Sem ilusões: o G4 não virá


Antes dos xingamentos, tenha consciência que este é um texto anti-zica. Mas observando de modo geral o desenrolar das últimas rodadas do Brasileiro e os míseros 6 pontos de distância para o último integrante do G4, sou obrigado a concordar que existe uma possibilidade de ainda disputarmos a Libertadores em 2016. Porém vejo isso como uma ilusão desnecessária e que pode trazer para a torcida um ar de insucesso a um espetacular trabalho que Mano Menezes vem realizando desde que chegou. E o nosso objetivo nessa temporada, após a desastrosa vinda do destreinador, é muito claro: se manter na primeira divisão. Tal qual fizemos em 2012, com o asqueroso Celso Roth.

Então significa que eu não vá torcer para que o Cruzeiro vença os seis jogos e consiga essa espetacular arrancada? Claro que não, cara pálida. Estarei torcendo em todos os jogos, comparecerei ao Mineirão para endossar esse apoio irrestrito e peço que todos continuem junto com os nossos guerreiros. Trata-se apenas de não alimentar ilusões, porque é muito improvável ultrapassar todos os times que estão em nosso caminho. E convenhamos, o Brasileiro é muito difícil de se jogar. Pensar que venceremos todos os duelos, incluindo Palmeiras e Internacional longe do Mineirão, é surreal demais. Pode acontecer, mas não podemos nos apegar a essa utopia.

Acredito que podemos vencer bem os próximos três jogos contra Avaí, São Paulo e Sport. E o que acontecerá nos últimos jogos, a pressão e o confronto direto vai decidir. Somos hoje franco atiradores nessa disputa e esse cenário é extremamente favorável já para a montagem do time para o próximo ano, com jovens ascendendo ao time principal e se tornando peças importantes. Marcos Vinícius é o maior exemplo de evolução que temos observado nos últimos jogos, sabendo escolher melhor as jogadas entre dribles e passes, ao contrário de suas primeiras partidas pelo clube, onde buscava sempre o lance individual e perdia a bola de modo recorrente.

Se a hoje almejada vaga entre os quatro não vier, o que é mais provável, teremos então a oportunidade de montagem de um time com calma, para ser trabalhado nos torneios de primeiro semestre (estadual e/ou Sul Minas) e nas primeiras fases da Copa do Brasil. Tempo para treinamentos, ajustes, pré-temporada… isso me soa muito bem, como uma vantagem a longo prazo, para a temporada que virá. Com o desempenho recente da equipe de Mano Menezes, a limpa de alguns elementos que pouco tem acrescentado ao time e a chegada de reforços pontuais, vejo o trabalho sendo realizado da forma correta, com critério e perspectivas de sucesso.

A receita já deu certo, todos nos lembramos bem. O time de 2013 tinha aquele cheiro de que ia dar certo desde o início, quando as maiores esperanças estavam depositadas na dupla Diego Souza e Everton Ribeiro. O primeiro não conseguiu ser a estrela da companhia, como se imaginava, mas muitos outros jogadores cresceram naquele contexto e apareceram para montar um dos melhores times que o futebol brasileiro já viu. Portanto o cenário é de otimismo, mesmo que o título desse texto denote outra ideia. O Cruzeiro é gigante e tem tudo para retornar ao protagonismo na próxima temporada.

Por: Emerson Araujo