Papo 5 Estrelas – O título invicto da Copa do Brasil de 2000


Quais são as emoções que uma competição Mata-Mata pode dar aos amantes de futebol? Essa pergunta é respondida anualmente, jogo após jogo em uma competição de Copa. Independente do time, cada torcedor já se emocionou, ao menos uma vez, em uma competição com esse estilo. Disputas de pênalti, gols decisivos nos últimos minutos, aperto, sufoco, pressão, emoção e alegria… são inúmeras as sensações proporcionadas. Diante disso, o Papo 5 estrelas número cinco contará um pouco da trajetória do fantástico título da Copa do Brasil de 2000.

O caminho até a final

O Cruzeiro disputou a Copa desde sua primeira fase. Uma caminhada gloriosa e vitoriosa; que começou no dia 9 de março, contra a Sociedade Esportiva do Gama (5 a 2 no agregado) e se encerrou no dia 9 de julho, contra o São Paulo em um jogo espetacular, no Mineirão.

A competição foi disputada por 69 times de todos os cantos do país; equipes dos norte, sul, leste e oeste que tinham um objetivo em comum: Vencer a competição mais emocionante do país.

Na primeira fase da competição, a Raposa passou com facilidade por três times: Gama, Paraná e Caxias. Já na fase seguinte, o Cruzeiro enfrentou Atlético-PR (4×3),  Botafogo (3×2), e o Santos (4×2), até chegar a final, e; de maneira surpreendente, mostrou autoridade sem perder um jogo sequer; e a partir desse momento, o Brasil passava a temer novamente o Copeiro Cruzeiro, conhecido merecidamente hoje, como “Rei de Copas”.

Menção honrosa: O incrível gol de Oséas contra o Atlético Paranaense

Créditos: http://picdeer.com/copeiro_celeste

A grande final

Em 9 de Julho de 2000, cerca de 90 mil torcedores das arquibancadas do Mineirão, e mais 8 milhões de cruzeirenses espalhados pelo mundo, viram a mágica acontecer… e novamente, o Brasil inteiro se curvou perante à imensurável grandeza do Cruzeiro Esporte Clube.

O favorito era sem sombra de dúvidas o São Paulo. Vivia melhor fase, possuía um melhor elenco, e os talentos individuais se destacavam mais; fazendo com que o Brasil inteiro apontasse o São Paulo como ligeiro favorito para levantar a taça.

Para a tristeza dos paulistas, do outro lado se encontrava uma equipe taticamente muito bem montado pelo atual técnico Marco Aurélio; e mesmo sem tantos talentos individuais, contava com a raça de um equipe determinada a superar as mágoas passadas; independente do adversário. A equipe mineira apostava em nomes como; Sorín, Ricardinho, Fábio Júnior, Oséas e Geovanni para neutralizar a forte equipe tricolor, custe o que custar.

O primeiro jogo entre as equipes finalistas terminou sem gols, mas com emoção até o final. Bolas na trave, defesas espetaculares e confusões marcaram o jogo no Morumbi, em São Paulo. Um amargo 0 a 0 levava a decisão para o Mineirão. Para o Cruzeiro, uma vitória por qualquer placar bastava, já para os paulistas, um empate com gols era o suficiente para levar o caneco para casa.

O dramático jogo em Belo Horizonte

No jogo da volta, em Belo Horizonte, a atmosfera não poderia ser melhor para a equipe celeste. 85.841 cruzeirenses lotavam o Gigante da Pampulha para apoiar a raposa durante os 90 minutos de jogo.

Na primeira etapa, o São Paulo percebeu um Cruzeiro muito ofensivo; jogando na base da abafada, pressão constante e com o apoio de milhares de apitos soprados da arquibancada a cada toque na bola da equipe paulista. O jogo era tenso, e com apenas 18 minutos de bola rolando, o árbitro da partida, Carlos Eugênio Simon já havia mostrado quatro cartões amarelos.

Os primeiros 45 minutos terminaram em 0 a 0, e a apreensão nitidamente tomou conta do estádio. O que já era ruim, ficou ainda pior aos 21 minutos do segundo tempo, quando Marcelinho Paraíba encobriu a barreira e o goleiro André em uma cobrança mágica de falta.

Com isso, o técnico Marco Aurélio foi para a sua última cartada, mandando o Cruzeiro para o tudo ou nada quando tirou os dois laterais e colocou um atacante (Fábio Júnior) e o meia Viveros.

Estaria tudo perdido para a brava equipe celeste?

Obviamente, não. A equipe de guerreiros estrelados não se abalou com o gol sofrido, não poderiam desapontar milhares de corações que pulsavam ao seu favor; e milhares de vozes que cantavam por eles. Aos 34 minutos da segunda etapa, o iluminado Fábio Júnior, que veio do banco; empatou para a raposa numa bela jogada do ataque Cruzeirense, fazendo o Mineirão pulsar novamente. Faltavam 11 minutos para o fim do jogo, e o Cruzeiro se atirou de vez para o ataque; só um gol salvaria a brava equipe celeste.

Já estávamos a poucos minutos do final, e o título se aproximava cada vez mais do tricolor paulista. Até que; aos 43 minutos da fase final, Giovanni se aproveitou da falha da zaga São Paulina para roubar uma bola à poucos metros da grande área; desesperado em parar o lance, Rogério Pinheiro não teve escolha e cometeu a falta; Simon não exitou e expulsou o jogador do clube Paulista… Essa era a chance da raposa, ou fazia o gol, ou dava adeus ao título.

Giovanni se preparando para a cobrança de falta

O relógio já marcava 45 minutos quando a barreira começou a ser formada muito próximo a bola, o que gerou enorme indignação aos jogadores celestes. Muita catimba e malícia São Paulina atrasaram a cobrança de falta. Quando tudo se normalizou, Müller gritou para Geovanni encher o pé; e enquanto isso, Donizete se posicionava do lado da barreira paulista para realizar uma enorme artimanha; um empurrãozinho para desestabilizar os jogadores na barreira, favorecendo a cobrança da falta.

Geovanni partiu para a bola, encheu o pé, a bola passou no meio da barreira e foi morrer no fundo das redes de Rogério Ceni. O Mineirão veio a baixo; loucura total nas arquibancadas com o gol que daria o título ao Maior de Minas.

Sem dúvida a final Copa do Brasil de 2000 foi uma das mais emocionantes da história. De um lado, a tristeza e desespero paulista; do outro, a alegria, emoção e insanidade tomavam conta dos mineiros. Sendo assim, após todo o magnífico enredo proporcionado pelos Deuses da bola; o Cruzeiro se tornava Tri-Campeão da Copa do Brasil!

Por: Guilherme de Carvalho Alves