Paulo Bento é o cara certo no lugar certo!


Fui até Confins na chegada de Paulo Bento para gravar alguns áudios para a Radio GDG. Enquanto esperava sua chegada, outro cara esperava seu amigo, que estava no mesmo vôo do português. Este me contou que o treinador e sua comissão passaram praticamente o trajeto inteiro assistindo a jogos do Maior de Minas, conhecendo o material humano que iriam comandar. Paulo vem tendo um início de trabalho razoavelmente animador à frente do Cruzeiro. Não tanto pelos resultados obtidos, mas, principalmente, pelo planejamento futuro. Apesar do começo de campeonato com números de Z4, o Cruzeiro ganhou bastante consistência em sua forma de jogar, e em pouco tempo. Isso é notório.

Gostei bastante de um comentário que li – ou ouvi, não me lembro muito bem – dizendo que Paulo Bento não era uma aposta, mas sim uma novidade. De fato, foi uma contratação muito bem pensada. Um profissional com experiência e bons trabalhos em clube e seleção, além do facilitador do idioma, já que o mercado brasileiro de treinadores está fraco, e um sul americano não seria tanta certeza assim. Desde então venho observando mais a fundo o trabalho do comandante celeste, e passei a concordar cada dia mais com essa tese.

Com o passar do tempo, vamos conhecendo um pouco mais o estilo do português. Meu amigo João Henrique Castro, que também escreve para este portal e morou algum tempo em Portugal, disse certa vez, em conversas nos bastidores, que os portugueses são bastante diretos, e que certas vezes isso poderia parecer grosseria, na visão dos brasileiros. Podemos perceber esse estilo no Paulo em suas entrevistas.

Em sua chegada, me pareceu ser um profissional, na concepção da palavra. Perfil de comandante sério, que tem suas convicções, sendo bastante transparente com seus atletas. Ilustrando o que digo, me lembro de uma entrevista do treinador dizendo que sua forma de comando deixaria os jogadores a vontade para conversar e que eles sentiriam no dia-a-dia a evolução, entendendo, ao final, os métodos traçados por ele.

paulo

O que está claro para mim, neste momento, é que o Cruzeiro precisava do Paulo Bento e vice-versa. Deivid poderia até ser bem intencionado, com boas teorias, boa relação com os atletas. Porém, a amizade deve ser dosada em um ambiente de trabalho para que os jogadores não se acomodem e os resultados apareçam. Querendo ou não, um chefe bonzinho demais não extrai o máximo de seus comandados. Há de se ter bom ambiente, mas, acima de tudo, também é necessário o comprometimento com o trabalho e com os resultados.

Houve especulação recente que o mesmo clube que tirou Mano Menezes do Cruzeiro, o Shandong Luneng, também tentou contratar o recém chegado português. Mas o treinador não aceitou ouvir a proposta. Podemos perceber uma ética raramente existente no futebol brasileiro. Outro bom exemplo foi o episódio do fair play, quando o treinador se revoltou com o cai cai do time americano, chegando a ser expulso após discutir com o então treinador americano, Givanildo Oliveira. A ética que nos falta, a exemplo do próprio Mano, encontramos em nosso novo comandante.

Paulo Bento, em entrevista recente, disse que o Cruzeiro é seu maior desafio na carreira (o treinador comandou apenas um clube – Sporting/POR – além da seleção de seu país). É um novo ambiente, nova cultura e novos problemas que o treinador terá que lidar diariamente. O cidadão europeu, em geral, não admite certos “jeitinhos” que os brasileiros estão acostumados, e isso deve fazer crescer a relação Paulo Bento/Cruzeiro. Ambos saem ganhando.

Por: Luciano Batista