Perrella propõe projeto para demissão de “presidente”


Separar o futebol da parte administrativa e social do clube é o desafio proposto pelo presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, eleito para o triênio 2009/2011.

De volta à presidência celeste, cargo que ocupou de 1995 a 2002, o dirigente quer implantar um projeto ousado, fora dos padrões brasileiros, no qual criaria a figura do “presidente de futebol”, um executivo remunerado, que pode ser demitido, caso não produza bons resultados.

“Se ele for mal (o ‘presidente de futebol’), troca-se o presidente, como se troca de treinador, como se troca um jogador. É um dos motivos que me fez aceitar voltar (à presidência do Cruzeiro)”, observou Zezé Perrella.

Segundo o dirigente, o modelo evita que o clube fique refém de maus administradores. “Não podemos ficar reféns de ter um presidente competente amanhã, com o clube bem, e, depois, se entrar um não muito competente, o clube mal. Funciona assim nos clubes. Um clube hoje é muito refém da diretoria”, ressaltou.

Antes mesmo de ser eleito presidente, Perrella disse que um dos motivos que o fez pleitear novamente o cargo foi a vontade de pôr a idéia em prática. “Nós temos de ter um Conselho de Administração, formado por três ou cinco grandes cruzeirenses, que vão ingerir no futebol, vão dar o orçamento para o presidente administrar”, explicou.

Para a criação de um Conselho de Administração é necessária a apreciação do Conselho Deliberativo do clube. O formato desse novo conselho, que ficaria responsável pela contratação do “presidente de futebol”, a composição de seus membros e os trâmites legais precisariam ainda ser debatidos.

Perrella não estipulou prazos para a implantação do projeto. “É um modelo que nós temos tempo para cuidar, tenho esses três anos para fazer essa transição. É um modelo que eu acho que dá certo, depende obviamente dos meus pares”, avaliou.

O gestor contratado para tomar conta do futebol do Cruzeiro, além de seu salário mensal, teria um orçamento anual, em milhões, para administrar, entre outras coisas, a contratação de jogadores e profissionais da área. O objetivo é aperfeiçoar o desempenho da equipe em campo e, conseqüentemente, aumentar a galeria de títulos do clube.

“Você não pode ficar na dependência de dar sorte, e ter um bom dirigente, ou dar azar de ter um ruim. Você tem que ter um modelo de gestão e o presidente possa ser contratado no mercado”, explicou Perrella.

A preocupação em aproximar o Cruzeiro de uma gestão empresarial pode ser justificada pelo receio dos Perrellas de deixarem a administração do clube futuramente. Como o mandato de Zezé Perrella vai até o final de 2011, a família completará 16 anos no posto. Se conseguir implantar a idéia do “presidente de futebol”, o dirigente pode deixar o cargo antes do fim do mandato.

A meta do presidente celeste não é transformar o clube em empresa e a figura do presidente, eleito a cada três anos, a princípio, não desapareceria. O presidente poderia, por exemplo, compor o Conselho de Administração, que escolherá o executivo remunerado.

Fonte: Pele.Net