Organizadas do Cruzeiro: que tal protestar mais?


Salve, China Azul! A classificação veio, e até com sobras. O Cruzeiro dependia apenas de si, mas contou com uma derrota improvável do Huracán para garantir passagem à próxima fase. O placar de 2×0, construído no Mineirão, serviu para garantirmos a liderança do grupo, com 11 pontos. Mas o detalhe que mais me chamou a atenção, na última terça-feira, não estava dentro de campo. Quer dizer, até certa altura do jogo estava. Vou explicar-lhes adiante.

As torcidas organizadas do Cruzeiro, em ato de protesto, foram à frente da sede administrativa do clube, após a eliminação no Campeonato Mineiro. Entre as principais pautas do protesto estavam a falta de suporte do clube à suas torcidas, na questão da imposição de diversos (e ridículos) pontos, por parte da Minas Arena, a contratação de reforços, principalmente, para o meio-campo e o alto valor praticado nos ingressos, até em jogos de menor importância. Protesto totalmente válido. Mas será que foi realizado no momento certo?

Entramos em campo para o jogo mais importante do ano, onde vencer era essencial. E no momento onde os maiores representantes da China Azul deveriam se mostrar fechados com o Cruzeiro, eles se mostraram fechados consigo mesmo. Reforço a importância de cada uma dessas pautas, mas ressalto que hoje elas ainda continuam valendo, ou seja, eles poderiam ter deixado para protestar após esta decisão.

O mais intrigante é que, exatamente neste jogo importante, eles resolvem se unir para protestar, mais uma vez. O objetivo era entrar apenas com 30 minutos de partida, com o intuito de mostrar a falta que uma torcida faz no apoio ao time. Infelizmente (para eles), o tiro saiu pela culatra. Houve um princípio de vaias ao Willian e ao Marcelo Oliveira, é verdade, mas prontamente a maioria começou a abafar, apoiando o clube de uma forma não vista neste ano. A China Azul estava insana! O Mineirão não parou de cantar; uníssono, vibrante, impactante. Eu, da minha casa, a 420 quilômetros de distância, estava me sentindo lá dentro, participando da festa.

Quando ouviram o barulho da torcida de fora do estádio, percebendo que não estavam fazendo a menor falta, as torcidas organizadas resolveram voltar, cerca de 20 minutos antes do previsto. Foi nítido, perceptível. Ninguém precisou me contar que elas entraram, porque se percebeu a mudança da reação da torcida. Uma puxava uma música, a outra puxava outra, e uma só ficava se preocupando em gritar para ela mesma. Discordância total! Parece uma pequena guerra, onde uma quer ser melhor que a outra. E nisso, a nossa torcida, outrora insana, perdeu força novamente, a ponto de, em alguns momentos da partida, ouvirmos apenas o barulho da bateria (não me perguntem qual, já que uma atropelava a outra).

Enquanto o foco principal envolver lucratividade e mídia, em detrimento do objetivo maior, que é apoiar o Cruzeiro, jogaremos com torcidas divididas dentro da nossa própria casa. Espero que ontem o chamado “torcedor comum” tenha dado uma lição nos principais dirigentes das organizadas, e que elas possam se unir em prol do Cruzeiro.

Reitero que a minha posição não é contra o protesto; acho um absurdo a Minas Arena querer moldar a nossa forma de torcer, não compactuo com a posição, por vezes, arrogante da diretoria, em não admitir a importância de um diretor de futebol, e acho que fomos bonzinhos demais com a Federação e a imprensa que, claramente, tentaram nos prejudicar. Só que, apesar de tudo isto, devemos entrar em campo junto com o time e lutar por ele, enquanto pudermos. Vamos protestar sim, mas não durante os 90 minutos que a equipe estiver em campo.

Vamos ser mais Cruzeiro, e menos torcida organizada!

Saudações celestes!

Por: Pedro Henrique Paraíso