Precisamos falar sobre Fred


Que ele não é ídolo do clube muitos já disseram, que é profissional e vai para onde fizerem a melhor proposta todo mundo sabe, que não estamos aqui para falar do Atlético-MG é uma obviedade que todos também conhecem. Mas a transação do atacante Fred, do Fluminense para o nosso maior rival local, precisa sim ser repercutida. Até porquê boa parte da nossa torcida pediu o retorno do atacante diversas vezes para a Toca da Raposa, algo que nunca aconteceu. E na iminência do clássico, que provavelmente marcará a estreia dele, justamente contra o Maior de Minas, é necessário falar de Fred.

Antes de mais nada, precisamos de um breve esclarecimento. Frederico Chaves Guedes não é e nunca foi cruzeirense. Isso é algo que afirmo categoricamente, por conhecer muito bem o seu passado e seu staff. E mesmo não sendo Gunther Schweitzer, reafirmo: se vocês soubessem a verdade, ficariam enojados. Indo para o aspecto prático da coisa: o Cruzeiro procurou Fred diversas vezes para que o atacante voltasse ao clube. E nem é questão de questionar a pouca capacidade da atual diretoria. Zezé Perrella, Eduardo Maluf e Alexandre Mattos são três representantes celestes, conhecidos por sua astúcia  em transações, que já saíram frustrados de reuniões com o jogador, seu assessor e seu agente/irmão.

É interessante lembrar de quando Fred estava saindo do Lyon, no final de 2008. O atacante veio passar férias no Brasil junto com o amigo Benzema, companheiro de time e hoje no Real Madrid. Recepcionado por diversos torcedores no aeroporto, ele iniciou o processo de “dar esperanças” aos cruzeirenses de que queria retornar. E foi se firmando como um ídolo do clube não pelo que jogou e conquistou no clube (foram brilhantes 71 jogos, 56 gols e nenhum título), mas pelas entrevistas e pela ótima gestão de imagem que sempre conseguiu fazer. Fred é inteligente e muito bem assessorado, sabe usar a imprensa como poucos. Portanto, relativize tudo o que ele faz, inclusive o fato de não comemorar gols contra o clube celeste. Desde 2013 ele mandou essa tradição pras cucuias, pois precisava fazer média com a torcida do Fluminense.

Voltando ao passado, ele não titubeou em largar o América-MG para a oportunidade em um time grande, como o Cruzeiro. Também não pensou duas vezes em largar a Toca da Raposa no meio do Brasileirão para rumar à França. E depois, não deixou a Europa porquê estava com saudades do Brasil, sim porquê não se firmou por lá. Após um bom início no Lyon, caiu em desgraça, sofreu com recorrentes lesões e foi para o banco de reservas. Em sua última temporada, fez 20 jogos e marcou 4 gols. Com propostas de Cruzeiro e Fluminense em mãos, em 2009, foi para onde havia o melhor negócio. E por lá permaneceu até 2016, quando sai novamente para a melhor alternativa econômica.

Isso mostra que é extremamente profissional. E ele está coberto de razão, futebol não é caridade. Cada um precisa cuidar dos próprios interesses. É o melhor finalizador do futebol brasileiro, já está na fase final da sua trajetória, cria problemas recorrentes com treinadores, diretores e torcida por ser temperamental… É um jogador cheio de prós e contras. Só acho engraçado torcedores do outro lado da lagoa dizerem que ele abriu mão de 800 mil mensais no Fluminense para ganhar “apenas” 500 mil em Minas Gerais. Muito mais palpável acreditar na apuração do jornalista Mauro Cézar Pereira, da ESPN Brasil, que traz informações de que os vencimentos do centroavante serão de 1 milhão de reais mensais. Para quem se notabilizou por cuidar de forma racional de sua carreira, faz muito mais sentido. Ou estou louco?

Juntar o clube do 6a1 com o centroavante que tomou o 7a1, é realmente uma baita jogada de marketing. Que tenha uma vida feliz, Fred, mas não do ponto de vista futebolístico. Um último desejo: que seu resto de carreira, seja um eterno looping de gols da Alemanha. Khendiria.

Por: Emerson Araujo