Relato do Guerreiro Torcedor na Toca 3


Levantei ontem disposto a, enfim, conhecer o novo Mineirão, a tão querida casa do Cruzeiro, o meu time de coração. Saí de casa, sozinho, às 14h, e cheguei no estádio às 15h. Faltavam apenas uma hora para o início do jogo e comecei a conversar com uns jovens cruzeirenses, que estavam no ônibus, e que também não tinham ingresso.

Fomos juntos à procura da fila e logo quando chegamos vemos a primeira bilheteria. Algumas pessoas usavam a bandeira do Cruzeiro, mas o garoto do ‘Posso Ajudar’ indicou que a fila era para torcedores do Tombense. Duvidava da existências destes, mas, vendo com meus próprios olhos eles gritando, veio a desconfiança que recebiam cachê pra isso, já que o time tem ligações fortes com empresários.

Brincadeiras à parte, a ida ao Mineirão não teve a mesma graça de antes. Somei duas horas na fila, vi vários torcedores revoltados desistindo de entrar e só consegui ver o jogo a partir dos 30 minutos do 2° tempo. O estádio realmente está lindo, mas essas regrinhas do padrão FIFA tiram o sabor do tropeiro, encarecem o refrigerante, a água e expulsam as pessoas simples do estádio.

As pessoas, em sua maioria, assistiam o jogo sentadas. A torcida ganha em organização, mas perde em vibração. E digam o que quiser, mas não comparem o charme da torcida brasileira com a torcida européia. Estamos caminhando para sermos iguais a eles. Preferia como antes, agora, querem que o futebol seja como teatro também no Brasil. Por outro lado, com este desejo, a família pode se sentir mais à vontade e segura indo aos jogos. Está tudo mais tranquilo.

Por ter ficado pouco tempo no jogo, comprei o lanche após o árbitro dar fim à partida e fui à arquibancada para apreciar mais um pouco a nova estrutura. Não deu nem 5 minutos e os policiais já pediram a nossa retirada. “Já vamos fechar os portões”, disseram, com rispidez. A sensação de hoje, eu creio, é parecida com a de uma criança após uma reforma total na casa da vó para visita de alguém importante. Ela não pode mais pular no sofá, precisa ter mais modos e disciplina pra manter tudo no lugar e, claro, não se sente mais na sua segunda casa.

Que o Cruzeiro, o Governo de Minas e PRINCIPALMENTE a Minas Arena tomem as devidas providências para acertar os problemas. Para a casa do maior de Minas não acabar ficando vazia.