RESUMO DA PARTICIPAÇÃO DE ADÍLSON BATISTA NO PROGRAMA “GUERREIROS EM DEBATE”


Foto: VipCommNa noite de Segunda-feira, no dia 20 de agosto, a Rádio GDG recebeu no programa “Guerreiros em Debate” a ilustre presença de Adilson Batista. Todos os torcedores estavam ansiosos para ouvir o que tinha a dizer o nosso convidado especial, que foi jogador e comandante do Cruzeiro.

Zagueiro de excepcional qualidade e que honrou a camisa celeste, iniciou sua carreira como jogador em 1986, no Atlético-PR e, em 2001, a encerrou no Corinthians. Sofreu duas graves lesões ao longo desse tempo. Entretanto, sua excelente condição técnica o permitiu que fosse um atleta de altíssimo nível. Logo após, no mesmo ano, decidiu se tornar treinador.

Os apresentadores da noite João Henrique Castro e Thalvanes Guimarães, iniciaram o programa fazendo um retrospecto de sua carreira aqui no Cruzeiro, de jogador a treinador. O ex-zagueiro lembrou-se do momento em que saiu do Atlético-PR para defender o Cruzeiro.

“Tive convivência com grandes profissionais que me ajudaram a crescer profissionalmente. Jogávamos no Mineirão. Você vê a grandeza do clube, a dimensão da torcida. Foi uma satisfação enorme jogar no Cruzeiro, tentando sempre correr e lutar. O torcedor preza por dedicação e empenho”, conta Adilson, que teve passagem pela Raposa no período de 1989 a 1993.

A Supercopa de 1992, competição em que a Raposa teve uma média de quase 80 mil torcedores por partida, tem espaço importante no coração de Adílson. O torneio consolidou o retorno do Cruzeiro ao cenário continental, pois antes do bicampeonato na competição, o time não vencia um torneio internacional oficial desde a Libertadores de 76. O Maior das Alterosas havia despertado dos anos difíceis escuros da década de 80, onde a conquista somente de títulos regionais não satisfazia a torcida.

O Cruzeiro já havia conquistado, há um ano antes, o título de Campeão da “Supercopa da Libertadores da América”, sendo o primeiro clube brasileiro a conseguir tal triunfo. Na final que valeu o bicampeonato, a equipe celeste bateu um imponente rival sul-americano, o gigante argentino River Plate, em um jogo memorável e de muita superação dentro do Mineirão.

Para Adilson, recolocar o Cruzeiro no cenário dos melhores times continentais foi maravilhoso. Fã de Joãozinho, afirma que, no período dos anos 90, o Cruzeiro realmente se fortaleceu, principalmente com conquistas como as da Supercopa, competição que só os campeões da Libertadores disputavam e que tinha um nível altíssimo, e disputada por jogadores de muita qualidade.

“Eu senti dentro do campo o tremor, e houve um terremoto ali. A energia, os jogos… Toda semana víamos o campo lotado. Eu guardo com maior carinho aquele grupo. Foram cinco anos de amizade dentro e fora. Tinha o respeito. A gente colocava a amizade mesmo em prol do clube. Por isso a gente acabou fazendo um bom time nesse período”, lembrou Adilson.

O paranaense teve a prerrogativa de ter sido jogador e treinador do Cruzeiro. Segundo ele, foi um privilégio passar pelo clube pelo qual sente um grande apreço, porque desde que chegou foi muito bem tratado.

Também falou da diferença de cada profissão: “O jogar é mais fácil, desde que se tem qualidade. Ser treinador é mais difícil. A responsabilidade maior é no comando. O jogar é mais tranquilo e prazeroso, mas uma hora tem que parar. Com Ênio sempre cobrando e exigindo, a gente já começava a desenhar o intuito de ser treinador. Já tínhamos uma responsabilidade, inclusive, treinar o clube que você jogou e gosta”.

No início da temporada de 2008, assinou contrato com a equipe mineira. Foram quase 3 anos de trabalho. Dentro dessa transição, vimos algo que é raro: um treinador permanecer tanto tempo em um clube. Ele nos conta que, embora seja importante a boa relação com o clube, evidentemente se tem que mostrar o trabalho. Para facilitar a permanência é preciso uma aceitação maior, uma relação melhor e saber como funciona o clube.

O técnico se recordou da recuperação do Cruzeiro, após a Libertadores de 2009: “A recuperação foi fantástica. Estávamos devastados. O poder de recuperação foi bonito, porque o grupo tinha qualidade. No outro ano, o Cuca com o mesmo grupo quase conquistou o Brasileiro. Isso é trabalho. Tem que ter paciência, compreensão, discernimento para adicionar algumas criticas. É preciso conhecimento pra saber o que o profissional está fazendo. No futebol, se você joga mal, não te dão tranquilidade.”

Adilson Batista levou o Cruzeiro à final da Copa Santander Libertadores de 2009. A pergunta mais frequente entre os torcedores foi justamente a respeito dos bastidores daquela decisão. O ex-comandante azul deixou claro que não houve desentendimento algum: “O torcedor fez a parte dele comemorando na expectativa. Infelizmente teve alguns descuidos, mas não houve insegurança. Queria presentear o torcedor pelo incentivo que nos deu. A gente pede desculpas a ele. Não houve briga, vamos tirar os fantasmas. Faltou um pouco de competência”.

Foto: VipComm

Além disso, completou nos dizendo o que tomou como conclusão após rever os lances da final: “Acho que precisávamos de coerência. Colocar o melhor da partida. Hoje é fácil falar. Tem que vivenciar o momento. No momento a gente se preocupou com inúmeras situações. Infelizmente, acertaram um contra ataque rápido e um gol de bola parada. Tinha que pensar em muita coisa. Acho que fiz o que podia pelo Cruzeiro. Tentei ser coerente com todos. Faz parte do jogo”.

O ex-jogador, que como capitão do Grêmio ganhou a Libertadores, também queria conquistar esse título como treinador: “Vou lutar para que isso aconteça. Espero um dia presentear e retribuir todo o carinho que foi dado, esse esforço. Nós não conseguimos reverter aquele placar, mas temos que pensar lá na frente e tentar retribuir isso”.

Além das centenas de torcedores pedindo sua volta, havia parcela daqueles que estavam chateados com o técnico por causa de um drama ocorrido nesse ano, na troca de treinadores. A diretoria celeste procurou Adilson Batista após a demissão de Wagner Mancini e o técnico disse ‘não’.

A respeito dessa rejeição, ele justifica com questões éticas: “Eu estava no Atlético-GO e conversei. Não acho justo acho justo você estar a 40 dias e sair assim. Permaneci, e 15 dias depois fui mandado embora. Não concordei, mas não pude fazer nada. O Cruzeiro contratou um grande profissional. Celso é competente e trabalhador. As dificuldades vêm em função da competição. O torcedor tem que entender isso”.

O técnico teve uma rápida passagem por três dos maiores clubes de São Paulo – Corinthians, Santos e São Paulo, respectivamente – e, antes de ir para o último, passou pelo Atlético-PR. No Corinthians, teve um comando razoável e recheado de lesões dos jogadores mais importantes. No Santos, teve uma rápida atuação, estreando no dia 15 de Janeiro e saindo no dia 27 de Fevereiro, após um empate na Vila Belmiro. Ao chegar no Atlético-PR, encontrou uma situação difícil e alguns erros contribuíram para que ele pedisse demissão. Depois disso, ficou cinco meses parado e recebeu convite do São Paulo. Já chegou com rejeição do torcedor e empatou vários jogos. Logo após, foi parar no Atlético-GO, onde ficou dois meses no clube e teve só uma derrota, o que foi suficiente para sua demissão.

“No Atlético-GO, perdemos o estadual prejudicado pela arbitragem. É questão cultural. Não tô justificando, a gente erra também. Mas temos que ter mais um pouquinho de paciência. Mas eu me fortaleci. Passar pelos três grandes clubes de São Paulo foi um aprendizado enorme. Foi uma experiência que me fez crescer profissionalmente também”, justificou.

Adilson se divertiu lembrando-se da voadora na placa de publicidade nos acréscimos do jogo contra o Santo André, após gol de Thiago Ribeiro: “Confesso que estávamos sendo pressionados, Santo André ganhando o jogo. Conseguimos empatar e o Thiago Ribeiro conseguiu fazer o gol. Aquele momento foi de extravazar. Foi momento como torcedor. Dei um peixinho no Tita e depois derrubei a placa representando vocês torcedores no campo”.

Muitos cruzeirenses estavam loucos pra saber qual era a opinião de nosso ex-treinador, acerca da atual equipe comandada por Celso Roth. Para ele, quem está vivenciando é que tem condições de dizer isso ao torcedor. Disse que precisamos compreender algumas coisas com paciência: “Seja parceiro, cobre no momento certo, apoie nos 90 minutos. São dificuldades comuns do futebol. Se houver uma química entre o torcedor e o time, os atletas respondem bem a isso. Para mim, há dois anos fora, é difícil falar. Mas estou na torcida.”

Sobre o clássico, acrescentou: “O Celso sabe e é um treinador experiente acostumado a administrar esses jogos. Está voltando com jogadores importantes. É um jogo duro, difícil. O Atlético está jogando bem. Mas clássico é de igual pra igual. Você tem que se concentrar e isso Celso sabe fazer. Estamos na torcida para que tudo dê certo”.

Nossos Guerreiros perguntaram ao ídolo se ele estava sabendo da petição em prol do jogo de despedida do Marcelo Ramos. Ele parabenizou o Guerreiro dos Gramados pela iniciativa e disse que é um jogador que precisa de todo reconhecimento da torcida. Também nos divertiu com a pergunta: “Pode dar voadora depois do jogo ou não? Pode mandar o convite”.

Por final, Adilson Batista nos deixou uma bela mensagem: “Agradeço a todos vocês pelo carinho. Tínhamos combinado há uns 10 dias atrás. Evidente que sempre tive um ótimo relacionamento. Um dia a gente volta… Isso eu tenho certeza! Quero ainda permanecer mais uns 16 anos na posição de torcedor. Mas, no momento, é hora de apoiar o atual time. Tive momentos maravilhosos que guardo com maior carinho”.

O Guerreiro dos Gramados é quem agradece a presença de Adilson Batista. Um homem de extrema importância, que por muito pouco não conquistou um grande título da Taça Libertadores no Cruzeiro. Um profissional repleto de humildade e sensatez e que nos deu a oportunidade de conversar e ficar ainda mais próximo do mesmo.

A China Azul, mesmo com as atuais dificuldades, é orgulhosa por cada título que está na nossa estante. Adilson Batista sabe o que significa isso e foi parte importante da nossa história como jogador e técnico. As portas da Toca da Raposa 2 certamente sempre estarão abertas para este grande profissional.

Nesta segunda, o programa Guerreiros em Debate, da Rádio Guerreiro dos Gramados recebeu, AO VIVO, às 21 horas, o ex-zagueiro e ex-treinador do Cruzeiro, Adilson Batista.

Fotos: VipComm