Robinho chamou a responsabilidade, mas isto era função dele?


Salve, China Azul!

Em entrevista coletiva, o meia Robinho, recém-chegado do Palmeiras, surpreendeu a muitos com uma declaração. Em uma certa altura da entrevista, perguntado sobre como o Cruzeiro pode tentar resolver seus problemas dentro de campo, o camisa 19 deu a seguinte declaração:

– Acho que a gente resolve trabalhando e conversando. Procurei e falei com o Lucas, com o Henrique, ter uma conversa legal só os atletas. Encarar as coisas. Os jogadores mais velhos têm que chamar a responsabilidade, para deixar os mais novos tranquilos, porque sabemos que são os mais novos que têm qualidade e eles que vão decidir.  Temos que deixar os mais novos tranquilos, passar tranquilidade para que eles decidam para a gente.

Dentro do elenco celeste, Robinho foi um dos últimos a chegar. Desde que entrou, promoveu uma sensível melhora no meio-campo celeste, trazendo um toque de qualidade da intermediária para a frente. Mas o que seria apenas uma referência técnica, se transformou em uma liderança, assumindo o protagonismo em uma semana decisiva.

Mas, por quê Robinho?

Explico. Não é ruim o jogador ter colhões, mas muito me admira esta atitude partir de alguém que acabou de chegar. Aonde estão os mais experientes do grupo atual? Por que eles não chamaram para si a responsabilidade? Por que não este discurso mais incisivo, ao invés daqueles velhos discursos de sempre, do tipo “estamos trabalhando”, “falta retomar a confiança”, “vamos melhorar”?

Dias atrás, logo após o Cruzeiro ter sido goleado pelo Santa Cruz, o repórter Samuel Venâncio, da Rádio Itatiaia, tentou entrevistar o zagueiro Bruno Rodrigo, que afirmou não querer falar. O próprio Samuel disse, com todas as letras, que ele, como um dos jogadores mais experientes do elenco, deveria ser o primeiro a dar a cara a tapa. O zagueiro é só um reflexo das atuais referências do elenco celeste: todos parecem passivos, morosos, como se não entendessem que a torcida do Cruzeiro não tem o costume de ver o time nesta fase pífia.

O problema do Cruzeiro é puramente técnico. Não é meia hora de conversa que vai fazer com que o time renda mais. Todavia nós, torcedores, precisamos de representantes neste elenco, que não se conformam com essa má fase, que desejem e se empenhem em tirar o Cruzeiro deste buraco. Precisamos de jogadores dispostos a assumir e dividir as responsabilidades.

É hora dos grandes jogadores desse elenco também se pronunciarem.

Por: Pedro Henrique Paraíso