Só o gol interessa


Meu plano era de fazer um texto pra cima, chamando a torcida para empurrar o time para a vitória sobre o Atlético-MG, no clássico de amanhã. Entretanto, diversas outras pautas surgiram após as duas derrotas seguidas que nos recolocaram no pesadelo do rebaixamento. O que por um lado é bom, para tirar nossas ilusões de uma vez por todas e nos fazer entender que se o time não começar a ser efetivo, marcar gols e ganhar partidas, nós vamos pra Série B. O clássico passa a valer muito mais. E alguns detalhes sobre o futebol precisam ser analisados vez ou outra.

Sabe quando os jornalistas fazem todas aquelas análises sobre o jogo, mostrando o mapa de calor de determinado jogador, as movimentações, o posicionamento, as jogadas ensaiadas, o que deu certo ou errado… Sou um grande fã disso. Acho que os detalhes fazem uma diferença gigantesca no resultado final das partidas. Mas tem um detalhe, que já foi citado pelo treinador tetracampeão do mundo, Carlos Alberto Parreira, que é a única coisa que importa no futebol. Fazer o gol.

Por isso Ábila caiu nas graças da torcida tão rapidamente. Ele não faz graça, não tem firula, ele simplesmente faz gol, joga sempre tendo isso como meta. Por isso tenho tanta preguiça de Willian, por exemplo. No jogo contra o São Paulo, ele chapelou adversários em duas oportunidades. E daí, meu amigo? Onde é que isso vai nos levar? Se você é um atacante, sua função é fazer gol, finalizar bem, ser mortal. Na cara do gol, o Bigode se apequena. Parece ter medo de fazer gol, e, por isso, não faz. Saem apenas finalizações fracas, inférteis, na mão do goleiro.

Ainda sobre a derrota para o tricolor paulista, o primeiro tempo foi sofrível. Não fosse Rafael, teríamos tomado no mínimo mais dois gols. Confesso que considerei o gol de Wesley defensável, nosso goleiro demorou uma fração de segundos para saltar na bola e foi castigado. Mas o bom segundo tempo e o pênalti defendido mostram que goleiro não é o problema do time. A falta de criatividade e a pouca movimentação sim, são problemas gritantes. Sem Ábila e Arrascaeta, sabíamos que seria difícil fazer gol. Especialmente pelas substituições pelo já citado Willian e pelo sempre improdutivo Rafinha.

E mesmo jogando mal na primeira etapa, e melhorando consideravelmente na complementar, o time não foi agressivo. Parecia incapaz de agredir o São Paulo, mas teve uma chance claríssima no fim, nos pés de Alisson. Se o camisa 11 finalizasse melhor, estaríamos comemorando 1 ponto fora de casa e provavelmente esse texto não existiria. O gol é exatamente isso, o ponto de virada em qualquer história. E enquanto estivermos sujeitos ao destempero de Manoel, a completa incompetência de Lucas, a complacência de Henrique e a inoperância de Willian, teremos uma luta hercúlea para evitar a queda. Mas se a bola entrar no próximo jogo, tudo o que foi dito aqui vai pro espaço. E estaremos todos juntos, comemorando.

Por: Emerson Araujo

Foto: Marcello Zambrana/AGIF