Que ironia: não querem mais a volta do mata-mata!


Salve, Guerreiros!

De forma merecida, na noite desta quinta (19/11), o Corinthians foi campeão brasileiro pela sexta vez. Em uma campanha sólida, a equipe paulista conseguiu se sobressair em todos os aspectos; não é à toa que lidera as estatísticas de melhor ataque, melhor defesa, melhor mandante e melhor visitante. Em um campeonato de regularidade, óbvio, sempre se vence o mais regular.

Mas não, China Azul, este texto não serve para exaltar o mais novo campeão brasileiro, mas sim o tratamento da mídia em uma questão que foi levantada nos últimos dois anos. Enquanto o Cruzeiro reinava absoluto no Brasil, diversos especialistas, tanto em seus sites e blogs, quanto em seus programas esportivos, diziam que o campeonato em pontos corridos era sem graça, sem emoção, usando como argumento a larga vantagem que o Cruzeiro tinha sobre os seus concorrentes.

E hoje? Por que estes mesmos senhores se calam?

Não vou sequer discutir a cobertura dada ao título do Corinthians, comparada ao dos títulos do Cruzeiro, pois já sabemos que existe a preferência da mídia com relação aos clubes de São Paulo e Rio de Janeiro. Todavia, enxergamos uma claríssima divergência de opinião naqueles que, pelo menos na teoria, deveriam avaliar apenas o que envolvem o futebol e o contexto envolvido. Chegaram a citar como explicação da “falta de graça” do campeonato o fato do Cruzeiro ter sido campeão, em 2013, no intervalo do seu jogo contra o Vitória; entretanto, nada citaram quando o Corinthians teve a oportunidade de ser campeão em um dia que sequer entraram em campo (e não o foram por causa de um gol aos 45 do segundo tempo).

Os defensores do mata-mata, na data de hoje, veneram o Corinthians. Com a campanha acima citada, lógico, é impossível negar o merecimento pelo título. Eles, contudo, usaram de memória seletiva para se esquecerem de tudo o que falaram ao longo das últimas duas temporadas. As matérias que questionavam o campeonato de pontos corridos cessaram. As declarações polêmicas também. Não existe mais a pressão dos clubes, como muitos veículos noticiaram, para mudanças no regulamento do campeonato. Tudo está bom, perfeito, maravilhoso.

Como estes senhores se, mesmo sendo o melhor time do campeonato, o Corinthians tivesse que passar por uma série de outras fases para ser campeão? No antigo regulamento do Campeonato Brasileiro, os paulistas enfrentariam justamente o Cruzeiro, que está a 11 jogos sem conhecer o que é derrota. Será que os mesmos senhores considerariam que seria injusto? Agora, com um pequeno esforço, imagine que neste cenário hipotético, o Cruzeiro consiga superar o Corinthians. Será que haveriam matérias, reportagens e declarações exaltando a “injustiça” do mata-mata, em detrimento dos pontos corridos? Como seria tratada a derrota do time que foi regular em todo o momento, para o time que conseguiu se remontar, praticamente, após a metade do campeonato?

Já temos a Copa do Brasil para gerar esta dose de imprevisibilidade ao ano. O Campeonato Brasileiro deve ser mantido como está, já que os pontos corridos premiam a regularidade, o planejamento e a estrutura, não levando em conta apenas se o time passa por uma noite infeliz.

Espero que o Cruzeiro volte a brigar pelo título brasileiro na próxima temporada, e que tenhamos um tratamento, pelo menos, um pouco menos parcial.

Na verdade, pedir imparcialidade talvez seja demais, eu entendo. Apenas gostaria de pedir um pouco de sensatez.

Por: Pedro Henrique Paraíso