Perder é do jogo. Como ontem, não


Existem formas e formas de se perder um jogo. Até mesmo de ser eliminado de uma competição. Como os românticos costumam dizer, é possível “cair de pé”. No duelo contra o Grêmio, o Cruzeiro foi patético em todos os aspectos imagináveis. Todos os jogadores que entraram em campo tiveram desempenho aquém do esperado. Não vou me arriscar a dizer que foi a pior atuação do time no ano, já que a coleção de decepções parece interminável. Mas é inadmissível um time profissional fazer um jogo tão apagado, perdido, zonzo, sem apresentar um mínimo de qualidade ou indignação com o revés.

Te convido a assistir os melhores momentos das duas partidas semifinais de ontem. O Internacional sucumbiu no Beira Rio a um adversário que foi tão prolífico nas conclusões quanto o Grêmio, no Mineirão. Mas o Inter criou diversas ocasiões. Poderia tranquilamente ter marcado uns 5 gols na partida. Foram três bolas raspando a trave e algumas defesas do goleiro adversário. Já o Cruzeiro no Mineirão fez o quê? Absolutamente nada. E por mais que adiante muito pouco ficar apontando culpados, a diretoria tem obrigação de lembrar muito bem desse jogo na hora de planejar o próximo ano.

Vale ressaltar Mano Menezes e seus equívocos imperdoáveis. Voltando no tempo um mês, o Cruzeiro teve um péssimo momento, com 4 jogos sem vitória no Brasileiro. A linha de meias era formada por Robinho, pela direita, Arrascaeta, centralizado, e Sobis na esquerda. O time não caminhava. Mano mudou a estrutura, colocando Rafinha na vaga de Arrascaeta e mudando a configuração do time, usando Robinho como organizador, Sobis no flanco direito e Rafinha no lado oposto. Contra o Corinthians, Rafinha se lesionou e Arrascaeta entrou pela esquerda. Não há dúvidas de que o uruguaio acabou com o jogo.

Ontem, Mano escalou o time da mesma maneira infrutífera que fazia há algumas rodadas. Num jogo decisivo, em casa, com bons nomes disponíveis, não é hora de mexer na estrutura do time. É muito egocêntrico querer dar banho, nó, ou qualquer outro termo tático que queira. Veja bem, Renato Gaúcho é um treinador boleiro, aquele que se debruça muito mais no aspecto psicológico e motivacional do que no tático. E isso foi suficiente para nos vencer, o que mostra o quanto nosso time atual é pobre e irregular. As mexidas tentadas durante o jogo também não produziram nada, mas Alisson de ala direita e Alex (que não pisava em campo desde o início de julho) foram tão bizarras que pareceram surpreender até os próprios jogadores.

Foi apenas mais um jogo daqueles que parecem ter um roteiro macabro e muito bem programado. Vai me dizer que o jogo de ontem não foi muito parecido com a eliminação para o São Paulo, na Libertadores de 2010? Um gol bobo sofrido no primeiro tempo, time perdido e um tento de misericórdia no segundo, feito até com similaridades. A impressão final é que se a partida tivesse 900 minutos, o Cruzeiro não faria um gol. Com o plus de não acertar sequer uma finalização na meta de Marcelo Grohe.

Foi ridículo, inaceitável e os 53 mil presentes no Mineirão tem motivos de sobra para vaiar e cobrar um mínimo de decência desses atletas. E os caras foram poupados contra o Vitória, hein? O que suplanta aquela muleta, já corriqueira, de que os atletas estavam cansados. Portanto, ninguém quer desculpas ou conversa fiada para o trabalho porco realizado na noite desta quarta-feira. Façam logo os pontos necessários para nos garantir na Série A e comecem a honrar minimamente nossa camisa e os gordos holerites que ostentam.

Por: Emerson Araujo