Porque ninguém tem paciência comigo?


A frase é do Chaves, mas pode se aplicar muito bem às indagações de Deivid. Afinal, o que se nota entre a torcida celeste atualmente é uma extrema falta de paciência para com as observações e experiências do atual treinador. A diretoria mantém o discurso de apoio irrestrito ao comandante, mas na prática a gente não consegue confiar nas falas embargadas de Gilvan e nos tweets de Vicintin. Todo mundo sabe que Deivid está na corda bamba e que os seis jogos disputados até o momento não agradaram ninguém. Foram 3 vitórias, 2 empates e 1 derrota, sendo que das três partidas realizadas no Mineirão, voltamos pra casa de cabeça inchada em duas, com empate frente à URT e derrota para o Fluminense, além da vitória magra contra o Tupi.

Está aí o primeiro motivo para a falta de paciência com Deivid. O time não consegue se impor efetivamente em casa. Tem mantido a posse de bola, a defesa não vem apresentando grandes problemas (exceção às aberrações do jogo contra o Flu, em que todo chute do adversário era gol), mas esse sofrimento para ganhar de qualquer adversário desgasta muito. A expectativa de todos, quando o treinador foi efetivado, era de que fosse mantido o esquema de jogo de Mano Menezes, que deu muito certo em 2015. Mas Deivid quis experimentar, os testes saíram pela culatra e ele queimou bons cartuchos de confiança junto a seus apoiadores.

A curto prazo, foi um erro estratégico. Mas pensando adiante, se ele idealizasse esse maldito tiki taka jogando na tática antiga, teria sempre a convicção de que esse esquema seria melhor, mesmo sem poder implementá-lo. Agora que o fez e (espero) viu que não rende, pode botar o time no bom e velho 4-3-3 do ano passado, uma forma de jogar que foi a diretriz para as contratações de janeiro. O plantel é talhado para jogar assim, Deivid quis ousar, inventar, “deixar sua marca”. Se ele parar de fazer isso, tem tudo para o time vingar por si só, pela qualidade que as peças tem. Outra coisa que irrita, sejamos sinceros, é o apoio que a imprensa vem dando a seu trabalho desde que o nome foi ventilado. Como jornalista, digo: essa raça não presta.

Voltando ao tiki taka, essa é a coisa que mais me irrita no nosso atual comandante. Primeiramente, essa estratégia deu certo durante um curto período de tempo, enquanto era visto como uma novidade. A partir do momento que os times viram como superar essa ideia de jogo (agradeçam a José Mourinho e sua Internazionale), o plano ruiu. Nem o Bayern de Guardiola e muito menos o Barcelona de Luis Enrique adotam tal estratagema, tendo muito mais talento à disposição. Deivid precisa se ligar de que o futebol é muito mais do que adequar um estilo de jogo e abraçá-lo até o fim. Não existe apenas uma forma de se jogar um bom futebol. E pra encerrar, qualquer comparação para com o time catalão terá meu completo repúdio. Lembram do barça das américas em 2011? Pois é, eu me lembro muito bem daquele pesadelo e como isso quase nos levou pro buraco.

Sei que é difícil ter paciência com esse treinador, mas é necessário. Se há uma coisa que ninguém pode negar é que as decisões precisam ser tomadas com convicção. Se efetivaram Deivid, que confiem em seu trabalho e que ele justifique esse voto de confiança. Enxerguei evoluções no time que venceu o Tricordiano e acho que um treinamento de finalização durante a semana faria muito bem para todos. Não devemos nos pautar pelo sucesso e muito menos pelo fracasso dos outros clubes. Se os outros estão goleando e nós não, dane-se. Se os outros também estão sofrendo, dane-se também. Nós somos Cruzeiro e é apenas com o rendimento do time dessas cinco estrelas no peito que devemos nos pautar.

Corneta de rodapé: O Sánchez Mino não é meio campista, tem que disputar posição com o Fabrício pela lateral esquerda. E o Ariel é titular desse time tranquilamente. Dá ritmo que vai vingar. Agora que cornetei, posso me despedir e assinar.

Por: Emerson Araujo