Pseudo-Cruzeiro x Neymar


Salve Nação!

Não tenho raiva. Não tenho ódio. Se hoje pudesse traduzir meu sentimento de torcedor para tudo que envolve o Cruzeiro e essa fatídica fase, utilizaria apenas uma palavra: pena. Não desejo nenhum mal para qualquer um dos envolvidos do episódio de ontem, que ficará marcado para sempre na história do futebol. Na história do Cruzeiro, uma mancha. Na história do Santos, uma grandiosa vitória. Na história do Neymar, um dia que “deu vontade de chorar”.

Neste sábado, na Arena Independência, às 19h30min, Cruzeiro e Santos deveriam entrar em campo para apenas “cumprir tabela” na 34ª rodada do campeonato brasileiro. Mas não foi o que aconteceu – e foi melhor assim! Uma sonora goleada santista por 4 a 0, que simplesmente mudou todo o contexto da partida.

Um pouco de história primeiro. Cruzeiro e Santos já protagonizaram disputas memoráveis na história do futebol brasileiro e mundial. Sempre há uma sintonia entre o alvinegro praiano e a raposa mineira. Não precisamos entrar em maiores detalhes sobre a memorável conquista da Taça Brasil de 66, onde o Cruzeiro de Tostão foi o único time a parar o Santos de Pelé, com uma sonora goleada (6 a 2), ou então uma disputa mais recente, que envolvia um esquadrão celeste, campeão da tríplice coroa, contra uma geração famosa e conhecida de “meninos da Vila” e sua memorável dupla Robinho&Diego, decidindo ponto-a-ponto o campeonato Brasileiro de 2003 – quando novamente o time mineiro sairia com os louros da vitória. Voltando ao presente.

Infelizmente, ontem o Santos não teve adversário. Do outro lado do campo havia jogadores que não merecem vestir a camisa do Cruzeiro. E não merecem por vários motivos: porque são fracos tecnicamente, e isso nossa história não permite; porque não jogam com raça e com vontade, não precisam ser cruzeirenses de coração, bastam honrar o salário astronômico que ganham; porque nossa torcida não é qualquer uma, nossa torcida é exigente, chata, idiota e apaixonada.

Neymar merece ser aplaudido. É craque. Mas não só pelos lindos gols, dribles, assistências… e sim pelo favor que ele fez, de mostrar o que já estava evidente, mostrar que está tudo errado no Cruzeiro.

Não há mais espaço para a mediocridade no Cruzeiro. Não queremos “técnico para tentar salvar o ano”, não queremos “jogadores de confiança”, não queremos “esse que veio para somar ao grupo”. Queremos sim, jogar contra o Santos e ver o show de Neymar em campo, mas ao final dizer: “meu time GANHOU do Santos de Neymar”, assim como manda o nosso figurino.

Não há desculpas para 2013, presidente Gilvan. Os erros estão claros. Você montou a sua equipe interna, trouxe o Alexandre Mattos e um planejamento já deveria ter começado a ser feito. Não há segredos mais, sabemos que Alex não vem, sabemos que Roth não fica, sabemos que o interesse é em contar com Luxemburgo, mas que podemos acordar com um Marcelo Oliveira da vida. Na minha visão, você tem carta branca para fazer o que quiser em 2013. Mas esteja ciente de que, se não der certo, haverá cobrança e muita pressão. Não estamos acostumados com o que vivemos e, pra piorar, a situação do nosso arquirrival é boa, o que só vai complicar o seu trabalho. Uma dica: pense bem antes de deixar o ego falar mais alto. Hoje a ÚNICA coisa que resta ao Cruzeiro é a sua torcida apaixonada, pois até a camisa mais bonita do Brasil vocês conseguiram estragar.

E quanto ao jogo da noite de 3 de novembro de 2012, obrigado pela aula de futebol, carisma e dança Neymar. Você disse que agora o Cruzeiro é sua segunda casa e você tem essa credencial para jogar aqui. E fique tranquilo, pois tal como é no Santos, aqui você estaria em um lugar com uma história repleta de craques que ocuparam patamares iguais, ou até maiores, que você na história do futebol. A “verdadeira” camisa azul, com as 5 estrelas estampadas, cairia muito bem em você! A torcida celeste sabe reconhecer um craque e, por mais que alguns engraçadinhos tentem desdenhar do que fizemos hoje, novamente entramos pra história por algo positivo – reconhecimento – e isso nunca é demais!