Sugestões para um destreinador


Vanderlei Luxemburgo tem sido merecidamente muito criticado na atual passagem pelo Cruzeiro. Na coletiva tradicional de sexta-feira, reclamou que grupo, comissão e diretoria tem tomado muita porrada e nenhum apoio. Pois bem, resolvi ser legal. Vou dar mais do que apoio, mas oferecer algumas sugestões óbvias de quem assiste aos jogos do Cruzeiro desde que se entende por gente. Posso não ser um treinador de renome, mas garanto que posso ajudar a enxergar bem quais são as principais razões para o time não sair dessa fase horrorosa.
Primeiramente, senhor destreinador, o mais básico. Um time de futebol precisa aperfeiçoar as situações de jogo no treino para que as coisas aconteçam bem no campo. Como assim? Bem, os times jogam duas vezes na semana, por média. Tirando aí mais dois dias após os jogos de viagem e descanso, restam 3 dias na semana, certo? Sabe o que você faz nesses dias? Treinamento. Ensina para os jogadores o que fazer, para que eles tomem as melhores decisões quando a coisa está valendo. Sabe, saída de bola? Transição do meio para o ataque, subida de lateral, cobertura dos volantes… essas coisas.
Ah, um detalhe. Finalização também tem que ser trabalhada, viu. Em 20 jogos no Brasileirão o Cruzeiro marcou 15 gols. Presta atenção, o time tem média inferior a um gol por jogo, isso é coisa de time que realmente merece brigar contra o rebaixamento. Quando um jogador treina chute a gol, das mais variadas distâncias, ele tem uma chance muito maior de acertar a casinha durante o jogo. A mesma lógica se aplica para as bolas paradas, que eram uma marca registrada do Cruzeiro vitorioso nos últimos anos. Os nossos zagueiros, outrora artilheiros, não diminuíram de tamanho, a bola que não chega mais com qualidade. Trabalho é a resposta para mais essa deficiência atual.
Se entender essa primeira lição, todo o resto se ajusta. Mas vou tentar mais alguns detalhes simples, no que diz respeito as peças. Deixa o Mayke recuperar da lesão com calma para ver se ele volta de modo decente. Ceará fica meses fora da relação para os jogos e surge como titular em um jogo decisivo? Muito estranho. Talvez o Fabiano mereça uma sequência real de partidas como titular para ver se repete o bom rendimento dos tempos de Chapecoense. Sobre os zagueiros, Manoel é o melhor disponível, enquanto Dedé não volta. Independente disso, desconsidere o Paulo André. A lentidão do homem do Bom Senso irrita até o mais paciente dos torcedores. Léo, Bruno Rodrigo, Alex ou Douglas Grolli: qualquer um seria uma aposta melhor.
No meio, vamos dar uma oportunidade para o Eurico, para o Bruno Edgar, para o Ariel Cabral… A única certeza que fica é que Charles não dá. O time precisa de um pouco mais de leveza, mobilidade, disposição… Algo que esse ex-jogador não tem oferecido. Você que é tão ousado com alguns jogadores, seja um pouco mais coerente, querido destreinador. Até mesmo para dar oportunidades reais para o Gabriel Xavier, por exemplo. Ali na meia direita, onde ninguém se firmou. Pode apostar no Damião, se a bola chegar ele provavelmente voltará a ter um bom rendimento. E torça para que Alisson siga saudável e disposto, pois ele é a sua grande esperança de manutenção no cargo.
São coisas simples. Ter critério, usar os jogadores que estão no elenco e parar de correr atrás de possantes Uillian’s Correia’s. Enxergar a má fase dos jogadores, dar confiança a quem entra e fazer o simples são ações que você pode tomar imediatamente. Para voltar a ser aquele treinador, considerado o melhor do Brasil, você não tem que inventar esquemas mirabolantes. Basta aplicar o seu conhecimento no futebol e querer de fato fazer as coisas darem certo. Dá um tempinho na jogatina também, foca no seu ganha pão. E não se resigne a engordar mais sua conta bancária com multas rescisórias. Mude sua história e volte a ser um treinador, Luxa. Ainda há tempo: só depende de você.