Bruno entrou na brincadeira após o anuncio dos reforços, e acabou relativizando a “campanha” que foi criada na intenção de ridiculariza-lo. É surreal.

A falta de noção dos torcedores está tão aflorada que chegou ao ponto de a esposa do zagueiro Dedé fazer um desabafo denunciando mensagens enviadas ao jogador por torcedores, cobrando sua volta e culpando o próprio atleta pela sequencia de lesões que vem tendo.

Você, torcedor, que anda dizendo qualquer bobagem na internet pensando que são apenas palavras vazias, pense que seu comentário pode ser grande incentivador para o ato de um louco qualquer que te acompanha nas redes sociais. Ou que pode chegar, ainda que sem querer, a quem você está ofendendo, e acabar causando um mal psicológico inútil e evitável. Precisamos tratar o futebol com menos exaltação. Todo e qualquer extremismo é ruim, não apenas no futebol, mas em todos os setores da nossa vida.

“Futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes.” – Arrigo Sacchi .

“Torcedor é tudo otário” – Adriano Gabiru.

Por: @luciansno