Por que Allano e Bruno Ramires jogam tanto?


Tenho certeza que você já se perguntou isso em algum momento. Porquê cargas d’água esses jogadores atuam pelo Cruzeiro, muitas vezes até como titulares? Podemos identificar quatro teorias que justifiquem as escalações, embora todas possam ser questionadas. Teimosia dos treinadores, cumprimento de funções táticas, falta de opções ou bons desempenhos nos treinamentos? Analisemos os indícios e escolha sua preferida.

O torcedor brasileiro, tão acostumado a por a culpa no técnico de todos os insucessos, gosta muito de apontar para a teimosia dos treinadores logo de cara. Será mesmo? Analisando o ‘caso Allano’, vamos ver. O jogador foi promovido ao plantel principal por Vanderlei Luxemburgo, no ano passado. Fez alguns jogos como titular, atuando relativamente bem em algumas ocasiões, sendo desastroso em outras. Reapareceu como titular na partida contra a Ponte Preta, momento de transição de Luxa para Mano, em que Deivid foi o treinador. Boa vitória e Allano mantido, sendo titular de Mano Menezes na meia esquerda. Só saiu do time por lesão.

Em 2016, jogou mais vezes improvisado na lateral que no meio. E novamente oscilou, tendo exibições ruins e outras boas (no clássico, entrou muito bem). É um atleta que tem jogado independente do treinador, o que descarta essa questão de teimosia. Afinal, quatro treinadores terem a mesma teimosia é estranho. Defendo que Allano é um jogador tecnicamente fraco, mas muito voluntarioso. Trocando em miúdos, ele tenta fazer as coisas corretamente, mas não consegue. Taticamente é obediente e, provavelmente, treine bem (ninguém acompanha integralmente). Tendo opções melhores, dificilmente será lembrado, mas enquanto isso… Conseguir um empréstimo para algum clube onde ele vá jogar regularmente seria ótimo. Assim veremos se ele consegue evoluir.

O outro caso de muito questionamento é Bruno Ramires. Promovido por Marcelo Oliveira, no início de 2015, pouco jogou com o treinador, situação semelhante com Luxa, Mano e Deivid. Se tornou um titular com Paulo Bento, que parece gostar do estilo de jogo de passadas largas do volante. No quesito teimosia, podemos atribuir que o português tem sido insistente demais com o volante. Entretanto, se olharmos para os desfalques do time no setor, vemos que Bento não teve muitas alternativas. Henrique, Robinho, Marcos Vinícius e Marciel são concorrentes do setor que não estiveram disponíveis por lesão. A briga então era com Ariel e Gino.

Sobre Gino nem há o que dizer, né. O cara é fraco demais, ninguém entendeu a contratação até agora. Ariel fez um bom ano de 2015, mas não se achou esse ano. Tem muito o que provar para merecer uma vaga entre os titulares. Em um cenário de sonhos, com todo o time jogando em seu melhor nível, esse meio-campo celeste será formado por Henrique, Lucas Romero e Robinho. Bruno Ramires será um mero reserva. Caso Bento insista com o atleta tendo nomes bem melhores disponíveis, aí sim podemos decretar: é cabeça dura do português. Obviamente, o jogador treina bem (e sejamos justos, faz alguns bons jogos). Ainda não conseguiu se estabelecer com regularidade, oscilando muito. Natural para alguém tão jovem e que só agora recebe oportunidades no profissional.

Ambos são jogadores muito obedientes. Tentam sempre seguir as orientações do treinador, e mesmo não tendo grande nível técnico, ganham pontos por isso. São “bons funcionários”, jogam improvisados nas laterais quando necessário, tem utilidade no grupo. Precisamos de gente melhor para brigar por títulos, mas será que são tão inúteis e dispensáveis assim nesse momento de transição? A pergunta fica pra você. Mas uma certeza eu tenho. Vaiar o jogador quando vê o nome dele na escalação ou até quando faz gol, não vai ajudar em nada.

Foto: Washington Alves / Lightpress

Por: Emerson Araujo