Sócio do Futebol: é hora de mostrar a nossa força



Alô China Azul! É com muito prazer que inicio minha coluna no GDG. Espero que caminhemos juntos e que eu possa trazer opiniões e informações relevantes para todos vocês!

Com certo atraso (leia-se: Carnaval), começarei falando sobre o projeto “Sócio do Futebol”, anunciado na última sexta-feira pelo Cruzeiro. Basicamente trata-se de uma evolução do Cartão 5 Estrelas, ou uma nova modalidade do programa, onde o torcedor terá acesso a todos os jogos nos quais o Cruzeiro for mandante. Valores e outras informações serão divulgados apenas em abril, próximo à estreia no Campeonato Brasileiro.

Os planos vigentes até então do Cartão 5 Estrelas são: Branco, cujo valor mensal de R$ 18,00 dá direito a um ingresso com 50% de desconto por jogo; e Azul, de R$ 33,00 e dois ingressos pela metade do preço. Vale ressaltar que o clube paralisou as adesões ao Cartão até o lançamento oficial do novo programa.

Passadas as informações necessárias, quero discutir a importância desse tipo de ação para um clube de futebol, sobretudo para os brasileiros. Ao falar de programa de sócios, não há como deixar de mencionar o Internacional, de Porto Alegre. O clube gaúcho possui o maior número de sócios do país e está em segundo na América do Sul, superado pelo River Plate – aliás, há quem diga que os argentinos já ficaram para trás, porém não foi confirmado oficialmente.

O fato curioso é que o Cruzeiro está seguindo a ordem inversa das ações implantadas pelo Internacional. Os gaúchos iniciaram o seu programa de sócios oferecendo acesso gratuito a todos os jogos do clube, por um valor mensal de R$ 45,00. Esse módulo de associação persistiu até que a marca de 45 mil sócios fosse atingida, no final de 2006. Desde então, a única categoria existente custa R$ 20,00 mensais ao torcedor que, entre outras vantagens, compra ingressos com 50% de desconto. Há que se destacar também que o sócio tem direito a voto para presidente e conselheiros do clube. A mudança ocorreu devido à capacidade máxima do estádio Beira-Rio, que suporta 56.000 torcedores. Em 3 de dezembro de 2008, o Internacional enfrentou o Estudiantes (aquele mesmo que sucumbiu frente ao Gladiador Azul, semana passada) pela final da Libertadores, jogo que ficou marcado pelo público de 51.803, todos associados do clube (2.500 eram sócios do clube argentino). Pela primeira vez na história do futebol brasileiro, uma partida recebeu apenas sócios.

O Cruzeiro definiu um limite máximo de 30 mil associados, já tendo em vista os jogos a serem realizados no Independência, devido ao fechamento do Mineirão em 2010 para reformas. Hoje o Cartão 5 Estrelas possui aproximadamente 10 mil associados e a previsão para o Sócio do Futebol é de 20 mil adesões.

Acredito que, finalizadas as obras do Mineirão, o programa poderá ultrapassar a marca de 30 mil, chegando a um máximo de 50 ou 60 mil. Alcançada essa margem, provavelmente o Cruzeiro terá de voltar com categorias semelhantes às atuais, já que não poderá garantir acesso a todos – o Gigante da Pampulha não comportará mais que 70 mil torcedores.

Para falar de números, voltemos aos gaúchos. Segundo seu balanço financeiro de 2007 – uma vez que o balanço de 2008 ainda não foi publicado – o Internacional teve maior receita com sócios que com patrocinadores e cotas de televisão. A arrecadação só não foi superior aos valores atingidos com a venda de jogadores. Os sócios renderam ao clube mais de R$ 20 milhões, contra R$ 16 milhões da televisão e R$ 6,5 milhões de patrocínio. À época, o número de associados estava próximo aos 60 mil – hoje são mais de 80.

Assim, é fácil perceber que o Cruzeiro está agindo corretamente e são grandes as chances de sucesso. Nada mais correto que oferecer e proporcionar ao torcedor mais conforto e estreitar esse relacionamento. Isso poderá tornar o clube mais viável economicamente e, por isso, o cruzeirense também deve fazer a sua parte e colaborar.

É importante destacar também que não basta apenas garantir acesso a todos os jogos: é necessária uma série de vantagens para atrair inclusive cruzeirenses não-residentes em Belo Horizonte. Citando novamente o Internacional, os sócios recebem a revista mensal do clube, têm desconto em mais de 300 lojas conveniadas e no estacionamento do Beira-Rio, participam de sorteios e promoções exclusivas, entre outros benefícios.

Em discussões sobre o assunto na comunidade do Cruzeiro no Orkut, vários pontos foram destacados e uma exclusividade interessante a ser oferecida ao sócio é um e-mail personalizado, algo como seunome@socio.cruzeiro.com.br. Claro que ficaria a cargo do departamento de tecnologia estudar a viabilidade da ideia.

Por fim, talvez uma das informações mais importantes e que fará toda diferença para a grande maioria dos cruzeirenses é o valor mensal do Sócio do Futebol, mas só saberemos em abril. Como citado anteriormente, quando o Internacional possuía essa forma de associação, eram cobrados R$ 45,00. Tudo dependerá do planejamento financeiro que está por trás do programa, mas acredito que o valor pode ficar na faixa dos R$ 50,00 (suposição única e exclusivamente minha). Tomando como base esse mês de fevereiro, foram quatro jogos no Mineirão com mando de campo do Cruzeiro. Calculando rapidamente e considerando o valor de R$ 15,00 por jogo para a cadeira lateral, por mês o torcedor teria um gasto de R$ 60,00, ou seja, R$ 10,00 mais caro que o valor colocado acima. É importante destacar que na Libertadores o anel superior custou R$ 35,00, o que aumentaria (e muito) essa conta. Logo, provavelmente valerá muito a pena para nós cruzeirenses sermos Sócios do Futebol. E se você já for associado do Cartão 5 Estrelas, melhor ainda, uma vez que ainda tem o valor mínimo de R$ 18,00 mensais sendo contabilizado.
 
Estou ansioso para ver o Cruzeiro com 30 mil sócios e num futuro próximo, depois da reforma do Mineirão, chegar a mais de 50 mil. Estou sonhando alto?

Saudações celestes!