Que Celso Roth irá cair é fato


A sobrevida adquirida apenas adiou sua saída do comando técnico do Cruzeiro. Certo como o sol, amigos. É só questão da próxima derrota bizarra ou o conjunto ao final do ano. Apesar de ser a favor da saída, justiça seja feita: sacrificá-lo por inteiro é burrice. Ao treinador falta material humano para desempenhar melhor trabalho.

Roth chegou ao limite tático, técnico e estratégico com essa equipe. Digo isso porque, em situação hipotética de sua permanência, duvido muito que o Cruzeiro difira do que apresenta hoje, já que brigar por uma posição entre os dez primeiro é a realista linha do nosso horizonte. O trabalho é inconstante e medíocre, assim como o elenco que o executa. Ciente disso o Cruzeiro deve agradecer aos serviços prestados e seguir com o show (de horrores) celeste.

Sou daqueles que acredita em confiança no trabalho, dar tempo para que o mesmo possa render frutos. Sem eurocentrismo, como expoentes em Alex Ferguson ou Arsene Wenger, por exemplo. Aqui, em terras tupiniquins, já podemos ver avanço nesse aspecto: Tite no Corinthians – após balançar no início de 2011, foi campeão brasileiro e sulamericano, Abel Braga – duas temporadas brigando pelo caneco – e até mesmo o rival Cuca.

Entretanto, a grande diferença entre a nossa situação e a desses outros clubes é latente: além de dar confiança e tempo ao trabalho os mesmos oferecem qualidade. Leia-se material humano. Assim, de nada adianta mudar ou permanecer com treinador, já que o que se tem em mãos é o que mais carece de qualificação. Aspecto primordial para a saída desse momento esquisito.

Porém, friamente são dois lados a serem analisados: uma mudança agora traria benefícios ou ônus refletidos no atual momento? E as opções de mercado?

O novo treinador não assumiria um clube em risco iminente de rebaixamento, o que não alivia a pressão por resultados. A grande vantagem: assumiria a equipe agora, terminaria o campeonato da melhor forma – ficando entre os dez – e utilizaria o contato e conhecimento do plantel para a nova temporada que virá.  Pulando a etapa de ser contratado em janeiro, esse novo treinador conheceria o grupo agora, teria mais tempo para introduzir sua filosofia de trabalho e repensar o que pode ser feito para 2013, já em 2012. Esse é meu grande ponto a favor de uma eventual mudança.

Seguimos essa fórmula anteriormente e deu certo.

Sim, deu certo. Relembremos: Marco Aurélio era questionado, recuperou um grupo e conquistamos a Copa do Brasil de 2000. Felipão assumiria então, fazendo boa campanha no Brasileiro seguinte. Já Luxemburgo, assumiu em 2002, onde nem Alex conseguiu brilhar. Foi pedida sua cabeça, mas em decisão acertada, foi mantido e lhe deram um elenco qualificado para trabalhar. 2003 foi o ápice. Recentemente, Dorival Júnior plantou a semente da equipe vice-campeã da América com Adílson Batista. Até o próprio Cuca, que assumindo no meio de 2010, teve meia temporada para desenvolver o bom trabalho até o meio do ano seguinte.

Esses nomes tiveram um cenário em comum, que foi assumir em um período conturbado, ter um final de temporada perdida para “peneirar” o que ficaria já projetando o trabalho de montar uma boa equipe na temporada seguinte. Desenha-se como fórmula ideal para o Cruzeiro.

E aí Guerreiros, o que acham?

Antes de partir, reitero: além de 2012 não ter acabado ainda, não vai adiantar nada trocarmos de Roths, Batistas, Scolaris, se o elenco não for qualificado de forma decente, se não houver planejamento e alternativas dentro e fora de campo. Treinador não entra em campo para fazer gols, marcar atacantes, defender o gol. O elenco do Cruzeiro hoje é deficitário para não dizer outra coisa. Para 2013 ser melhor que 2012, é preciso uma diretoria comprometida, que busque mesmo em dificuldades, soluções para os problemas que virão. Planejamento sério e qualificação, ao invés de omissão, amadorismo e tampões. O Cruzeiro é muito maior do que apresenta hoje. A fase é de transição, mas essa não pode se tornar uma desculpa eterna.

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